O empreendedorismo tem sido um caminho escolhido por brasileiros da terceira idade como alternativa para ter uma renda extra e uma vida mais ativa, inclusive após a aposentadoria. Um levantamento feito pelo Sebrae com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostragem Contínua do IBGE mostra que havia cerca de 1,8 milhão de empreendedores da terceira idade no final de 2021, o que equivale a 7,3% do total de empreendedores do país. Em Sergipe, são cerca de 9 mil pessoas comandando um negócio.
Ainda segundo o último levantamento, a maioria deles está no setor de Serviços (36%), seguido de Agropecuária (23%), Comércio (19%), Indústria (14%) e, por último, Construção (8%). As razões para empreender na aposentadoria são várias, desde a necessidade de obter uma renda extra para complementar o benefício até a vontade de permanecer produtivo, fazendo algo totalmente novo ou usando a experiência acumulada ao longo dos anos de trabalho.
Momento ideal
Essa fase da vida pode ser encarada como momento ideal para investir em um negócio. Isso porque diferentemente dos mais jovens, os idosos têm menos medo dos riscos e estão mais preocupados com a realização pessoal do que com a rentabilidade.
“Há diferentes fatores para explicar esse crescimento, como o aumento da expectativa de vida e o número de possibilidades. Hoje, é possível ter uma qualidade de vida muito melhor não só no aspecto da saúde, mas também no de acesso à informação. Quanto mais informação se tem, mais possibilidades se vê. Por outro lado, nem sempre a aposentadoria que o idoso tem é suficiente e, muitas vezes, quem está aposentado já empreendeu lá atrás de alguma forma. A pessoa acaba desenvolvendo um dinamismo. Ela está mais segura de si, sabe do que não gosta e está mais disposta a correr atrás do que quer”, explica o superintendente do Sebrae, Paulo do Eirado.
Idosos e jovens
De acordo com o IBGE, o número de idosos no Brasil deve dobrar até 2042, chegando a 57 milhões de pessoas. Um em cada quatro brasileiros terá mais de 60 anos e a tendência é que o empreendedorismo esteja cada vez mais presente nessa fase da vida. Um outro estudo, desta vez da Organização Mundial da Saúde (OMS), revela que em 2050 teremos igualdade entre o número de idosos e o de jovens até 15 anos.
O estudo do Sebrae mostra ainda que os empreendedores com 65 anos ou mais são, em grande maioria, homens (73%), brancos (59%), chefes de família (73%), dedicando-se a um único trabalho (98,8%). Em termos de escolaridade, o empreendedor da 3ª idade é o que tem menos instrução quando comparado aos demais grupos. Em sua maioria, eles possuem nível fundamental (48%). Apesar disso são os que apresentaram o maior rendimento, com 10% com ganhos de mais de cinco salários-mínimos
Desafios e oportunidades
Assim como em qualquer idade, a decisão pela abertura de uma empresa passa pela análise de vantagens e desvantagens, além de exigir planejamento e avaliação das oportunidades. Por isso, elaborar um bom plano de negócios, estudar o mercado e buscar capacitação são quesitos básicos.
Além disso, é importante inovar, observando o que há de novidade no mercado para oferecer produtos ou serviços diferenciados. Inovação implica não só investir em tecnologia, mas buscar soluções que tornem a empresa sustentável.
Um outro ponto é ser dedicado ao negócio. Investir na abertura de uma empresa exige determinação em qualquer idade. Há muitas pessoas com ideias, mas é preciso ter coragem e determinação para colocá-las em prática. Não ter medo de errar é uma característica de empreendedores de sucesso.
“ A boa notícia é que qualquer pessoa pode desenvolver um perfil empresarial com competências comportamentais e atitudes para se tornar um empreendedor de sucesso. Para ajudar nesse desafio, o Sebrae está à disposição, com a oferta de orientação e capacitação para empreendedores”, ressalta o superintendente Paulo do Eirado.