Início » Política » Recife dá início à primeira Parceria Público Privada do Brasil para estimular a habitação no Centro

Destaques

Recife dá início à primeira Parceria Público Privada do Brasil para estimular a habitação no Centro

Prefeito João Campos lançou a iniciativa, na manhã desta terça-feira(21), ao lado do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. PPP para Locação Social visa oferecer cerca de 450 unidades habitacionais para famílias com renda máxima ...
Redação NE9 Nordeste, da Agência NE9
22 de dezembro de 2021 - às 05:18
Atualizado 22 de dezembro de 2021 - às 05:18
7 min de leitura

Prefeito João Campos lançou a iniciativa, na manhã desta terça-feira(21), ao lado do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. PPP para Locação Social visa oferecer cerca de 450 unidades habitacionais para famílias com renda máxima de três salários mínimos.

O Recife deu a largada, nesta terça-feira (21), para a primeira Parceria Público-Privada (PPP) do Brasil voltada à Locação Social. O objetivo é ofertar, no mínimo, 450 unidades habitacionais prioritariamente na área central da cidade, voltadas para famílias com renda máxima de três salários mínimos. A proposta considera a Locação Social como mais uma alternativa de acesso à moradia digna e vê a habitação como um dos elementos estruturadores da requalificação urbana do Centro. O lançamento foi feito pelo prefeito João Campos e pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, além de representantes da Caixa Econômica Federal. Na ocasião, eles assinaram a contratação dos estudos de viabilidade para esta PPP.

A parceria entre a Prefeitura do Recife, a Caixa Econômica Federal, por meio do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), e o Ministério do Desenvolvimento Regional, tem o objetivo de garantir a contratação dos estudos de viabilidade da PPP, que definirão o melhor caminho para sua implantação. “Nós assinamos hoje a contratação do primeiro estudo do Brasil para uma PPP de Aluguel Social. Com esse estudo, a gente vai ter oportunidade de entender qual é o formato adequado para o Recife. O setor privado vai construir a habitação e ela vai ser colocada à disposição para aluguel dos recifenses, com a Prefeitura bancando parte do aluguel. E o foco inicial será no centro da cidade, onde já implantamos o Recentro para gerenciar toda a localidade”, detalhou João Campos.

“Imagine, por exemplo, se há um imóvel que vai ser alugado por 600 reais por mês. A família está cadastrada no CADÚnico e tem uma renda menor do que três salários mínimos. Então, com isso, ela pode se habilitar para esse aluguel e, em vez de ela pagar 600 reais, paga 300 e a Prefeitura para os outros 300. É um modelo novo, que não existe no Recife, mas é utilizado na Europa, por exemplo, nos Estados Unidos, e há um modelo parecido também em São Paulo”, explicou o prefeito. A Parceria Público Privada integra o Recentro, programa para revitalização do Centro lançado em novembro pelo prefeito João Campos. Os imóveis que serão objeto dos estudos – todos públicos – estão localizados prioritariamente nos bairros de Santo Antônio, São José, Boa Vista e Cabanga. A ideia é definir a vocação de cada um e apontar a melhor forma de atrair a iniciativa privada para o processo, que envolverá a requalificação das unidades já existentes e a construção de novos empreendimentos, tendo sempre em vista seu uso para Locação Social.

Para o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, o modelo que será iniciado no Recife poderá ser replicado em outras cidades do país posteriormente. “O projeto que foi apresentado pela Prefeitura do Recife é bem consistente. A equipe técnica fez um belo trabalho, junto com nossos assessores. Então, nós esperamos que brevemente o Recife possa traduzir essa nossa vontade, essa nossa disposição, em um modelo que possa ser replicado em outras capitais brasileiras, outras cidades. A nossa expectativa é que a gente dê velocidade nessa tratativa”, disse ele. Os estudos de viabilidade são divididos em quatro grandes blocos temáticos: Planejamento e Gestão do projeto; Jurídico-Institucional; Técnico-Operacional; e Econômico-Financeiro. Eles serão financiados pela Caixa Econômica Federal, através do Fundo de Estruturação de Projetos (FEP Caixa), e deverão durar cerca de 12 meses.

A modalidade, utilizada há muitos anos em diversos países da União Europeia, consiste na oferta de unidades habitacionais para aluguel, por parte do Poder Público, com valores subsidiados, para a população de baixa renda. A ideia da PPP é minimizar o comprometimento da renda familiar para evitar o ônus excessivo com aluguel (um dos principais componentes do déficit habitacional no Brasil), que ocorre quando a família precisa gastar mais de 30% da renda com a moradia. Os eixos de atuação da proposta são Urbanização, Regularização Fundiária e Melhorias; Produção Subsidiada e Financiada; Desenvolvimento Institucional e Locação Social.

O diferencial desta modalidade de contrato é que os estudos técnicos não vão gerar ônus e/ou despesas aos cofres públicos do Recife. No entanto, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Habitação (Sehab), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI) e da Secretaria Executiva de Parcerias Estratégicas (Sepe), está lado a lado com o time de consultores e especialistas, juntamente com técnicos dos Ministérios da Economia e de Desenvolvimento Regional, que vai coordenar os levantamentos, gerenciar as atividades e fornecer informações complementares aos especialistas e à consultoria. A empresa concessionária que vencer a licitação da PPP ficará responsável por ressarcir todo o valor dos estudos à Caixa Econômica.

“A Caixa Econômica Federal vai ficar responsável pela contratação e a gente acredita que é o melhor parceiro, melhor agente financeiro para a política de habitação, por toda a experiência que tem. Dentro desse estudo de PPP, que é um estudo longo e muito detalhado, vai gerar vários cenários e que vai dizer se a concessão vai ser de 15 ou 20 anos, por exemplo. Vai ser um estudo jurídico e financeiro, uma estruturação para a gente ver qual o melhor caminho para o Recife no programa de locação social”, comentou a secretária de Habitação do Recife, Maria Eduarda Médicis. Com o edital de licitação para a PPP estruturado, o projeto será colocado em consulta pública e encaminhado para apreciação do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Vencidas essas etapas, será lançado o edital de concessão, com perspectiva de assinatura do contrato em 2023.

“É uma inovação na política de habitação, porque o Brasil ainda não tinha unido locação social com PPP. A gente acredita muito nesse projeto como modelo a ser seguido e é mais uma solução na área de habitação. Escolhemos como projeto-piloto o Centro da cidade por acreditar no potencial e ser uma área de confluência de várias vontades de atuação. Tem um patrimônio edificado considerável que está subutilizado e a gente resolveu fazer o piloto delimitando o centro”, finalizou ela. Na PPP, o parceiro privado deverá ser o responsável pelos serviços de manutenção predial e gestão condominial, patrimonial, além dos aluguéis. A proposta quer ainda incentivar o uso misto nos imóveis, incluindo habitação, comércio e equipamentos sociais, estimulando o conceito de “fachada ativa”, que permite maior interação entre o espaço privado de uma edificação e a calçada.

CONCESSÃO – Ainda nesta terça (21), em seu gabinete, o prefeito João Campos recebeu o superintendente em Pernambuco da Superintendência do Patrimônio da União (SPU), Jorge Luiz de Mello Araújo. O encontro serviu para a assinatura de um termo de cessão de um terreno da União para o município, na comunidade do Pilar, Bairro do Recife. O terreno é onde foi construído o Habitacional do Pilar e vai permitir a regularização da documentação dos moradores do residencial. “A gente está regularizando uma situação que já existe no terreno. A próxima etapa será a titularização dos imóveis. Sem a assinatura do contrato, não há titularização. Então é o primeiro passo para a gente chegar a esse objetivo final e a pessoa que está ocupando sair com o documento do imóvel embaixo do braço”, destacou o superintendente.

FOTOS: Marcos Pastich / PCR

FONTE: IMPRENSA PMR