Uma técnica que permite a substituição de hemácias com hemoglobina alterada por hemácias saudáveis foi realizada pela primeira vez no Ceará nesta quinta-feira (3). O procedimento, chamado de eritrocitaférese, é indicado para pacientes com doença falciforme, uma condição que dificulta a circulação do sangue e pode causar acidente vascular cerebral (AVC). O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), é o primeiro hemocentro do Nordeste a oferecer o serviço.
A eritrocitaférese é feita na máquina de aférese. O equipamento retira as células do sangue
que têm a hemoglobina S, que é a forma alterada da hemoglobina A, e transfere as hemácias normais para o organismo do paciente. Com isso, espera-se reduzir para cerca de 20% a quantidade de células com hemoglobina S, que são as responsáveis pelas complicações da doença falciforme. “A troca das hemácias não normais por saudáveis é bastante eficaz, pois a expectativa é reduzir para cerca de 20% a quantidade de células com hemoglobina S”, explicou a hematologista do Hemoce, Cláudia Mota.
Qualidade de vida
A paciente Raiza de Souza, 20, foi a primeira a passar pelo procedimento no local. Ela teve um AVC aos 16 anos por causa da anemia falciforme. Hoje ela é acompanhada pela equipe do Ambulatório de Coagulopatias e Hemoglobinopatias do Hemoce, onde fazia o tratamento convencional. “Antes eu precisava fazer a retirada do sangue manual, que é a sangria terapêutica, e depois passava pelo processo de transfusão para receber novas células. Com o novo tratamento, além de fazer as duas situações no mesmo momento vou ter a possibilidade de retirar mais células defeituosas, então ganho na praticidade e na qualidade de vida, com menos riscos de AVC e outras complicações da minha doença”, contou a paciente.
A diretora de hematologia do Hemoce e gestora estadual do programa no Ceará, Luany Mesquita, ressaltou a importância do serviço para os pacientes do Ceará. “A disponibilização da eritrocitoaférese é um grande avanço para o tratamento desses pacientes. Proporcionará um tratamento mais efetivo, gerando maior qualidade de vida para esses pacientes” reforça.
Diagnóstico e tratamento
A anemia falciforme é diagnosticada por meio do teste do pezinho, realizado nos primeiros
dias de vida das crianças. Outra forma é o exame de sangue eletroforese de hemoglobina, feito nos pequenos com mais de seis meses e em adultos.
Quando a doença falciforme é identificada ainda na infância, os pacientes são encaminhados, via Central de Regulação, para o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), também da Rede Sesa. A partir dos 18 anos, o tratamento é realizado no Hemoce, que é a unidade responsável pela Coordenação Estadual do Programa de Atenção aos Portadores de Hemoglobinopatias.
Os pacientes adultos com doença falciforme são acompanhados no hemocentro em Fortaleza e nos regionais do Interior. A assistência é multidisciplinar, envolvendo hematologistas, assistentes sociais, ortopedistas, psicólogos e fisioterapeutas.
A tabela abaixo mostra como e para que serve o procedimento.