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STF garante benefício do INSS a mulheres vítimas de violência doméstica durante afastamento do trabalho

Com o entendimento, a Corte reconhece que a proteção à mulher em situação de violência deve incluir segurança financeira, garantindo condições mínimas para a retomada da vida pessoal e profissional.
Eliseu Lins, da Agência NE9
18 de dezembro de 2025 - às 06:42
Atualizado 18 de dezembro de 2025 - às 06:42
3 min de leitura

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, assegurar que mulheres vítimas de violência doméstica tenham direito a benefícios previdenciários ou assistenciais quando precisarem se afastar do trabalho para se recuperar das agressões.

A decisão, publicada na última terça-feira (16), valida dispositivos da Lei Maria da Penha e fortalece a rede de proteção social às vítimas.

Com o entendimento, a Corte reconhece que a proteção à mulher em situação de violência deve incluir segurança financeira, garantindo condições mínimas para a retomada da vida pessoal e profissional.

fachada do STF
STF foto Divulgação

O que diz a decisão do STF

  • A manutenção do vínculo empregatício por até seis meses deve ser assegurada à mulher vítima de violência doméstica
  • Durante o afastamento, a mulher terá direito a benefício previdenciário ou assistencial, conforme sua situação junto ao INSS
  • A decisão reforça a aplicação prática da Lei Maria da Penha, ampliando sua efetividade social

Como funciona o benefício, segundo o vínculo com o INSS

Mulheres seguradas do INSS

  • Abrange empregadas, contribuintes individuais, facultativas e seguradas especiais
  • Os primeiros 15 dias de afastamento são pagos pelo empregador
  • O período restante é custeado pelo INSS

Contribuintes sem vínculo empregatício

  • Mulheres que contribuem para o INSS, mas não possuem vínculo formal de emprego
  • O benefício é pago integralmente pelo INSS

Mulheres não seguradas

  • Têm direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC)
  • A Justiça deverá comprovar que a vítima não possui outros meios de subsistência

Papel da Justiça no acesso ao benefício

De acordo com a decisão, a requisição do benefício deverá ser feita pelo juiz criminal responsável pela análise das medidas protetivas, já previstas na Lei Maria da Penha. Isso garante mais agilidade e integração entre a proteção judicial e o acesso aos direitos sociais.

O STF também definiu que cabe à Justiça Federal julgar ações regressivas para que o Estado possa cobrar dos agressores os valores pagos pelo INSS às vítimas.

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Importância da decisão para a sociedade

A medida é considerada um avanço significativo na proteção dos direitos das mulheres. Entre os principais impactos, destacam-se:

  • Proteção financeira para mulheres em situação de extrema vulnerabilidade
  • Redução da dependência econômica em relação ao agressor
  • Fortalecimento da Lei Maria da Penha, com aplicação mais efetiva
  • Garantia de dignidade e autonomia durante o período de recuperação
  • Responsabilização do agressor, inclusive no aspecto financeiro

Portanto, ao assegurar renda durante o afastamento do trabalho, o STF reforça que o enfrentamento à violência doméstica deve ir além das medidas penais, incorporando políticas de proteção social e econômica como parte essencial do combate à violência contra a mulher.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.