Como uma planta do Nordeste deu origem a uma religião

Jurema. Foto: Fábio Vieira – UFRN
Jurema. Foto: Fábio Vieira – UFRN

No coração seco da caatinga nordestina floresce uma raiz que carrega séculos de mistério, espiritualidade e resistência: a jurema-preta (Mimosa tenuiflora). Muito mais que uma planta, ela é a base de uma religiosidade profunda, que une saberes indígenas, tradições africanas e influências europeias — e hoje, até a ciência psicodélica olha para ela com interesse renovado.

A história dessa planta sagrada está no livro A Ciência Encantada de Jurema, do jornalista Marcelo Leite. Fruto de extensa pesquisa de campo e imersão em terreiros do Nordeste e Sudeste, a obra revela como o uso ancestral da jurema-preta deu origem ao que hoje conhecemos como Jurema Sagrada ou catimbó-jurema, uma das expressões mais fascinantes da religiosidade brasileira.

Essa tradição espiritual, marcada por rituais com bebidas psicodélicas, cânticos, tambores e entidades como mestres, mestras, caboclos e exus, desafia classificações rígidas. A Jurema Sagrada não é um ramo da umbanda ou do candomblé. Embora dialogue com ambos, é uma religião autônoma, forjada na resistência ao colonialismo e na convivência entre povos originários, africanos escravizados e missionários europeus.

Resumo sobre a jurema

Aspecto Descrição
Nome da Planta Jurema-preta (Mimosa tenuiflora)
Local de Origem Caatinga nordestina
Significado Cultural Símbolo de mistério, espiritualidade e resistência
Livro Referência A Ciência Encantada de Jurema, de Marcelo Leite
Bases da Tradição Saberes indígenas, tradições africanas, influências europeias
Nome da Religião Jurema Sagrada ou Catimbó-Jurema
Elementos dos Rituais Bebidas psicodélicas, cânticos, tambores, presença de mestres, mestras, caboclos e exus
Relação com Outras Religiões Não é umbanda nem candomblé, mas dialoga com ambas
Origem da Tradição Resistência ao colonialismo; convivência entre povos indígenas, africanos escravizados e missionários europeus
Conceito de “Ciência Encantada” Integração entre espiritualidade e conhecimento; valorização ancestral
Composto Químico em Estudo DMT (presente na jurema)
Uso Científico Atual Pesquisas para tratar depressão, traumas e outras doenças mentais
Percepção Histórica Antes vista como feitiçaria ou bruxaria, perseguida e marginalizada
Percepção Atual Reconhecida como conhecimento ancestral e objeto de estudo científico
Importância Cultural União entre mundos, símbolo de cura da alma e do corpo, inspiração para a ciência moderna
Frase-chave “Há muito de encantado no que chamamos de conhecimento — e muito de ciência no que chamamos de fé.”

Uma Ciência Encantada

O termo “ciência encantada” que dá título ao livro de Marcelo Leite não é apenas uma metáfora. Hoje, cientistas ao redor do mundo voltam os olhos para substâncias psicodélicas. Um exemplo disso é o DMT — presente na jurema — com o objetivo de tratar depressão, traumas e outras doenças mentais. Mas para os juremeiros, a planta sempre teve esse poder de cura, não apenas do corpo, mas da alma.

Jurema. Foto: UFRN
A jurema deu origem a uma religião própria. Foto: UFRN

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Assim, o que antes era considerado feitiçaria ou bruxaria, perseguido pela polícia e marginalizado pela sociedade, ganha novo status como conhecimento ancestral e campo legítimo de pesquisa. A espiritualidade da Jurema, forjada no sofrimento e na resistência, mostra que o Brasil profundo tem muito a ensinar ao mundo.

A jurema não é apenas uma planta; é símbolo de resistência cultural e espiritual. Ao mesmo tempo, seu culto une mundos, cura feridas e agora inspira também a ciência moderna. Como diz o livro, há muito de encantado no que chamamos de conhecimento — e muito de ciência no que chamamos de fé.

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