Enquanto o Brasil registra um crescimento recorde na exploração florestal, com uma produção econômica que saltou para R$ 44,3 bilhões em 2024, um dado crucial chama a atenção: o Nordeste surge como a região que mais mantém suas florestas protegidas da pressão econômica, com participação de apenas 9,7% no total nacional.
Os números da pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), divulgada pelo IBGE, revelam uma importante faceta da preservação ambiental. Enquanto outras regiões intensificam a exploração de florestas naturais e plantadas, o Nordeste demonstra um modelo de desenvolvimento que prioriza a conservação dos seus ecossistemas únicos.
O contraste regional: exploração x preservação
A distribuição regional da produção florestal conta uma história reveladora:
Região | Participação na Produção Florestal | Status de Preservação |
---|---|---|
Sudeste | 34,7% | Maior exploração |
Sul | 31,0% | Alta exploração |
Centro-Oeste | 13,5% | Exploração moderada |
Norte | 11,1% | Exploração controlada |
Nordeste | 9,7% | MAIOR PRESERVAÇÃO |
Por que o Nordeste se destaca na preservação das florestas?
Vários fatores explicam a posição de destaque do Nordeste na conservação florestal:
- Cultura de Convívio com a Natureza: As populações nordestinas desenvolveram, ao longo de gerações, formas sustentáveis de convívio com biomas sensíveis como a Caatinga e áreas remanescentes de Mata Atlântica.
- Economia Baseada em Outras Frentes: A região construiu uma economia diversificada focada em turismo, agricultura familiar e energias renováveis, reduzindo a pressão sobre as florestas nativas.
- Modelo de Extrativismo Sustentável: Quando pratica extrativismo, o Nordeste prioriza métodos tradicionais e de baixo impacto, especialmente em comunidades quilombolas e indígenas.

A exploração das florestas tem que ocorrer com sustentabilidade e responsabilidade.
Silvicultura x Extrativismo: um sinal de equilíbrio
A pesquisa mostra que 84,1% da produção florestal nacional vem da silvicultura (florestas plantadas), enquanto apenas 15,9% vêm do extrativismo vegetal. No Nordeste, essa proporção é mais equilibrada, indicando menor substituição de florestas nativas por monoculturas.
Ao mesmo tempo, o baixo percentual de participação na produção econômica florestal esconde um tesouro ambiental:
- Biomas Únicos: A Caatinga, exclusivamente brasileira, mantém-se relativamente preservada na região
- Biodiversidade Inestimável: As florestas nordestinas abrigam espécies endêmicas ameaçadas
- Serviços Ambientais: As áreas preservadas garantem água, clima equilibrado e qualidade de vida
Um modelo para o futuro
Enquanto o país comemora o crescimento econômico do setor florestal, o Nordeste oferece uma lição importante: preservação também é desenvolvimento. A região mostra que é possível crescer sem devastar, mantendo o equilíbrio entre progresso e conservação ambiental.
A posição do Nordeste no ranking florestal não é um indicador de atraso, mas sim um sinal de maturidade ambiental. Num mundo que clama por sustentabilidade, a região se consolida como guardiã de preciosos ecossistemas – um patrimônio que vale muito mais do que qualquer cifra econômica.
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