“Falta na política (hoje em dia) gente que tenha a capacidade de juntar”. A frase é do prefeito do Recife (PE), João Campos, o mais bem avaliado entre as capitais do Brasil, durante entrevista ao jornalista Heron Cid, na estreia do Programa Hora H, da TV Manaíra, na noite dessa segunda-feira (22).
“Na vida, se você vive um ambiente de conflito você não constrói. Esse ambiente acirrado não é bom para a política e não é bom para vida das pessoas”, condená-lo Campos ao ser perguntando sobre o clima de confronto político e ideológico no Congresso Nacional e no Brasil.
Avaliação e engajamento em alta
João Campos é o prefeito mais jovem entre as capitais brasileiras, o mais bem avaliado, também , com 81% de aprovação, segundo o instituto AtlasIntel, e o mais popular nas redes sociais, com três milhões de seguidores, somando todas as plataformas.
Mesmo com uma carreira em ascensão nacional, o pernambucano evita em sua fala qualquer tom que antecipe etapas, como uma iminente candidatura ao Governo ou à Presidência do Brasil, postos que foram postulados pelo bisavô, Miguel Arraes, fundador do PSB, e pelo pai, Eduardo Campos.
“Eles são referência, sem dúvida. Mas, cada um deu sua contribuição a seu tempo. Minha missão hoje é cuidar da minha cidade, é me dedicar a missão de governar o Recife. Depois que perdi meu pai, com apenas 20 anos, eu decidi que iria me dedicar por inteiro em tudo que viesse a fazer. E assim tenho feito”, comentou.
Cenário político nacional
O mais jovem gestor entre as capitais brasileiras, João Campos traçou, no Programa Hora H, um diagnóstico sobre a situação política do país em meio à polarização que assola a nação desde as eleições de 2018.
LEIA TAMBÉM
– Bordadeiras do RN criam uniformes do Brasil nas Olimpíadas
– Nordeste ganha a capital nacional da Vaquejada; saiba onde é
– Prouni abre inscrições para 240 mil vagas
“A política tem que trabalhar pelo resultado. A política tem que entregar o que a população espera. Falta na política gente que tenha a capacidade de juntar. Na vida, se você vive um ambiente de conflito você não constrói. Esse ambiente acirrado não é bom para a política e não é bom para vida das pessoas”, avaliou.
Antes de virar prefeito, João foi deputado federal por Pernambuco, de 2018 a 2022. Sua votação foi a maior na história do Estado para o cargo, com 460.387 votos. Para o político, as cenas de conflito, ataques e desavenças além do limite dentro do Congresso Nacional precisam acabar.
“Esse ambiente de oposições muito extremas, de acirramento das teses, esquenta a temperatura, mas não produz resultado. Fixam em pautas que não leva muita coisa a lugar nenhum”, provocou.
Hoje no Poder Executivo, Campos defendeu que o Brasil passe por uma remodelagem na questão orçamentária, onde o chefe do executivo fica refém de emendas parlamentares para o desenvolvimento de ações.
Futuro político
João Campos chega à campanha de reeleição como favorito para seguir à frente da Prefeitura do Recife. Com a alta popularidade, o socialista é naturalmente apontado como candidato a governador de Pernambuco em 2026, posto hoje ocupado pela governadora Raquel Lyra (PSDB), adversária de Campos.
Segundo o gestor, ainda não se é o momento de colocar essa pauta em discussão. “O foco é administrar o Recife”, desconversa sobre as especulações naturais em curso.
Prefeito Viral
É de João Campos uma das postagem políticas com mais e engajamento nas redes sociais dos últimos tempos: o vídeo do prefeito com cabelos descoloridos viralizou em fevereiro, durante o carnaval, e alcançou adeptos em todo o país e a marca de 22 milhões de visualizações.
“Foi fruto de um desafio de um cantor de brega-funk do Recife, Anderson Neiff. O que me fez a decisão de “nevar” foi de ter a possibilidade de sair em defesa da nossa gente, da nossa cultura, sobretudo da periferia do Recife. Muitas vezes, as pessoas com cabelo descoloridos são vistas de modo diferente, com preconceito, e minha atitude foi justamente para ir contra isso”, argumentou.
10 anos sem seu pai
Na entrevista, dez anos depois do acidente aéreo que matou seu pai, Eduardo Campos, o ex-governador de Pernambuco e então candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, João Campos (PSB), prefeito do Recife (PE), revelou que para a família o assunto foi superado e afastou de vez as teorias da conspiração sobre o caso.
“Acredito que foi um acidente. Não cabe a mim fazer avaliações sobre isso”, sentenciou.
. LEIA TAMBÉM:
– Nordeste tem 2 cidades entre as campeãs de eleitores no Brasil
– Grande Salvador terá 7 novos mil empregos com fábrica alemã
– Recife é a capital do Nordeste mais favorável à abertura de novos negócios
– Estado do Nordeste usa agricultura familiar para ser o maior produtor de mel do Brasil
O acidente aconteceu em 13 de agosto de 2014. Além de Eduardo, então candidato à presidência da República, outras seis pessoas morreram. Desde o fato, muitas especulações sobre o acontecimento ocorreram, como a de um atentado político.
Contudo, João preferiu falar da qualidades do pai e do político. “Ele era muito presente. Na política, na vida pessoal. Meu pai nunca faltou a um evento da minha escola. Sempre muito intenso e generoso. Ele faz muita falta não apenas para nós, para nossa família, ele faz falta à política do Brasil”, ressaltou.
Política e vida pessoal
João Campos é namorado da deputada federal e pré-candidata a prefeita de São Paulo, Tabata Amaral (PSB), que recentemente foi alvo de ataques pessoais do também pré-candidato a prefeito, Pablo Marçal. Em entrevista ele atacou a família da socialista. Para o pernambucano, são falas condenáveis.
“Ele ultrapassou não apenas o limite político, mas os limites humanos. São falas absurdas pela forma como ocorreu. A vida pública nos coloca em situação injusta”, lamentou.