Um estado do Nordeste terá um investimento considerável em combustível limpo. E é o Rio Grande do Norte, que está em plena expansão no campo do Hidrogênio Verde (H2V). Ao mesmo tempo, pelo menos seis projetos estão em desenvolvimento. Dessa forma, prometem atrair investimentos bilionários nos próximos anos.
De acordo com informações da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec), esses projetos têm potencial de gerar um total de US$ 20 bilhões em investimentos, ou cerca de R$ 111 bilhões na cotação atual, caso sejam concretizados. A expectativa é que esses projetos no RN gerem cerca de 5 GW de energia.
Três projetos já estão andando
Entre os seis projetos, três já estão em fase de licenciamento ambiental, enquanto o Estado trabalha para viabilizar o Porto-Indústria, que será crucial para o escoamento da produção de H2V.
Na região Nordeste, os investimentos previstos no setor de Hidrogênio Verde podem chegar a impressionantes US$ 90 bilhões. Esses números elevados refletem a complexidade e os altos custos envolvidos na produção de H2V, que utiliza fontes renováveis, como energia eólica e solar.
Esse processo exige não só a infraestrutura necessária para a produção, mas também para o armazenamento e transporte.
RN já é o 1º do Brasil em energia eólica
O Rio Grande do Norte, que já é o maior produtor de energia eólica do Brasil, está à frente na corrida pela liderança nacional na produção de H2V.
Um dos principais projetos em andamento no Estado é o Complexo Industrial Alto dos Ventos, em Macau, destacado pela CNI.
Com investimento estimado em US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 12,9 bilhões), este projeto envolve a alemã Nordex e sua acionista espanhola Acciona, em uma área de 10 hectares, e terá uma capacidade de produção de 1 GW de hidrogênio verde.
Vários estados do Nordeste miram o Hidrogênio Verde
O estudo da CNI, intitulado “Hidrogênio Sustentável: Perspectivas para o Desenvolvimento e Potencial para a Indústria Brasileira”, mostra que o Brasil, e especialmente a região Nordeste, tem acelerado a implantação de projetos voltados para o hidrogênio de baixo carbono.
O Ceará, por exemplo, lidera com 27 projetos em desenvolvimento. Além do RN, outros estados como Piauí, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul também estão se posicionando nesse mercado.
Atualmente, três dos projetos em fase de licenciamento ambiental no RN estão localizados em cidades como Areia Branca, Macau e Pedra Grande. De acordo com o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico do Estado, Hugo Fonseca, esses empreendimentos buscam explorar as melhores áreas potenciais para a produção de hidrogênio.
Contudo, o governo está focado em atrair investidores e viabilizar o escoamento da produção por meio do Porto-Indústria. No entanto, detalhes dos projetos permanecem confidenciais devido a acordos de sigilo.
A CNI listou cinco desses projetos em seu estudo, embora alguns ainda estejam em fase de acordos preliminares ou memorandos de entendimento, o que impede a divulgação de informações mais específicas. Entre os nomes citados estão Neoenergia, Enterprize, EFR/IER/SUNSTO e Maturati Participações, todos com intenções de investir na produção de Hidrogênio Verde no Rio Grande do Norte.
Sobre o potencial da cadeia do H2V no RN
- Condições favoráveis no RN:
O diretor regional do Senai-RN, Rodrigo Mello, avalia que o Rio Grande do Norte tem as condições ideais para fornecer mão de obra qualificada no setor de Hidrogênio Verde (H2V). - Energia e recursos naturais:
O Estado conta com um grande volume de energia de fontes renováveis e também com disponibilidade de água, recursos essenciais para o desenvolvimento do H2V. - Marco Legal aprovado:
O Congresso aprovou o Marco Legal para a produção de hidrogênio, trazendo definições e abrindo caminho para a regulação do mercado de produção de hidrogênio no Brasil. - Regulação local:
A Assembleia Legislativa do RN (ALRN) está desenvolvendo um projeto de regulação para o ambiente de produção de H2V no Estado. - Matéria-prima abundante:
O RN tem excelente disponibilidade dos principais insumos para a produção de H2V: água e energia renovável. - Centro de Excelência:
Em fevereiro deste ano, foi inaugurado o primeiro “Centro de Excelência em Formação Profissional para Hidrogênio Verde” do Brasil, que ensina, em condições reais de operação, desde a geração de energias renováveis até a produção e aplicação prática do hidrogênio verde.
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Sobre o Porto Indústria Verde do RN
- Avanço nas discussões sobre o Porto-Indústria Verde:
Nos últimos meses, as negociações para a construção do Porto-Indústria Verde do Rio Grande do Norte avançaram significativamente, com a área já definida entre Caiçara do Norte e Galinhos. - Solicitação de autorização e licenciamento:
A princípio, o Estado solicitou autorização junto ao Ministério dos Portos e Aeroportos, iniciando o processo de licenciamento para viabilizar o projeto. - Investimento previsto:
O Porto-Indústria Verde receberá um investimento de R$ 5,6 bilhões, sendo desenvolvido no modelo de Parceria Público-Privada (PPP) em uma área de 13 mil hectares. O Estado busca apoio financeiro da União. - Parcerias e cooperação:
Ao mesmo tempo, um termo de cooperação foi assinado com o BNDES e uma parceria está sendo negociada com o Ministério dos Portos e Aeroportos para o repasse de recursos financeiros, fundamentais para o licenciamento ambiental. - Custo do licenciamento ambiental:
O processo de licenciamento ambiental, que inclui estudos como o EIA/Rima, exige uma série de análises complementares, com custos estimados em R$ 12 milhões. - Importância para o setor de energias renováveis:
Com o crescente potencial do RN para energias renováveis e produção de Hidrogênio Verde, o Porto-Indústria será crucial para a fabricação de produtos verdes, garantindo competitividade ao Estado nas próximas décadas. - Previsão de início das operações:
A expectativa é que as atividades do Porto-Indústria comecem por volta de 2030.
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