Início » Economia » Estado do Nordeste lança Força-Tarefa contra o tarifaço

Economia

Estado do Nordeste lança Força-Tarefa contra o tarifaço

O Ceará se mobiliza em uma força-tarefa para evitar que a guerra comercial internacional cause estragos no mercado interno.
Redação, da Agência NE9
5 de setembro de 2025 - às 01:06
Atualizado 5 de setembro de 2025 - às 01:06
4 min de leitura

Em um movimento decisivo para proteger sua economia dos impactos das altas tarifas impostas pelos Estados Unidos, o Governo do Ceará está acelerando uma série de medidas de apoio aos empresários e trabalhadores locais. A situação, classificada como de “emergência” por decreto, mobiliza o estado em uma força-tarefa para evitar que a guerra comercial internacional cause estragos no mercado interno.

A princípio, a principal ação em curso é um edital de apoio direto a empresas de produção de alimentos. O estado vai comprar produtos como mel, castanha, filé de peixe, água de coco e cajuína daqueles exportadores que comprovarem uma queda nas vendas para o mercado americano. O edital, uma linha crucial de socorro, está com as inscrições abertas apenas até esta sexta-feira, 5 de setembro de 2025.

Como o Ceará encarou o tarifaço com uma resposta imediata

Ao mesmo tempo, a base legal para essa e outras ações é o Decreto nº 36.828, assinado pelo governador Elmano de Freitas na quinta-feira (4). Assim, o documento é claro ao “reconhecer, para todos os fins legais, a situação de emergência” provocada pelo tarifaço. O objetivo é agilizar a burocracia e facilitar a coordenação de um plano de defesa para amortecer o golpe sofrido pelas empresas cearenses.

A medida é mais do que necessária. O Ceará é o estado brasileiro mais dependente dos EUA como destino de suas exportações, com mais de 44% de seus produtos vendidos para lá. O problema é que a grande maioria desses produtos não conseguiu escapar das novas taxas.

Por que o Ceará é tão impactado pelo tarifaço?

Os Estados Unidos anunciaram um pacote de sobretaxas de 50% para uma série de produtos brasileiros, uma das medidas mais agressivas na guerra comercial promovida pelo presidente Donald Trump. No entanto, concederam algumas exceções. Foi aí que o Ceará saiu em desvantagem: mais de 90% de sua pauta exportadora para os americanos não foi contemplada pelas exceções e segue facing a tarifa máxima.

A tabela abaixo ilustra a dimensão do desafio para os principais produtos cearenses:

ProdutoSituação perante o Decreto AmericanoImpacto da Tarifa de 50%
Pás EólicasNão Contemplado pela exceçãoAlto impacto na competitividade
Caju e DerivadosParcialmente ContempladoImpacto severo em produtos como cajuína
Frutas (Melão, Manga)Parcialmente ContempladoImpacto variável por tipo de fruta
Pescados (Filé de Peixe)Não Contemplado pela exceçãoPerda grave de competitividade
Produtos SiderúrgicosNão Contemplado pela exceçãoImpacto direto no setor industrial

LEIA MAIS – Alckmin garante apoio a exportadores afetados por tarifaço de Trump

A força-tarefa e o contexto maior das sanções

Vale contextualizar que o “tarifaço” é apenas uma face de uma pressão maior do governo Trump contra o Brasil. As medidas incluem desde investigações comerciais sobre sistemas de pagamento como o Pix até sanções financeiras diretas contra autoridades brasileiras, notadamente o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Conteiners para exportação em porto
Conteiners para exportação foto Yosmar Rosa

O cerne do conflito, segundo Trump, é a atuação de Moraes como relator das investigações da tentativa de golpe de Estado de 2022 e dos ataques de 8 de janeiro. Para o governo americano, o ministro estaria “perseguindo” o ex-presidente Jair Bolsonaro. O caso ganhou contornos ainda mais complexos com o indiciamento nos EUA do deputado Eduardo Bolsonaro e do próprio ex-presidente por supostamente atuarem a favor das sanções contra seu próprio país.

Enquanto esses embates geopolíticos se desenrolam, o Ceará não pode esperar. A iniciativa de comprar a produção local é um primeiro e vital passo para garantir que o emprego e a renda de milhares de cearenses não sejam as próximas vítimas dessa guerra comercial. O estado mostra que, enquanto a diplomacia busca soluções, é no chão da fábrica e no campo que a resistência econômica começa.

LEIA TAMBÉM