A agricultura familiar no Nordeste do Brasil vai ganhar um reforço tecnológico nos próximos meses. Uma leva de máquinas agrícolas chinesas, como micro-tratores, roçadeiras, semeadeiras e plantadeiras chegará à região nos próximos dias. Os equipamentos serão para áreas produtivas de pequenos agricultores em quatro estados: Ceará, Maranhão, Paraíba e Rio Grande do Norte.
São cerca de 30 máquinas para tipos de cultivos, como milho, feijão, mandioca, algodão, frutas e hortaliças. A princíoio, os equipamentos serão destinados a assentamentos do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de outras organizações da agricultura familiar, como o Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Apodi (RN).
No município potiguar de Apodi, vai ocorrer a instalação da Unidade Demonstrativa Brasil-China de Máquinas Agrícolas. Ela servirá para testar e estudar o uso do maquinário em solo nordestino. Contudo, a unidade contará com o apoio técnico da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Além disso, a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN) também participa.
Acordo entre Consórcio Nordeste e universidade chinesa
A iniciativa faz parte de um acordo de cooperação entre o Consórcio Nordeste, o Instituto Internacional de Inovação de Equipamentos Agrícolas e Agricultura Inteligente da Universidade Agrícola da China, a Associação de Fabricantes de Máquinas Agrícolas da China e a Baobab Associação Internacional para a Cooperação Popular.
O acordo, assinado em 2022, visa garantir o acesso a máquinas para o campesinato, de acordo com a
s necessidades dos pequenos produtores rurais. O objetivo é aumentar a produtividade, a qualidade e a sustentabilidade da agricultura familiar no Nordeste, bem como gerar renda, emprego e desenvolvimento para a região.
Alexandre Lima, coordenador da Câmara Temática da Agricultura Familiar do Consórcio Nordeste, destaca a importância da parceria para a redução da desigualdade que existe no Brasil nesse sentido:
“a região Nordeste do Brasil possui menos de 3% de mecanização, no Brasil esses níveis não alcançam 14%, e no Sul os níveis de mecanização da Agricultura Familiar beiram os 50%”.
LEIA TAMBEM:
– Governo anuncia leilão de rodovias de 5 estados do Nordeste
– Nordeste é a região que mais cresce no Brasil e vai expandir com turismo e energia limpa
– Estado do Nordeste vai explorar petróleo em local desafiador
China é exemplo de agricultura
A experiência da China na mecanização agrícola é um exemplo, segundo João Pedro Stedile, da direção nacional do MST. Ele esteve no país asiático em abril deste ano. “Na China tem 8 mil fabricantes de tratores. No Brasil nós temos quatro grandes fábricas de tratores, todas multinacionais e todas dirigidas para a grande propriedade, grandes máquinas”, afirma Stedile.
A professora Yang Minli, da Universidade de Agricultura da China, considera que existem muitas semelhanças entre a agricultura familiar no Brasil e na China. Ao mesmo tempo, ela garante que o modelo de desenvolvimento chinês é adaptável ao contexto brasileiro. “O modelo utiliza serviços comerciais como estratégia para impulsionar as comunidades [como cooperativas de maquinaria agrícola], bem como os produtos de máquinas agrícolas de pequeno e médio porte da China, têm certa adaptabilidade ao Brasil”, disse.
A chegada das máquinas chinesas é um passo importante para agricultura do Nordeste. Aqui ocorre grande parte da produção de alimentos e da preservação ambiental no país. A cooperação entre Brasil e China nessa área pode trazer benefícios mútuos. Com isso, contribuir para o avanço da soberania alimentar e do desenvolvimento rural sustentável.