O economista-chefe do Banco do Nordeste (BNB), Rogério Sobreira, afirma que o Nordeste do Brasil entra em 2026 com um cenário promissor para negócios e consumo interno — principalmente nas cidades de médio porte, longe das capitais. A análise foi apresentada durante o debate “Os avanços do Nordeste”, organizado pelo jornal Correio Braziliense.
De acordo com Sobreira, o aquecimento do mercado de trabalho na região vem favorecendo a ascensão de renda, o que amplia o poder de consumo e cria demanda por comércio, serviços, habitação e bens de consumo.
“O Nordeste não é problema, é solução”, afirmou o economista, reforçando que o perfil da região mudou e que suas potencialidades superam os antigos estigmas de estagnação.

Infraestrutura e logística: base para modernização e atração de investimentos
Parte central do plano de desenvolvimento regional passa por investimentos robustos em infraestrutura. Entre os projetos destacados estão:
- Leilão de sistemas de saneamento no Maranhão estimado em R$ 18,7 bilhões.
- Ampliação da capacidade portuária na Bahia, com apostas superiores a R$ 1,1 bilhão em terminais organizados.
- Obras previstas nas ferrovias e corredores logísticos — como os trechos da Transnordestina, do corredor Centro-Atlântico e do corredor Leste-Oeste — que prometem melhorar a malha de transporte e facilitar escoamento de produção e distribuição de mercadorias.
Esses avanços logísticos contribuem não só ao agronegócio, mas ao fortalecimento do comércio local, redução de custos de transporte e estímulo à instalação de indústrias, serviços e centros de distribuição nas regiões interioranas.
Além disso, a expansão e modernização dos portos do Nordeste — especialmente os que operam com exportação e importação de grãos, insumos e mercadorias — têm mostrado crescimento recente, consolidando a relevância da região no comércio nacional e internacional.
Agronegócio em alta: Matopiba e produção agrícola impulsionam economia e exportações
A área conhecida como Matopiba — que abrange trechos dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — volta a ser apontada como um dos vetores principais de expansão da produtividade agrícola no Nordeste. O BNB espera crescimento contínuo da produção de soja, milho, algodão, além da oferta de proteína animal e biocombustíveis.
O aumento da demanda internacional por commodities agrícolas favorece o fortalecimento dessa fronteira produtiva, o que pode gerar mais emprego, renda e dinamismo local — com impactos diretos em logística, armazenagem, transporte e oferta de insumos.
Esse ciclo virtuoso entre produção agrícola, infraestrutura de escoamento e exportação torna o Nordeste uma região estratégica no agronegócio nacional e global.
Consumo interno e mercado de serviços: novas oportunidades para empresas e empreendedores
Com a melhora da formalização de empregos e do poder aquisitivo, o consumo interno no Nordeste tende a crescer em 2026 — beneficiando setores como varejo, construção civil, habitação, turismo, comércio de bens duráveis, alimentação, saúde, educação e lazer.
Cidades de médio porte, especialmente, podem se tornar polos de demanda até então pouco explorados, abrindo espaço para redes de franquias, comércio local, serviços, oferta de habitação e infraestrutura urbana, além de gerar oportunidades para micro e pequenos negócios.
De acordo com especialistas, a combinação de renda crescente, urbanização e modernização da infraestrutura pode transformar o perfil socioeconômico da população, promovendo mobilidade social e atração de investimentos produtivos.
Por que o Nordeste se consolida como aposta estratégica para os próximos anos
- A região reúne mão de obra jovem e crescente — fatores fundamentais para expansão industrial, de serviços e consumo. Segundo relatório recente, o Nordeste concentra população ativa expressiva, o que favorece a geração de empregos e desenvolvimento socioeconômico.
- A infraestrutura logística e portuária está sendo ampliada, o que reduz custos de transporte, facilita o escoamento da produção e torna mais competitiva a instalação de industrias e centros de comércio.
- O crescimento agrícola, especialmente em áreas como Matopiba, antecipa maior demanda por serviços, insumos, transporte e exportação — movimentando toda a cadeia econômica.
- O aumento da renda e do emprego formal eleva o consumo interno, gerando mercado para bens e serviços, e abrindo oportunidades para empreendedores e investidores.
- A diversificação da economia (agro, serviços, logística, consumo interno) reduz a dependência de ciclos específicos e amplia a resiliência econômica da região.
2026 pode marcar o início de um novo ciclo de prosperidade no Nordeste
Se os projetos confirmarem execução — em saneamento, logística, portos, ferrovias e expansão agrícola —, o Nordeste estará bem posicionado para transformar seu perfil econômico nas próximas décadas.
O crescimento do consumo interno, aliado à oferta de infraestrutura e uma agricultura pujante, pode gerar novos polos de desenvolvimento fora das capitais, com melhor distribuição territorial de renda e oportunidades.
Para empreendedores, investidores e gestores públicos, o momento é de atenção: o Nordeste oferece múltiplas frentes para quem deseja atuar em comércio, serviços, agronegócio, logística, indústria, turismo ou desenvolvimento urbano.
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