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Disputa pelo níquel brasileiro ganha o mundo; Nordeste de olho

O níquel brasileiro ganhou destaque nos últimos meses. Recentemente, o mineral tornando-se alvo de disputas comerciais internacionais.
Eliseu Lins, da Agência NE9
25 de agosto de 2025 - às 07:02
Atualizado 25 de agosto de 2025 - às 07:02
4 min de leitura

O níquel brasileiro ganhou destaque nos últimos meses. Recentemente, o mineral tornando-se alvo de disputas comerciais internacionais.

Mineral é fundamental na Transição energética

A princípio, a Anglo American, multinacional de origem sul-africana e britânica que opera na cidade de pequena Barro Alto, localizada na região norte de Goiás, desde 2004, decidiu vender sua planta de níquel para a MMG, um braço da estatal chinesa China Minmetals Corporation.

O negócio avaliado em US$ 500 milhões, o equivalente a mais de R$ 2,7 bilhões, marca a entrada da chinesa MMG no mercado de niquel no Brasil, ampliando o alcance de Pequim sobre um insumo considerado vital para a transição energética.

Na Europa, a transação pode virar processo em apuração pela Comissão Europeia. No Brasil, conforme informações obtidas pela Folha em matéria publicada neste final de semana, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) acaba de ser acionado. Por trás de acusações de concentração de mercado e de supostas negociações duvidosas está uma concorrente holandesa, a Corex Holding.

A Comissão Europeia ainda não decidiu se vai abrir uma investigação aprofundada sobre a aquisição das operações brasileiras Anglo American pela MMG.

Europa tem projeto no Nordeste

Enquanto empresas chinesas e europeias brigam por fatias do mercado, o Nordeste surge como grande opção de mercado com o projeto Níquel Piauí, que promete transformar a região em referência na produção desse mineral estratégico para a transição energética mundial.

Essa movimentação mostra que o níquel brasileiro é ativo estratégico e está no centro de uma corrida que envolve China, Europa e Brasil.

O que é e para que serve o níquel?

O níquel é um metal utilizado principalmente na fabricação de aço inoxidável e ligas metálicas. No entanto, seu valor disparou nos últimos anos porque se tornou fundamental para baterias de veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia limpa.

O níquel é peça-chave na corrida global por tecnologias verdes, estando no centro da agenda de países que investem em energia sustentável.

O níquel do Piauí

Atualmente, o principal projeto no Nordeste é o Níquel Piauí, desenvolvido pela Brazilian Nickel, no estado do Piauí.

  • O depósito possui 99 milhões de toneladas de minério, com teores médios de 0,84% de níquel e 0,05% de cobalto.
  • A empresa já opera uma planta piloto com capacidade anual de 1.400 toneladas de níquel e 35 toneladas de cobalto.
  • A previsão é que a construção da planta industrial comece em 2026 e a produção em larga escala inicie em 2029.

Apesar de o Piauí não ter tradição mineradora, o projeto é visto como estratégico para diversificar a economia local e atrair investimentos de peso.

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Desafios e oportunidades no Piauí

O presidente da Brazilian Nickel destacou que implantar o projeto no Piauí envolve desafios logísticos e de mão de obra, já que o estado ainda não tem tradição no setor mineral. Por outro lado, ele ressaltou o apoio do governo estadual e das comunidades locais, além de investimentos em capacitação e treinamento de trabalhadores.

Se concretizado, o projeto pode gerar milhares de empregos diretos e indiretos e colocar o Piauí como referência internacional na mineração de níquel.

Portanto, o níquel do Nordeste, especialmente Do Piauí, pode ser o novo protagonista da mineração brasileira. Em um cenário de disputa global pelo controle desse recurso estratégico, a região tem a chance de se consolidar como ponto-chave da transição energética mundial, atraindo bilhões em investimentos e mudando a realidade econômica local.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.