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Movimento Armorial: a revolução de Ariano Suassuna que transformou a cultura do Nordeste

O Movimento Armorial, idealizado por Ariano Suassuna em 1970, tornou-se um dos pilares mais importantes da identidade cultural do Nordeste e do Brasil. Unindo literatura, música, artes visuais, teatro e dança, o movimento buscou criar ...
Eliseu Lins, da Agência NE9
2 de dezembro de 2025 - às 06:22
Atualizado 2 de dezembro de 2025 - às 06:22
4 min de leitura

O Movimento Armorial, idealizado por Ariano Suassuna em 1970, tornou-se um dos pilares mais importantes da identidade cultural do Nordeste e do Brasil. Unindo literatura, música, artes visuais, teatro e dança, o movimento buscou criar uma arte erudita brasileira com raízes profundas na cultura popular nordestina — como o reisado, o maracatu, a xilogravura e os folhetos de cordel.

Mais de cinco décadas depois, o Armorial segue vivo, influenciando novas gerações de artistas e reafirmando o papel do Nordeste como grande celeiro criativo do país.

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Ariano Suassuna foto divulgação

O que é o Movimento Armorial?

O Armorial é um movimento artístico que propõe a criação de uma arte erudita brasileira inspirada na estética da cultura popular nordestina. Sua base conceitual une:

  • Música barroca e ibérica
  • Cultura sertaneja
  • Religiosidade popular
  • Literatura de cordel
  • Xilogravura
  • Herança medieval ibérica

Para Ariano Suassuna, o Brasil deveria valorizar sua própria tradição estética, especialmente aquela que ecoa no imaginário do povo simples do sertão.

Linha do Tempo do Movimento Armorial

AnoMarco Histórico
Década de 1950Ariano Suassuna inicia suas reflexões sobre identidade cultural nordestina.
1955Estreia da peça Auto da Compadecida, que mais tarde se torna referência da estética armorial.
1960–1970Suassuna desenvolve estudos sobre música, arte e literatura popular que comporiam os fundamentos do movimento.
18 de outubro de 1970Lançamento oficial do Movimento Armorial no Recife, com concerto da Orquestra Armorial e exposição de artistas plásticos.
1970–1980Expansão do movimento para música, literatura, artes visuais e teatro.
1975Consolidação do Quinteto Armorial como símbolo musical do movimento.
1980–1990Segunda fase do Armorial, com expansão para universidades, grupos teatrais e novas linguagens.
2000Ariano Suassuna retoma ações culturais com o “Movimento Armorial Renovado”.
2014Morte de Ariano Suassuna, que deixa o movimento como grande legado cultural.
2020–2025Cresce o interesse pelo Armorial na música nordestina, nas artes gráficas e nos estudos acadêmicos.

Artistas e Obras do Movimento Armorial

A seguir, uma tabela com principais artistas, sua área de atuação e obras marcantes:

ArtistaÁreaObras / Contribuições
Ariano SuassunaLiteratura / TeatroAuto da Compadecida, Romance d’A Pedra do Reino, aulas-espetáculo, fundador do movimento.
Francisco BrennandArtes PlásticasPainéis cerâmicos armoriais, esculturas e ilustrações para obras de Suassuna.
Aloisio MagalhãesArtes VisuaisXilogravuras, ilustrações e estudos gráficos estruturantes da estética armorial.
Antonio MadureiraMúsicaIntegrante do Quinteto Armorial, maestro e compositor.
Quinteto ArmorialMúsicaÁlbuns: Do Romance ao Galope Nordestino (1974), Aralume (1976).
Antonio NóbregaMúsica / Dança / TeatroEspetáculos Brincante, Figural, iniciativas de popularização da estética armorial.
Gilvan SamicoXilogravuraObras icônicas inspiradas no cordel e na estética medieval nordestina.
José CláudioPinturaQuadros e ilustrações com elementos sertanejos e religiosos.
Cavaleiro de Aço (cordelistas)Literatura de CordelContribuíram com temáticas e estéticas que fundamentam o movimento.

Por que o Movimento Armorial é tão importante?

  • Fortalecimento da identidade nordestina
    Ele eleva manifestações populares ao status de arte erudita.
  • Inovação estética
    Mescla elementos medievais, barrocos, ibéricos e sertanejos em um conceito único no mundo.
  • Influência contemporânea
    O movimento inspira desde grupos musicais até designers, ilustradores e cineastas.
  • Legado educacional
    Incentiva a formação de novas gerações de artistas e pesquisadores.

O Armorial hoje

Mais de 50 anos após sua criação, o movimento vive uma fase de renovação:

  • Grupos como Quinteto da Paraíba e Orquestra Armorial Renascença seguem difundindo a música armorial.
  • A arte gráfica armorial influencia capas de livros, cartazes e identidade visual de eventos culturais.
  • Universidades ampliam estudos sobre Ariano Suassuna e estética nordestina.
  • Jovens artistas reinterpretam o Armorial na música, no design e nas artes digitais.

O Movimento Armorial permanece como uma das expressões mais ricas e potentes da cultura brasileira. Visionário, Ariano Suassuna mostrou que a arte do Nordeste é universal e pode dialogar com a erudição sem perder suas raízes populares. Hoje, o Armorial segue vivo, inspirando linguagens contemporâneas e reafirmando o legado cultural do Nordeste no cenário nacional.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.