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Palma forrageira: o “ouro verde” do sertão nordestino

Adaptada às condições extremas do semiárido, ela é tão importante para a sobrevivência local que muitos produtores a chamam de “ouro verde”.
Redação NE9 Nordeste, da Agência NE9
11 de agosto de 2025 - às 08:08
Atualizado 11 de agosto de 2025 - às 08:08
6 min de leitura

A planta que garante alimento para o gado e sustento para no Nordeste é uma cultura essencial

No coração do sertão nordestino, em meio a paisagens marcadas pelo sol intenso e pelo vento quente, cresce uma planta capaz de transformar a vida de agricultores e garantir alimento para o rebanho: a palma forrageira. Adaptada às condições extremas do semiárido, ela é tão importante para a sobrevivência local que muitos produtores a chamam de “ouro verde”.

A palma forrageira é uma das culturas mais importantes para a agricultura e pecuária do Nordeste brasileiro. Resistente às longas estiagens e adaptada ao clima semiárido, ela é utilizada principalmente como alimento para o gado, garantindo a produção mesmo em períodos de escassez de chuva.

Uma planta que conta histórias

Originária das Américas, a palma forrageira encontrou na Caatinga o ambiente perfeito para se desenvolver. Seus cladódios — as “folhas” grossas que armazenam água — resistem por meses sem chuva, garantindo alimento para bovinos, caprinos e ovinos mesmo nas épocas mais secas.

Em muitas comunidades, o cultivo da palma faz parte da rotina há gerações. Ao caminhar pelo sertão, é comum encontrar fileiras verdes contrastando com a terra seca, uma cena que mistura beleza natural e engenhosidade humana.

Além disso, a planta apresenta alta produtividade e pode ser cultivada em solos pobres, exigindo poucos insumos, o que reduz os custos para pequenos e médios produtores.

Importância econômica e social

A cultura da palma forrageira não apenas sustenta a pecuária, mas também contribui para a economia das famílias rurais. Em muitos municípios do sertão, a produção é a principal fonte de alimento para o rebanho e, consequentemente, para a geração de renda.

Além disso, pesquisas desenvolvidas por instituições como a Embrapa têm introduzido variedades mais resistentes a pragas, como a cochonilha-do-carmim, e técnicas modernas de manejo, aumentando ainda mais a produtividade.

Nos últimos anos, algumas fazendas e propriedades rurais do Nordeste passaram a receber turistas interessados em conhecer o cultivo da palma e entender sua importância na pecuária. Além de aprender sobre técnicas de manejo sustentável, visitantes podem experimentar pratos típicos que utilizam a planta na culinária regional, como doces, sucos e até farinhas nutritivas.

Essas experiências aproximam o público urbano do dia a dia no campo e mostram como a agricultura pode ser resiliente diante das mudanças climáticas.

As mudas serão usadas para expandir a palma para os demais estados do Nordeste Foto Fernando Gomes

Produção: como se cultiva e o que influencia o rendimento

Primeiramente, é importante ressaltar que a produção de palma varia consideravelmente conforme a variedade plantada, o manejo, a disponibilidade de água (irrigação) e o sistema de plantio. Assim, os rendimentos não são fixos; entretanto, com manejo adequado, variedades melhoradas e irrigação, a palma pode fornecer forragem volumosa durante todo o ano.

Como se produz:
  • Propagação: realiza-se por estaquia de cladódios (os “pencos” ou “palmas” cortadas), que são plantados após o período chuvoso para favorecer o enraizamento.
  • Espaçamento e plantio: varia conforme o objetivo (forragem, cercas vivas ou produção para venda), mas o plantio costuma ser feito em covas ou sulcos, com cobertura do solo para reduzir perda de água.
  • Manejo: inclui adubações orgânicas ou minerais quando possível, controle de plantas invasoras e monitoramento de pragas e doenças.
  • Colheita e uso: a palma pode ser colhida parcialmente (corte de cladódios) para alimentação direta ou picada para ensilagem. Frequentemente é associada a fontes de nitrogênio (ex.: ureia, farelo) para balancear a proteína da dieta do animal.
  • Pós-colheita e comercialização: a palma fresca é comercializada por tonelada/metro cúbico em mercados regionais; já a palma ensilada tem maior vida útil e facilita o transporte para regiões com demanda.
Fatores que afetam a produtividade:
  • Variedade genética (cultivares mais produtivas e resistentes aumentam o rendimento).
  • Disponibilidade de água (irrigação aumenta muito a produção por hectare).
  • Adubação e manejo de solo.
  • Controle de pragas (como cochonilhas) e práticas de plantio adequadas.
Campo de Palma Foto Fapern Divulgação

Sobre a produção da palma forrageira

ItemInformação resumida
Produção média (estimativa)Varia amplamente — de dezenas até centenas de toneladas de massa verde por hectare/ano; com manejo intensivo e irrigação, os valores podem chegar a patamares muito maiores.
Principais estados produtoresCeará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia e Piauí (região Nordeste).
PropagaçãoEstaquia de cladódios (plantio de padões) após chuvas.
ColheitaCorte periódico de cladódios — uso in natura ou picada para silagem.
Pós-colheitaConsumo direto, ensilagem, mistura com volumosos e aditivos proteicos.
ComercializaçãoMercado local (venda de palmas frescas), compra por cooperativas e uso em propriedades familiares.
Principais benefíciosForragem durante a seca, baixo custo produtivo, adaptação ao semiárido.
DesafiosPragas (cochonilha), necessidade de variedades resistentes, logística de transporte da forragem fresca.

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Sobre a Palma Forrageira

CaracterísticaDetalhes
Nome científicoOpuntia ficus-indica e Nopalea cochenillifera
OrigemAméricas (adaptada ao semiárido)
Uso principalAlimentação animal (bovinos, caprinos, ovinos)
VantagemAlta resistência à seca e baixo custo de produção
Produção médiaAté 400 toneladas por hectare/ano (variedades melhoradas)
Pragas comunsCochonilha-do-carmim
Instituições de pesquisaEmbrapa, universidades federais e estaduais
Época de plantio recomendadaDurante o período chuvoso para melhor enraizamento

Técnicas de manejo para melhores resultados

Para garantir uma boa produção, especialistas recomendam práticas como o plantio adensado, uso de variedades resistentes e adubação orgânica. Além disso, o controle de pragas também é essencial para evitar perdas significativas na lavoura.

Além disso, a integração da palma forrageira com outras culturas e o uso em sistemas de irrigação de baixo custo podem aumentar ainda mais a eficiência produtiva.

Portanto, a palma forrageira é mais do que uma planta resistente: ela é um pilar de sustentação para o agronegócio e a segurança alimentar no Nordeste. Afinal, sua capacidade de sobreviver à seca, aliada à alta produtividade, garante que milhares de famílias possam manter seus rebanhos e sua renda mesmo nos anos mais desafiadores.

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