O mês de maio chegou trazendo um cenário atípico para o Nordeste brasileiro. Ao invés do sol forte e do calor costumeiro, o que tem predominado são ventos frios, chuvas constantes e temperaturas amenas — especialmente nas áreas litorâneas. Em muitos pontos da região, o clima mais se assemelha ao inverno, embora ainda faltem semanas para a chegada oficial da estação.
Esse fenômeno, segundo especialistas, está relacionado principalmente à atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), um sistema meteorológico que influencia diretamente o clima nas regiões tropicais. Trata-se de uma faixa de convergência de ventos alísios que provoca grande formação de nuvens e chuvas, especialmente no norte e nordeste do Brasil. Aliado a isso, a presença de frentes frias associadas à ZCIT vem empurrando massas de ar mais geladas para a costa nordestina, reforçando a sensação de inverno fora de época.
Alteração na rotina da população
Com esse novo padrão climático, muitos nordestinos estão adaptando seus hábitos. O uso de roupas mais quentes tem aumentado, e o guarda-chuva se tornou um acessório indispensável, especialmente nas capitais litorâneas. Em cidades como Recife, Natal, Maceió e Fortaleza, as ruas amanhecem molhadas, e o céu permanece nublado por longos períodos durante o dia.
“É como se o inverno tivesse chegado antes da hora”, comenta Ana Beatriz, moradora de João Pessoa. “Desde o fim de abril, a gente já sente o vento mais gelado, e agora em maio o clima mudou de vez”.
Previsão aponta continuidade das chuvas
As previsões meteorológicas para as próximas semanas seguem indicando continuidade desse cenário. A tendência é de que as chuvas persistam ao longo de maio, mantendo o clima ameno e a sensação térmica mais baixa do que o habitual.

Clima atípico, mas não inédito
Apesar de parecer incomum, esse tipo de condição já ocorreu em outros anos, embora de forma menos intensa. A combinação entre ZCIT e frentes frias pode gerar episódios de chuvas prolongadas e clima mais fresco, principalmente entre abril e julho — período em que tradicionalmente o litoral do Nordeste já enfrenta a chamada “estação chuvosa”.
O que diferencia 2025, segundo meteorologistas, é a persistência e intensidade das chuvas, associadas ao volume maior de frentes frias vindas do sul do país. Isso faz com que o fenômeno se intensifique e seja sentido com mais impacto.
Enquanto o inverno oficial não chega, os nordestinos seguem enfrentando um maio com cara de julho — e torcendo para que o tempo firme retorne em breve, sem prejuízos maiores para a infraestrutura urbana e a rotina das cidades.