Nordeste aposta na expansão do etanol para fortalecer autossuficiência e reduzir dependência externa
O Nordeste brasileiro está prestes a viver uma transformação energética significativa. A princípio, a expansão da produção de etanol de milho promete aumentar a autossuficiência regional, reduzir a dependência de combustíveis importados e estimular o consumo interno. Com novos projetos em andamento, a oferta deve crescer em 1,3 bilhão de litros, somando-se aos 2,3 bilhões de litros de etanol de cana-de-açúcar já produzidos anualmente.

Avanço da produção em estados nordestinos
Nos próximos meses, a produção ganhará força em estados estratégicos da região. No Maranhão, a entrada em operação de uma nova usina em Balsas deve dobrar a capacidade atual. Assim, vai passar de 450 milhões de litros para quase 1 bilhão. Já na Bahia, a unidade da Inpasa em Luís Eduardo Magalhães adicionará 400 milhões de litros ao mercado.
Além do etanol, os empreendimentos vão gerar grãos secos de destilaria (DDGS), insumo importante para a nutrição animal, ampliando a competitividade local e reduzindo custos logísticos. Além disso, esse movimento não apenas fortalece a matriz energética, mas também impulsiona a economia rural nordestina.
Consumo em crescimento no Nordeste
Outro ponto de destaque é o aumento do consumo de etanol em estados como a Paraíba, que já registra índices superiores aos de outras partes da região. No entanto, a falta de uma alíquota tributária unificada ainda dificulta maior competitividade frente à gasolina.
Especialistas ressaltam que políticas públicas de incentivo podem elevar o consumo do biocombustível no Nordeste, aproximando-o de estados líderes na produção, como São Paulo e Goiás. Além disso, hoje, 80% das vendas nacionais de etanol hidratado estão concentradas em apenas seis estados, enquanto os demais — incluindo todo o Nordeste — ficam com apenas 20% da demanda.
Produção nacional em expansão
Entre 2025 e 2026, a produção brasileira de etanol de milho deve atingir a marca de 10 bilhões de litros. Parte desse volume virá de projetos já em andamento no Nordeste e no Centro-Oeste, com apoio da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Contudo, praticamente toda essa oferta terá de ser absorvida pelo mercado interno. Isso porque não há perspectiva imediata de expansão internacional significativa, seja no SAF (combustível sustentável de aviação) ou no aumento da mistura de etanol na gasolina de outros países.
Desafios com tarifas e importações
Um dos pontos de atenção do setor é a tarifa de importação, hoje em 18% para países fora do Mercosul. Essa medida funciona como proteção para o mercado nacional, mas negociações diplomáticas podem reduzir ou até eliminar a barreira, abrindo espaço para a entrada de etanol dos Estados Unidos.
Se isso acontecer, os produtores brasileiros — especialmente os do Nordeste, que buscam consolidar sua expansão — terão de reduzir preços para competir no mercado interno, o que pode pressionar margens de lucro e investimentos futuros.
Conheça 10 moticos para o etanol de milho ser estratégico para o Nordeste?
- Autossuficiência energética: reduz a dependência de combustíveis vindos do Centro-Sul.
- Diversificação da matriz: soma-se ao etanol de cana-de-açúcar já produzido.
- Redução de custos logísticos: produção mais próxima dos mercados consumidores da região.
- Geração de empregos: usinas impulsionam a economia rural e industrial.
- Produção de subprodutos: DDGS fortalece a cadeia de nutrição animal.
- Maior competitividade: preços mais estáveis e menor dependência externa.
- Expansão do consumo regional: estimula a frota flex a usar mais biocombustível.
- Valorização agrícola: milho ganha novos usos e maior valor agregado.
- Contribuição ambiental: menor emissão de gases de efeito estufa em relação à gasolina.
- Integração com políticas energéticas nacionais: reforça o papel do Nordeste no setor de biocombustíveis.
Portanto, com esse cenário, o Nordeste se posiciona como protagonista na transição energética brasileira. Desse modo, amplia sua relevância não apenas como produtor, mas também como consumidor estratégico de etanol.
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