O Nordeste ja está se posicionando na linha de frente da transição energética e ecológica do Brasil. A informação está na Carta de Intenções para o Plano Nordeste de Transformação Ecológica. O estudo feito por técnicos do setor que se uniram através do Consórcio Nordeste, aponta diretrizes fundamentais para o futuro sustentável da região. A princípio, o documento será incorporado ao Plano Brasil de Transformação Ecológica, a ser apresentado pelo ministro Fernando Haddad durante a COP30, em Belém, no mês de outubro.
A entrega simbólica da carta ocorreu na última quinta-feira (8), durante o Brasil Nordeste – 1º Festival de Economia Popular e Solidária, que ocorreu no Centro de Convenções de Salvador. O evento, com entrada gratuita e programação até domingo, debate a construção de uma economia mais justa, inclusiva e ambientalmente responsável.
Nordeste é a região mais promissora para a transição energética
O documento aponta que, embora o Nordeste seja a região mais vulnerável às mudanças climáticas, é também a que concentra as maiores oportunidades para a descarbonização da economia. Essa contradição se transforma em força estratégica: o Nordeste lidera a produção nacional de energia limpa, sendo responsável por mais de 80% da energia eólica e solar gerada no país, segundo dados da ANEEL.
Além disso, é a região com maior potencial para o desenvolvimento do Hidrogênio Verde (H2V), considerado o combustível do futuro.
Desafios enfrentados
O plano reconhece os obstáculos estruturais da região, como:
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Baixa industrialização histórica
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Alto índice de desigualdade social
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Pressão ambiental nas cidades periféricas
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Falta de saneamento e gestão de resíduos
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Agricultura intensiva com impacto sobre recursos hídricos
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Ameaça à caatinga, bioma exclusivo do Nordeste
Brasil Nordeste – 1º Festival de Economia Popular e Solidária.
Foto: Yago Matheus- Ascom/Setre
Oportunidades que fazem do Nordeste um vetor verde
Ao mesmo tempo, o Nordeste se apresenta como um vetor verde de transformação para o país, com potencial em:
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Energia renovável (solar, eólica, biocombustíveis)
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Produção de Hidrogênio Verde
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Agricultura familiar e práticas agroecológicas
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Riqueza sociobiodiversa
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Minérios críticos para a indústria sustentável
Assim, confira um resumo das principais desvantagens e potencialidades da região, segundo o plano:
Desafios | Oportunidades |
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Alta vulnerabilidade climática | Mais de 80% da energia solar e eólica do país vem do Nordeste |
Desigualdade social e baixa industrialização | Potencial líder na produção de Hidrogênio Verde (H2V) |
Saneamento básico e resíduos urbanos deficitários | Agricultura familiar com práticas agroecológicas |
Uso intensivo da agricultura convencional e escassez hídrica | Riqueza sociobiodiversa e biomas únicos (como a Caatinga) |
Baixo acesso à energia renovável em áreas rurais | Minérios estratégicos para transição energética (ex: lítio, nióbio, terras raras) |
Um plano regional com impacto nacional
De acordo com Pedro Henrique Lima, representante do Consórcio Nordeste, o Plano Nacional de Transformação Ecológica precisa de um recorte regional específico:
“Falar do Brasil como um todo achando que se está promovendo igualdade é, na verdade, reproduzir desigualdades”.
Já para Augusto Vasconcelos, secretário da Setre-BA, o plano construído pelos estados nordestinos representa uma contribuição real à descarbonização do planeta:
“Estamos atraindo investimentos e fortalecendo o elo entre sustentabilidade, universidades e comunidades”.
Dessa forma, com estratégia robusta, investimento em inovação e compromisso com a justiça social, o Nordeste se apresenta não apenas como região que sofre os impactos das mudanças climáticas, mas como protagonista da solução — liderando o Brasil rumo a um futuro mais verde e justo.