Plano prioriza rodovias estruturais e um corredor ferroviário leste-oeste, com prazos até 2027
O Governo Federal anunciou um plano ambicioso para o Nordeste: aproximadamente R$ 100 bilhões em investimentos logísticos destinados à infraestrutura da região, com foco em rodovias e ferrovia estruturante, segundo informou o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, em evento promovido pelo jornal Valor Econômico em Fortaleza.

O secretário executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, afirmou que o Plano Nacional de Logística 2050 (PNL 2050), atualmente em desenvolvimento, trará como um de seus principais eixos a criação de um corredor ferroviário leste-oeste que cortará o Nordeste brasileiro. A proposta pretende integrar as ferrovias FICO (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste) e FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), estabelecendo uma conexão estratégica entre o Tocantins e o porto de Ilhéus (BA). O investimento estimado é de R$ 60 bilhões, incluindo a modernização de linhas já existentes, e a previsão é que o processo de licitação tenha início em 2026.
Segundo Santoro, o projeto ainda passa por ajustes técnicos e de modelagem. “A expectativa é de que até dezembro o estudo esteja sob análise da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em seguida, o documento será encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU), com publicação do edital prevista para o primeiro semestre de 2026”, explicou o secretário.
Além do corredor ferroviário, o governo também prevê investimentos robustos na Ferrovia Minas–Bahia e na Transnordestina. De acordo com Tufi Daher Filho, presidente da Transnordestina Logística, a ferrovia deve entrar em operação comercial em 2027, transportando grãos e insumos minerais, como soja, milho, farelo de soja e calcário, no trecho entre Bela Vista do Piauí (PI) e Iguatu (CE).
O plano federal ainda contempla R$ 40 bilhões em obras rodoviárias previstas no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que inclui a duplicação de trechos das BRs 101, 304 e 104, abrangendo importantes ligações interestaduais entre Rio Grande do Norte, Alagoas e Pernambuco. Essas melhorias devem fortalecer a malha logística nordestina, ampliando a capacidade de escoamento da produção e reduzindo gargalos históricos na infraestrutura regional.

Principais eixos e projetos
- Um dos destaques é o corredor ferroviário Leste-Oeste (FICO-FIOL), que ligará o Centro-Oeste ao litoral baiano, fazendo o escoamento de cargas agrícolas e minerais pela região Nordeste. O edital para esse corredor está previsto para o primeiro semestre de 2026, após envio à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) até dezembro de 2025.
- Outro foco são as expansões rodoviárias sob o guarda-chuva do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com previsão de R$ 40 bilhões para rodovias no Nordeste — como duplicações das BR-101, BR-304 (Natal–Mossoró/RN) e BR-104 (AL-PE).
- Projetos portuários e ferroviários expandem o alcance logístico: por exemplo, a ferrovia Transnordestina, que já recebeu aporte federal e está em execução com expectativa de operação comercial a partir de 2027.
Benefícios esperados
- Redução de custos logísticos para produtores agrícolas, indústrias e mineração no Nordeste, ampliando a competitividade da região.
- Geração de empregos diretos e indiretos: obras de ferrovia e rodovia mobilizam canteiros e cadeia produtiva local.
- Integração modal: maior presença de ferrovias reduz a dependência do transporte rodoviário, que é mais caro e menos eficiente.
- Desenvolvimento regional: a infraestrutura permitirá que o Nordeste se torne um polo exportador de energia renovável e hidrogênio verde, segundo o ministério.
Prazos que marcam o cronograma
- Corredor FICO-FIOL: envio à ANTT até dezembro de 2025; edital no 1º semestre de 2026.
- Ferrovia Transnordestina: início de operações previsto para 2027.
- Rodovias: as obras sob PAC começam imediatamente e os aportes já previstos visam execução em médio prazo (2026 em diante).
- Outras concessões ferroviárias e processos regulatórios estão em andamento, conforme o Plano Nacional de Logística 2050 (PNL 2050).
Este plano de infraestrutura representa um passo estratégico para o Nordeste. Embora o montante estimado de R$ 100 bilhões seja considerável, o desafio será a execução e a concretização dos projetos no prazo, considerando históricos de atrasos em grandes obras de infraestrutura.
Portanto, para a região, a modernização logística é vital não apenas para impulsionar o crescimento econômico, mas também para reduzir desigualdades regionais, tornando o Nordeste mais integrado ao mercado nacional e global. Se bem implementado, o plano pode transformar a logística numa alavanca de competitividade e sustentabilidade para os estados nordestinos.
LEIA TAMBÉM


