De olho no petróleo do Brasil, indianos planejam novos projetos no país
A Índia reforçou o compromisso de aumentar as importações de petróleo brasileiro, durante a viagem da delegação brasileira ao país asiático nesta semana. A commodity é o principal item da pauta de exportações brasileiras à Índia.
O ministro indiano de Petróleo, Hardeep Singh Puri, se reuniu com o ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, na quinta-feira (21/04). Após o encontro, as partes divulgaram uma declaração conjunta reforçando o interesse dos indianos de importar petróleo do Brasil “ao abrigo de contratos especiais de longo prazo”.
“O maior item na nossa balança comercial com a Índia é petróleo, 42% do que exportamos para a Índia é petróleo (…) Eles têm interesse em aumentar a importação do Brasil. Se alguma coisa vai aumentar, é a nossa exportação de petróleo para a Índia”, afirmou Albuquerque, após a reunião — que tratou também de parceiras bilaterais na área de bioenergia.
As bases da aproximação com a Índia remontam a 2020, quando o presidente Jair Bolsonaro viajou ao país asiático para se reunir com o primeiro-ministro local, o nacionalista Narendra Modi.
Na ocasião, os indianos sinalizaram com o interesse de aumentar importações de óleo brasileiro e o consumo de biocombustíveis. As intenções foram formalizadas com a assinatura de um memorando de entendimento.
Índia é o 3º principal destino do óleo brasileiro
A Índia foi, em 2021, o terceiro maior destino das exportações brasileiras de petróleo, de acordo com relatório da empresa FazComex, com base em dados do ComexStat, do Ministério da Economia.
Ao todo, as receitas brasileiras com venda de óleo bruto para a Índia totalizaram US$ 2,2 bilhões, número inferior apenas ao registrado com os embarques para a China (US$ 14,3 bilhões) e Estados Unidos (US$ 3,1 bilhões).
As duas principais empresas indianas com atuação na exploração e produção de petróleo no Brasil são a ONGC Videsh (subsidiária da National Oil Company of India) e a IBV Brasil – joint venture formada entre as conterrâneas Bharat Petroleum (BPCL) e a Videocon Industries, em crise financeira.
As companhias indianas decidiram recentemente avançar, ao lado da Petrobras, com novos projetos no litoral sergipano — que podem contribuir para aumentar a produção delas no mercado brasileiro nos próximos anos.
A ONGC produz cerca de 7 mil barris diários de petróleo. A empresa é sócia da Shell, com 27% de participação, no Parque das Conchas, na Bacia de Campos. A indiana também detém uma fatia de 25% no bloco BM-SEAL-4, em águas profundas da Bacia de Sergipe-Alagoas. A concessão é operada pela Petrobras e teve sua declaração de comercialidade declarada no fim do ano passado pelo consórcio. A estatal brasileira tem planos de começar a produzir na área a partir de 2026.
Já a IBV detém 40% na concessão BM-SEAL-11, na Bacia de Sergipe-Alagoas e que também teve a sua declaração de comercialidade declarada pela Petrobras em dezembro. A companhia indiana também é sócia da PetroRio na descoberta de Wahoo, na Bacia de Campos, e trava uma disputa com a petroleira brasileira na Justiça e em arbitragem.
Em dezembro, a PetroRio declarou a comercialidade de Wahoo. A IBV contestou na Justiça, sob a alegação de que faltaram informações necessárias para o desenvolvimento da área. A indiana pediu que a PetroRio fosse impedida de avançar na exploração das reservas sozinha.
FONTE: EP BR / TEXTO: ANDRÉ RAMALHO