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Boia meteorológica no litoral do Piauí reforça rede de monitoramento no Nordeste

A recente instalação da boia BRAVO no litoral piauiense reforça a importância do Nordeste no mapeamento climático e meteo-oceânico do Brasil.
Eliseu Lins, da Agência NE9
21 de novembro de 2025 - às 07:50
Atualizado 21 de novembro de 2025 - às 07:50
5 min de leitura

Nesta semana, uma boia meteorológica foi instalada a cerca de 40 km da costa do Piauí, marcando mais um reforço na rede de monitoramento oceânico no litoral nordestino. A operação, conduzida pela Marinha do Brasil, em parceria com a Porto Piauí e o SENAI, tem foco na coleta de dados sobre ventos, pressão, temperatura e outras variáveis, com implicações diretas para a previsão climática, estudos ambientais e o potencial para energia eólica offshore.

Boi Bravo foto divulgação SECOM PI

Onde foi instalada a nova boia e por que isso importa

  • A boia, registrada como BRAVO, foi posicionada a 22 milhas náuticas (aproximadamente 40 km) da costa piauiense, em uma região marítima próxima ao município de Luís Correia (PI).
  • O navio-balizador Comandante Manhães, da Marinha, foi responsável pela operação de instalação.
  • A boia é capaz de medir velocidade e direção dos ventos, além de variáveis meteorológicas como pressão atmosférica, temperatura do ar e umidade relativa.

Esse tipo de equipamento é fundamental para avaliar condições oceânicas e atmosféricas em alto-mar, o que tem grande valor para diversos setores: ao monitorar os ventos marítimos, por exemplo, ajuda a identificar locais promissores para a instalação de usinas eólicas offshore — algo citado como um dos objetivos do projeto.
Além disso, os dados coletados alimentam modelos meteorológicos, contribuindo para previsões mais precisas, previsão de ondas, segurança da navegação e engenharia costeira.

Entena sobre Rede de boias meteorológicas no Nordeste e Brasil

  • A rede GOOS-Brasil, mantida pela Marinha e pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental, inclui boias fixas e deriva para monitoramento meteo-oceanográfico ao longo da costa brasileira.
  • Faz parte desse sistema o Programa Nacional de Boias (PNBOIA), com boias equipadas com sensores para medir correntes, ondas, vento, temperatura da água e outras variáveis.
  • No Nordeste, uma boia está na Baía de Todos-os-Santos (BTS), na Bahia. Essa é a primeira boia oceanográfica-metereológica do Norte-Nordeste. Assim, transmite dados em tempo real sobre ventos, ondas e temperatura da água. Desse modo, auxilia pescadores, pesquisadores e a comunidade costeira.
  1. Previsão climática e meteorológica
    As boias fornecem dados em tempo real que alimentam modelos numéricos usados por centros meteorológicos e instituições científicas, ajudando a prever eventos extremos, como tempestades ou ventos fortes.
  2. Energia eólica offshore
    Medir os ventos em alto-mar é essencial para planejar usinas eólicas offshore. A boia recém-instalada no Piauí, por exemplo, coleta dados específicos para estudarem se a região é adequada para esse tipo de energia.
  3. Segurança da navegação e infraestrutura costeira
    As informações sobre ondas e correntes ajudam na segurança marítima e no planejamento de portos e estruturas costeiras, garantindo melhor preparo para situações de risco.
  4. Monitoramento de mudanças climáticas
    A rede nacional de boias integra o GOOS-Brasil, que monitora tendências no nível do mar, temperatura oceânica e outros indicadores críticos para entender as mudanças climáticas.

Impacto local no Piauí e no Nordeste

  • Para o Piauí, a nova boia representa um avanço tecnológico e científico. Ao mesmo tempo, a instalação tem ligação com estudo dos ventos para energia renovável. E isso pode estimular investimentos em usinas eólicas no mar, reforçando o protagonismo nordestino no setor eólico.
  • Para a comunidade costeira, os dados da boia oferecem maior precisão para previsões de tempo e alertas meteorológicos. E isso pode ajudar pescadores, operadores de embarcações e autoridades locais a tomarem decisões mais seguras.
  • A expansão das boias também reforça a capacidade do Brasil de coletar dados ambientais relevantes para políticas públicas sobre clima e uso sustentável dos recursos marinhos.

Desafios e perspectivas futuras

  • Manter boias em alto-mar é logisticamente complexo: as condições do oceano podem danificar os equipamentos, e a operação exige navios especializados para manutenção.
  • O vandalismo e falhas técnicas também são riscos para a rede de boias, como já relatado em iniciativas anteriores do PNBOIA.
  • A expansão da rede de boias meteorológicas no Nordeste pode demandar mais parcerias entre governo, universidades e setor privado. Em suma, para sustentar os custos operacionais e garantir que os dados tenham uso em estudos para energias renováveis e políticas climáticas.

Assim, a recente instalação da boia BRAVO no litoral piauiense reforça a importância do Nordeste no mapeamento climático e meteo-oceânico do Brasil. Ao coletar dados sobre ventos, pressão, temperatura e umidade no alto-mar, a boia representa uma ferramenta estratégica para pesquisas científicas, segurança marítima e, sobretudo, para viabilizar projetos de energia eólica offshore. Essa é mais uma peça na rede nacional de observação costeira, contribuindo para previsões mais precisas, políticas climáticas e desenvolvimento sustentável da região.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.