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Nordeste lidera participação feminina no mercado de empresas de capital

Esse resultado coloca o Nordeste na vanguarda da diversidade de gênero no setor corporativo, reforçando seu papel estratégico na inclusão e no fortalecimento econômico do país
Eliseu Lins, da Agência NE9
15 de agosto de 2025 - às 08:28
Atualizado 15 de agosto de 2025 - às 08:28
4 min de leitura

O Nordeste se destaca nacionalmente pela maior presença feminina no mercado de trabalho das empresas de capital aberto. De acordo com o estudo “Diversidade de Gênero e Raça de Administradores e Empregados das Empresas de Capital Aberto”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), 38,6% dos funcionários dessas companhias na região são mulheres, superando Sudeste e Sul, que aparecem empatados com 38,4%.

Esse resultado coloca o Nordeste na vanguarda da diversidade de gênero no setor corporativo, reforçando seu papel estratégico na inclusão e no fortalecimento econômico do país. Para especialistas, o índice reflete avanços graduais no acesso das mulheres a postos de trabalho, mas também expõe a necessidade de ampliar sua presença nos cargos de liderança.

Avanços na liderança feminina

Embora 83% das empresas de capital aberto no Brasil possuam ao menos uma mulher em seus conselhos ou diretorias, a presença feminina nesses espaços ainda é minoritária. Do total de mais de 6 mil cargos de liderança analisados, apenas 16% são ocupados por mulheres, um crescimento modesto de 0,3 ponto percentual em relação a 2023.

Nos conselhos de administração, elas ocupam 21% das cadeiras; nas diretorias, 23,6%; e nos conselhos fiscais, 25,3%. Já nos cargos mais altos, como presidência de conselho de administração, a participação cai para 1,9%.

Importância para o Nordeste

O bom desempenho nordestino na inclusão feminina no quadro geral de funcionários reforça o papel da região como referência em práticas de diversidade. No entanto, analistas apontam que a ascensão das mulheres aos cargos de tomada de decisão ainda é um desafio, mesmo onde a representatividade no quadro de empregados é alta.

Essa realidade impacta diretamente o desenvolvimento econômico regional, já que a diversidade em posições de liderança está associada a melhores resultados de inovação, produtividade e governança corporativa.

Setores e perfis

O levantamento revela que a indústria de saneamento e serviços de água e gás é a que mais inclui mulheres na administração (19%), seguida pelos bancos (18,4%). Em contrapartida, setores como construção civil e materiais de construção e decoração registram apenas 11,3% de participação feminina.

As mulheres em cargos de liderança têm, em média, 52 anos, cinco anos a menos que os homens nessas funções, e ocupam posições como diretoras (24%), conselheiras independentes (17,9%) e conselheiras fiscais (10,3%).

Diversidade racial ainda é desafio

Quando o recorte é racial, os números permanecem praticamente inalterados em relação a 2023. Entre conselhos e diretorias, 82,6% dos cargos são ocupados por pessoas brancas, enquanto pardos representam 3,4%, amarelos 1,1% e pretos apenas 0,5%.

No quadro geral de empregados, a participação de negros é maior — 33% pardos e 10% pretos — mas cai significativamente nos níveis de liderança.

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Participação feminina e diversidade nas empresas de capital aberto

IndicadorBrasilNordesteSudesteSulExterior
Mulheres no quadro geral de empregados37,8%38,6%38,4%38,4%31,2%
Cargos de liderança ocupados por mulheres16%
Conselhos de administração – participação feminina21%
Diretorias – participação feminina23,6%
Conselhos fiscais – participação feminina25,3%
Pessoas brancas em conselhos/diretorias82,6%
Pardos em conselhos/diretorias3,4%
Pretos em conselhos/diretorias0,5%


O Nordeste aparece como um exemplo positivo na inclusão feminina no mercado de capitais, mas os dados mostram que o próximo passo é garantir mais espaço para mulheres nas cadeiras de decisão. A presença feminina na liderança não é apenas uma questão de representatividade, mas também um fator estratégico para impulsionar inovação e competitividade na região.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.