O Nordeste brasileiro volta ao centro das atenções internacionais com o recente interesse da estatal russa Tenex, subsidiária da Rosatom, em ampliar sua atuação na exploração de urânio e lítio no país. A princípio, os dois minerais são cruciais para a transição energética global, e parte significativa das reservas brasileiras está localizada justamente na região Nordeste.
Parceria com estatal russa reforça papel estratégico do Nordeste na transição energética global

O anúncio foi feito nesta quinta-feira (8), durante agenda oficial do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na Rússia, onde acompanha a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Sergey Polgorodnik, CEO da Tenex, o grupo russo está disposto a firmar parcerias estratégicas com o Brasil, especialmente nas áreas de energia nuclear e minerais críticos como o lítio.
Nordeste: potencial mineral ainda pouco explorado
A maior parte das reservas brasileiras de urânio em operação está localizada na Bahia, no município de Caetité, que abriga a Província Uranífera de Lagoa Real, com estimativas superiores a 87 mil toneladas do mineral. Além da Bahia, outros estados nordestinos como Ceará e Pernambuco também possuem ocorrências confirmadas, embora em estágio menos avançado de exploração.
No caso do lítio, o potencial da região também começa a ser mapeado com mais precisão. Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará já identificaram ocorrências do mineral em seus territórios, especialmente em áreas de pegmatitos, as mesmas formações geológicas encontradas em grandes depósitos do Sudeste.
Cooperação Brasil–Rússia em energia nuclear
Aliás, a parceria entre Brasil e Rússia no setor nuclear não é recente. Em março de 2025, a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) firmou um acordo com a Internexco GmbH, empresa ligada à Rosatom, para exportar temporariamente 275 mil quilos de concentrado de urânio (U₃O₈) produzido em Caetité. Então, o material será processado na Rússia e devolvido até 2027 como hexafluoreto de urânio (UF₆) enriquecido a 4,25%, pronto para abastecer a usina de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
No entanto, a conversão do urânio é a única etapa do ciclo do combustível nuclear ainda não realizada no Brasil. Por isso, a cooperação técnica e logística com países como a Rússia é considerada essencial.
Relevância para o Nordeste
Assim, a consolidação do Nordeste como polo estratégico para a mineração de urânio e lítio traz impactos diretos para a economia da região. Além da geração de empregos e arrecadação de royalties, a atração de investimentos internacionais impulsiona setores como infraestrutura, logística, transporte e energia.
Dessa maneira, segundo especialistas, o avanço das concessões e parcerias com países como a Rússia pode acelerar a exploração de jazidas em estados nordestinos que ainda não iniciaram produção em escala, como o Piauí, onde há mapeamentos recentes de lítio em rochas pegmatíticas, e o Rio Grande do Norte, que também possui histórico de mineração de outros minerais estratégicos.
Presença de Urânio e Lítio no Nordeste Brasileiro
Estado | Mineral | Situação Atual | Destaques |
---|---|---|---|
Bahia | Urânio | Mina ativa em Caetité | Província de Lagoa Real |
Ceará | Urânio e Lítio | Ocorrências identificadas; sem produção comercial | Potencial em pegmatitos |
Rio Grande do Norte | Lítio | Ocorrências geológicas em estudo | Exploração futura viável |
Piauí | Lítio | Mapeamento em curso | Potencial em rochas pegmatíticas |
Pernambuco | Urânio | Ocorrências identificadas; estágio inicial de avaliação | Zona rural com potencial mineralógico |
Portanto, com a crescente demanda global por minerais estratégicos, o Nordeste se firma como uma região-chave para o futuro energético do Brasil e do mundo. Afinal, a aproximação com a Rússia, por meio da Tenex e da Rosatom, reforça a necessidade de estruturar políticas públicas que garantam exploração sustentável, benefícios locais e segurança energética nacional.
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