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Jurista negra e nordestina recebe apoio para chegar ao STF

A história de Manuellita Hermes Rosa Oliveira Filha é uma história de superação, de luta e de orgulho. Filha de um pai que chorou ao ver a filha passar no vestibular para direito na UFBA, ela se tornou uma procuradora federal e professora voluntária da UnB. Ela tem é doutora por universidade italiana. Hoje, ela é uma das mulheres negras “cotadas” para ser a próxima ministra do Supremo Tribunal Federal, ocupando o principal cargo do Judiciário brasileiro.

Uma caminhada coletiva

Manuellita não se vê como uma heroína solitária, mas como parte de uma caminhada coletiva que envolve sua família, suas ancestrais, suas colegas e seus alunos. Ela reconhece a importância da representatividade das mulheres, das mulheres negras e dos nordestinos na sociedade brasileira, especialmente em um cenário de desigualdades e discriminações.

“Eu sempre falo que a minha caminhada é uma caminhada coletiva. Por mais que existam momentos de solidão, pois estudar é um ato de solidão, sentar-se com um livro e absorver seu conteúdo é algo que se faz sozinha, mas eu trago muita gente comigo. Trago essa representatividade das mulheres, das mulheres negras e também de muitas pessoas da minha família. Eu sempre me lembro das minhas ancestrais, das minhas avós”,
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comenta Manuellita Hermes.

Foi justamente a avó materna de Manuellita, Alice Hermes de Almeida, a primeira a iluminar o caminho da procuradora, que defendia as causas “judiciais” dos irmãos dentro de uma casa em Salvador, na Bahia. “Ela dizia: ‘Você vai fazer direito’. Só que, quando eu era pequena, eu achava que direito era decorar lei. E eu relutava, dizia: ‘Não, minha avó, não vou fazer direito. Eu não quero decorar lei’”, relembra. No entanto, o tempo passou e mostrou que Dona Alice estava certa.

Um apoio acadêmico

A trajetória coletiva da procuradora continua e, atualmente, professores e estudantes da UnB, onde atua como voluntária, escreveram uma moção de apoio à indicação dela ao Supremo Tribunal Federal. O documento, assinado por diversos especialistas jurídicos, evidencia que o percurso de Manuellita revela total capacidade para suceder Rosa Weber na Corte.

“Como mulher negra e nordestina, a experiência da jurista é um exponencial fator para a progressiva concretização de direitos no exercício da jurisdição constitucional, seja pelo seu notável saber jurídico, seja pela representatividade que será fomentada no STF, a ensejar indiscutível qualidade e destreza nas decisões e votos a serem proferidos. É urgente, assim, que esta janela histórica favorável permita, pela primeira vez na história do Brasil, a indicação de uma mulher negra ao STF para esperançar novos rumos democráticos no Judiciário brasileiro”, aponta a moção.

A jurista é doutora por uma universidade italiana.

Após o apoio acadêmico, vindo da UnB e da UFBA, e dos principais especialistas em direito no país, Manuellita comenta que ficou “lisonjeada” ao saber que é uma das mulheres citadas fortemente ao cargo:

“A gente não percebe como o nosso trabalho acaba reverberando e como as pessoas nos veem. […] Eu realmente fico muito emocionada por ter esse retorno de um lugar onde eu tenho parte da minha formação. Eu sou doutora pela UnB, o maior título acadêmico no Brasil é concedido pela UnB, e, além disso, ter esse retorno de alunos queridos, de monitores que se mobilizaram e do Centro Acadêmico é um reconhecimento”.

Uma herança que ninguém tira

A base para o sucesso de Manuellita vem da superação de obstáculos geracionais. Foi a força de vontade das mulheres negras da sua vida que deram a ela uma herança que ninguém pode tirar. “Sair de casa, naquela cidade de Salvador, que é a cidade mais negra fora da África, mas ao mesmo tempo muito racista, não é fácil. Só sair de casa já é um ato de coragem, enfrentar esse mundo lá fora sempre foi um ato de coragem. Mas eu sempre tive minha família como grande força. Meus pais sempre estimularam muito a mim e a meus irmãos”, ressalta.

Manuellita também destaca o papel da educação pública na sua formação, desde o ensino fundamental até a graduação na UFBA. Ela defende que o acesso à educação de qualidade é fundamental para a inclusão social e o desenvolvimento do país. “Eu sou fruto da escola pública. Dz toda a minha formação na escola pública e eu tenho muito orgulho disso. Eu acho que a escola pública tem um papel muito importante na nossa sociedade e eu espero que ela seja cada vez mais valorizada”, afirma.

Uma inspiração para o futuro

A possível indicação de Manuellita ao STF representa não apenas um reconhecimento ao seu trabalho e à sua trajetória, mas também uma inspiração para as futuras gerações de mulheres negras que sonham em ocupar espaços de poder e decisão na sociedade brasileira. Ela espera que sua história possa servir de exemplo e incentivo para outras meninas e mulheres que enfrentam as mesmas dificuldades e desafios que ela enfrentou.

“Eu espero que a minha história possa inspirar outras mulheres e meninas negras, nordestinas, que vêm de famílias humildes, mas que têm sonhos grandes. Que elas possam ver em mim uma possibilidade, uma esperança, uma luz no fim do túnel. Eu espero que elas possam se sentir representadas por mim e que elas possam se sentir encorajadas a seguir os seus sonhos”, conclui Manuellita Hermes.

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