O Nordeste se destaca nacionalmente pela maior presença feminina no mercado de trabalho das empresas de capital aberto. De acordo com o estudo “Diversidade de Gênero e Raça de Administradores e Empregados das Empresas de Capital Aberto”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), 38,6% dos funcionários dessas companhias na região são mulheres, superando Sudeste e Sul, que aparecem empatados com 38,4%.
Esse resultado coloca o Nordeste na vanguarda da diversidade de gênero no setor corporativo, reforçando seu papel estratégico na inclusão e no fortalecimento econômico do país. Para especialistas, o índice reflete avanços graduais no acesso das mulheres a postos de trabalho, mas também expõe a necessidade de ampliar sua presença nos cargos de liderança.
Avanços na liderança feminina
Embora 83% das empresas de capital aberto no Brasil possuam ao menos uma mulher em seus conselhos ou diretorias, a presença feminina nesses espaços ainda é minoritária. Do total de mais de 6 mil cargos de liderança analisados, apenas 16% são ocupados por mulheres, um crescimento modesto de 0,3 ponto percentual em relação a 2023.
Nos conselhos de administração, elas ocupam 21% das cadeiras; nas diretorias, 23,6%; e nos conselhos fiscais, 25,3%. Já nos cargos mais altos, como presidência de conselho de administração, a participação cai para 1,9%.
Importância para o Nordeste
O bom desempenho nordestino na inclusão feminina no quadro geral de funcionários reforça o papel da região como referência em práticas de diversidade. No entanto, analistas apontam que a ascensão das mulheres aos cargos de tomada de decisão ainda é um desafio, mesmo onde a representatividade no quadro de empregados é alta.
Essa realidade impacta diretamente o desenvolvimento econômico regional, já que a diversidade em posições de liderança está associada a melhores resultados de inovação, produtividade e governança corporativa.
Setores e perfis
O levantamento revela que a indústria de saneamento e serviços de água e gás é a que mais inclui mulheres na administração (19%), seguida pelos bancos (18,4%). Em contrapartida, setores como construção civil e materiais de construção e decoração registram apenas 11,3% de participação feminina.
As mulheres em cargos de liderança têm, em média, 52 anos, cinco anos a menos que os homens nessas funções, e ocupam posições como diretoras (24%), conselheiras independentes (17,9%) e conselheiras fiscais (10,3%).
Diversidade racial ainda é desafio
Quando o recorte é racial, os números permanecem praticamente inalterados em relação a 2023. Entre conselhos e diretorias, 82,6% dos cargos são ocupados por pessoas brancas, enquanto pardos representam 3,4%, amarelos 1,1% e pretos apenas 0,5%.
No quadro geral de empregados, a participação de negros é maior — 33% pardos e 10% pretos — mas cai significativamente nos níveis de liderança.
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Participação feminina e diversidade nas empresas de capital aberto
Indicador | Brasil | Nordeste | Sudeste | Sul | Exterior |
---|---|---|---|---|---|
Mulheres no quadro geral de empregados | 37,8% | 38,6% | 38,4% | 38,4% | 31,2% |
Cargos de liderança ocupados por mulheres | 16% | — | — | — | — |
Conselhos de administração – participação feminina | 21% | — | — | — | — |
Diretorias – participação feminina | 23,6% | — | — | — | — |
Conselhos fiscais – participação feminina | 25,3% | — | — | — | — |
Pessoas brancas em conselhos/diretorias | 82,6% | — | — | — | — |
Pardos em conselhos/diretorias | 3,4% | — | — | — | — |
Pretos em conselhos/diretorias | 0,5% | — | — | — |
O Nordeste aparece como um exemplo positivo na inclusão feminina no mercado de capitais, mas os dados mostram que o próximo passo é garantir mais espaço para mulheres nas cadeiras de decisão. A presença feminina na liderança não é apenas uma questão de representatividade, mas também um fator estratégico para impulsionar inovação e competitividade na região.
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