Um experimento está sendo conduzido no município de Arapiraca (AL) para explorar o potencial do pó de rocha como alternativa à adubação química no cultivo da mandioca. Este projeto, iniciado em junho deste ano, é uma colaboração entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural de Arapiraca (SMDR), a Comercial Arapiraquense de Produtos Agrícolas (Capa) e a Triunfus Pedras, com o apoio do Banco do Nordeste (BNB) através do seu Programa de Desenvolvimento Territorial (Prodeter).
Recentemente a rochagem tem ganhado a atenção dos agricultores pelos seus benefícios, que incluem:
• Melhora da qualidade física e química e do solo;
• Aumento do pH do solo;
• Aumento da eficiência do uso de nutrientes;
• Disponibilização de nutrientes de forma gradativa e contínua;
• Estímulo da atividade biológica do solo e das raízes das plantas;
• Redução da perda de nutrientes;
• Redução de custos.
O gerente de desenvolvimento territorial do BNB em Alagoas, Manoel Roberto Muniz, explica:
“O Prodeter é uma iniciativa da instituição destinada a promover o desenvolvimento territorial, através da organização e fortalecimento das atividades econômicas prioritárias e vocacionadas na região. Um desses focos no agreste alagoano é a mandiocultura, com intervenções direcionadas para aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção, como a pesquisa em andamento sobre o uso do pó de rocha na adubação”.
O técnico da SMDR de Arapiraca, Manoel Henrique, relata que o experimento está sendo conduzido em uma área de 800m² pertencente à Capa. Ele afirma: “Esta pesquisa está organizada em blocos e tem como objetivo avaliar cinco diferentes quantidades de pó de rocha aplicadas no cultivo da mandioca, variando de zero a oito toneladas por hectare. Esperamos que, dentre esses níveis avaliados, um se revele viável tanto em termos econômicos quanto agrícolas”.
O técnico acrescenta que resultados concretos serão obtidos ao longo de pelo menos três anos de pesquisa, mas que uma avaliação preliminar já poderá ser feita após um ano e meio, por ocasião da colheita da mandioca. Ele comenta: “Já temos experiência positiva com outras culturas; quando obtivermos os resultados, poderemos orientar os agricultores em nossa região. Como o pó de rocha é rico em potássio, nossa intenção é reduzir a dependência da adubação convencional, o que diminuirá os custos para o produtor, uma vez que o pó de rocha é mais acessível do que os adubos químicos”.
Financiamento
Manoel Henrique ressalta o papel do Banco do Nordeste no apoio à atividade. “A importância do BNB é que além de ser o principal financiador da cultura, principalmente entre os agricultores familiares, é um parceiro muito forte porque dá o incentivo para realizarmos esse trabalho e ser mais um apoio na divulgação dos resultados, disseminando a tecnologia”, ressalta.
De janeiro a agosto deste ano, a instituição já financiou R$ 3,5 milhões para a mandiocultura em Alagoas, incremento de 52% em relação ao mesmo período de 2022.
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Desenvolvimento territorial
Na zona do agreste, para além do suporte financeiro, as iniciativas do Prodeter abrangem a mobilização de intervenientes locais e organizações de desenvolvimento na procura de soluções que impulsionem a atividade.
Claudevan Santos Silva, o agente de desenvolvimento do BNB encarregado de acompanhar o Programa nessa região, destaca a troca intensiva de conhecimentos com agricultores e entidades em Sergipe. Essa troca visa o aprimoramento das técnicas de irrigação para a mandioca de mesa, a adoção das melhores práticas de gestão e o cultivo de culturas consorciadas. Além disso, ele destaca a parceria com a agroindústria Amafil para a aquisição da produção dos agentes econômicos do território, garantindo um preço mínimo.
Quanto ao estudo envolvendo o uso do pó de rocha, ele enfatiza o aspecto ecológico do projeto. “O cultivo de mandioca responde de forma positiva à remineralização, e o pó de rocha, classificado como um subproduto ambiental, tem demonstrado grande potencial nesse contexto, contribuindo para uma cadeia produtiva mais sustentável”, conclui.
O que é Pó de Rocha?
O pó de rocha, também conhecido como rocha moída, é um material obtido a partir da trituração de rochas naturais. Ele é composto por minerais provenientes de rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares. Esses minerais são ricos em nutrientes essenciais para o crescimento das plantas, como cálcio, potássio, fósforo, magnésio, entre outros elementos.
O pó de rocha é utilizado na agricultura como um tipo de fertilizante mineral, oferecendo nutrientes de forma gradual e natural para as plantas. Além disso, ele também contribui para melhorar a estrutura e a fertilidade do solo a longo prazo, auxiliando na retenção de água e na disponibilidade de nutrientes para as plantas.
A utilização de pó de rocha na agricultura é uma prática associada à agricultura sustentável e orgânica, uma vez que se baseia em recursos naturais e promove a saúde do solo de maneira equilibrada. Essa alternativa aos fertilizantes químicos tem ganhado destaque devido aos seus benefícios ambientais e à sua contribuição para uma agricultura mais sustentável e responsável.
Quais são os 10 maiores exportadores de fertilizantes do mundo?
1- Rússia: US$ 12,5 bilhões (15,1% do total de fertilizantes exportados)
2- China: US$ 10,9 bilhões (13,3%)
3- Canadá: US$ 6,6 bilhões (8%)
4- Marrocos: US$ 5,7 bilhões (6,9%)
5- Estados Unidos: US$ 4,1 bilhões (4,9%)
6- Arábia Saudita: US$ 3,6 bilhões (4,4%)
Uma revolução rustentável no Nordeste: Fertilizantes à base de Pó de Rocha
O pó de rocha, abundantemente disponível na região, é uma rica fonte de minerais essenciais para o crescimento das plantas. Com sua composição natural, ele oferece uma alternativa promissora aos tradicionais adubos químicos, muitas vezes dispendiosos e com potencial impacto ambiental.
A produção desses fertilizantes é um verdadeiro exemplo de sinergia regional. Parcerias entre instituições de pesquisa, empresas locais e cooperativas de agricultores têm impulsionado esse movimento. A Embrapa, com sua expertise em pesquisa agrícola, desempenha um papel fundamental nesse processo, trabalhando lado a lado com cooperativas agrícolas para desenvolver fórmulas específicas para as necessidades da região.
Essa inovação não é apenas uma transformação na agricultura, mas uma verdadeira mudança de paradigma. Ela ressalta o potencial do Nordeste em se tornar uma referência em práticas agrícolas sustentáveis, ao mesmo tempo em que fortalece a economia local e promove a autossuficiência agrícola.
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REDAÇÃO