O Brasil tem mais bovino do que pessoas. São 234,4 milhões de cabeças de gado bovino para 203,1 milhões de cabeças humanas.
Nos últimos anos, o rebanho bovino do Nordeste brasileiro tem registrado um crescimento significativo, destacando-se no cenário nacional. A região, historicamente conhecida por seu clima semiárido e desafios relacionados à produção agropecuária.
Investimentos em novas tecnologias e práticas sustentáveis que vêm transformando o setor na região
Esse desenvolvimento se reflete no aumento da produtividade, da qualidade do gado e na diversificação das atividades relacionadas à bovinocultura, incluindo tanto a produção de carne quanto a de leite.
Avanço em números e qualidade
Estados como Bahia, Maranhão e Pernambuco se consolidam como líderes na criação de bovinos na região.
A Bahia, por exemplo, possui o maior rebanho do Nordeste, ultrapassando os 10 milhões de cabeças, com destaque para a produção de carne bovina de alta qualidade, direcionada tanto para o mercado interno quanto para exportação.
A introdução de raças adaptadas às condições climáticas locais, além do aprimoramento das técnicas de manejo, tem contribuído para o fortalecimento do setor.
A genética bovina, especialmente com a introdução de raças zebuínas e europeias adaptadas ao calor, e os investimentos em nutrição animal também têm sido fatores-chave nesse crescimento.
Oeste Baiano em destaque
- Santa Rita de Cássia, Oeste Baiano:
- Em 2023, a cidade se tornou o município com o maior rebanho bovino da Bahia.
- Registrou 188,4 mil cabeças de gado, de acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) realizada pelo IBGE.
- Em 2022, o município ocupava a quarta posição no ranking, mas subiu para a primeira colocação em apenas um ano.
- Crescimento do Rebanho na Bahia:
- A Bahia teve o segundo maior crescimento absoluto de bovinos no Brasil entre 2022 e 2023.
- O rebanho aumentou de 12,5 milhões para 13,3 milhões de cabeças, um crescimento de 6,1%.
- Isso representou um aumento de 764,5 mil cabeças, ficando atrás apenas do Paraná, que registrou um aumento de 822,7 mil cabeças.
- Recorde Histórico:
- O aumento fez com que o rebanho da Bahia atingisse o maior patamar desde o início da PPM em 1974.
- Em 2023, a Bahia atingiu o maior número de bovinos nos 49 anos de histórico da pesquisa.
- Posição Nacional:
- Com o crescimento, a Bahia manteve a 7ª maior posição no ranking nacional de rebanho bovino.
- O estado respondeu por 5,6% do total nacional, que foi de 238,6 milhões de cabeças, com um crescimento de 1,6% em relação a 2022.
Sustentabilidade e inovação
A sustentabilidade é um ponto central nesse avanço. Em muitos estados do Nordeste, há uma preocupação crescente em adotar práticas agroecológicas e de manejo regenerativo, que permitem a recuperação de áreas degradadas e a convivência com as condições adversas do clima.
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Essas práticas não apenas melhoram a produtividade, como também preservam os recursos naturais.
Além disso, a inovação tecnológica tem sido fundamental. A utilização de sistemas de irrigação para pastagens, o uso de monitoramento por satélites para gestão do rebanho e a introdução de fazendas inteligentes, que automatizam processos de alimentação e bem-estar animal, têm modernizado a pecuária nordestina.
O papel das cooperativas e do mercado
Outro fator que tem impulsionado o rebanho bovino no Nordeste é o fortalecimento das cooperativas de produtores. Essas organizações têm sido essenciais para capacitar pequenos e médios criadores, permitindo-lhes acessar melhores condições de mercado, seja para a comercialização de carne, leite ou derivados.
O mercado interno também tem mostrado maior interesse por produtos de origem nordestina, impulsionado pela demanda por carne de qualidade e laticínios diferenciados.
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Em paralelo, o crescimento das exportações nordestinas, especialmente para países do Oriente Médio e da Europa, tem consolidado o gado do Nordeste como uma referência em qualidade.
Desafios e perspectivas
Embora o crescimento seja evidente, o setor ainda enfrenta desafios como a irregularidade das chuvas e a escassez de recursos hídricos.
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No entanto, os investimentos em infraestrutura hídrica, como a construção de açudes e cisternas, além da busca por tecnologias de dessalinização de água, apontam para soluções de longo prazo.
Em suma, com uma visão voltada para o futuro, o rebanho bovino do Nordeste promete continuar ganhando espaço, com uma produção cada vez mais sustentável e competitiva no mercado nacional e internacional.
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