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Nordeste ‘guarda’ no fundo do mar histórias reais da 2ª guerra mundial

Em agosto de 1942, o Brasil viveu um dos momentos primordiais que culminou com o país entrando na segunda guerra mundial. Em apenas 24 horas, três navios brasileiros foram afundados por torpedos disparados pelo submarino alemão U-507, causando a morte de 551 pessoas no litoral do Nordeste. Foi um ataque surpresa, que chocou o país e o levou a declarar guerra contra o Eixo um mês depois.

O U-507 era comandado pelo capitão Harro Schacht, que tinha a missão de interceptar e destruir embarcações aliadas no Atlântico Sul. Ele avistou os navios brasileiros na noite do dia 15 de agosto, quando navegavam sem escolta e sem iluminação, seguindo as recomendações do governo para evitar ataques. Schacht não hesitou em lançar seus torpedos contra os alvos desprotegidos.

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Quais os navios atingidos no Nordeste pelos nazistas?

O primeiro a ser atingido foi o Baependi, que fazia a rota Rio de Janeiro – Recife com 215 passageiros e 55 tripulantes. A explosão foi tão violenta que partiu o navio em dois. A maioria dos ocupantes morreu na hora ou se afogou nas águas geladas. Apenas 36 pessoas sobreviveram, entre elas o comandante Joaquim Ribeiro da Costa.

Pesquisadores da UFS estão à frente da expedição de encontrar os navios.

Em seguida, foi a vez do Araraquara, que ia de Santos para Salvador com 142 passageiros e 71 tripulantes. O torpedo acertou o depósito de combustível, provocando um incêndio e uma grande nuvem de fumaça. O navio afundou em menos de cinco minutos, levando consigo 131 vidas. Apenas 82 pessoas conseguiram se salvar.

O terceiro e último navio atacado foi o Aníbal Benévolo, que transportava 154 passageiros de Salvador para Aracaju. O torpedo acertou a popa da embarcação, que começou a afundar lentamente. Os botes salva-vidas foram lançados ao mar, mas muitos se perderam na escuridão ou foram atingidos por destroços. Apenas 91 pessoas sobreviveram, entre elas o comandante Manoel Pestana.

Como o Brasil reagiu ao ataque nazista?

Os ataques do U-507 causaram uma comoção nacional e uma revolta popular contra os países do Eixo. O Brasil, que até então mantinha uma posição de neutralidade no conflito mundial, rompeu relações diplomáticas com a Alemanha e a Itália em 28 de agosto e declarou guerra em 31 de agosto de 1942. O país enviou tropas para combater na Europa e intensificou a defesa de seu litoral.

O ataque dos nazistas culminou na entrada do Brasil na segunda guerra mundial.

O U-507 continuou sua missão destrutiva nos dias seguintes, afundando mais três navios brasileiros e um americano, totalizando 607 vítimas. O submarino só foi localizado e afundado pela Marinha dos Estados Unidos em janeiro de 1943, no Golfo da Guiné.

Expedição quer respostas sobre o que realmente ocorreu

O destino dos navios brasileiros afundados pelo U-507 permaneceu desconhecido por décadas, até que alguns deles foram encontrados por expedições submarinas. O Baependi foi localizado em 2009, a cerca de 100 quilômetros da costa da Bahia. O Araraquara foi descoberto em 2011, a cerca de 70 quilômetros da costa de Sergipe.

O Aníbal Benévolo, porém, ainda não foi encontrado. Em abril deste ano, pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) iniciaram uma busca pelo navio, usando equipamentos de sonar e GPS. Eles pretendem localizar os restos da embarcação e documentar seu estado de conservação, além de resgatar a memória das vítimas e dos sobreviventes.

Trabalho importante para a história do Brasil

Os pesquisadores esperam retomar as sondagens em outubro, quando as condições do mar forem mais favoráveis. Eles também pretendem realizar mergulhos no local, caso encontrem indícios do navio.

A tabela abaixo mostra os estragos que o navio causou no Brasil.

NavioDataLocalMortos
Baependi15/08/1942Sergipe270
Araraquara16/08/1942Sergipe131
Aníbal Benévolo16/08/1942Sergipe150
Itagiba17/08/1942Bahia21
Arará17/08/1942Bahia35

Esses ataques foram responsáveis pela entrada oficial do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados. O U-507 foi afundado em janeiro de 1943 por um avião americano, sem sobreviventes.

Vários nordestinos foram para a guerra participando das batalhas na Itália.

Qual a participação do Brasil na segunda guerra mundial?

  • O rompimento das relações diplomáticas com o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) em 1942, após o ataque de submarinos alemães a navios mercantes brasileiros na costa do país, que causou a morte de cerca de 500 pessoas.
  • A entrada na guerra ao lado dos Aliados (Estados Unidos, Reino Unido, França e União Soviética) em 31 de agosto de 1942, após intensa pressão popular e do governo norte-americano, que ofereceu ajuda econômica e militar ao Brasil em troca de apoio estratégico na América do Sul.
  • O envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para combater na Itália em 1944, composta por cerca de 25 mil soldados, que se incorporaram ao exército americano e participaram de diversas batalhas contra as forças nazifascistas, como Monte Castelo, Montese e Fornovo.
  • A atuação da Força Aérea Brasileira (FAB) na guerra, com o 1º Grupo de Aviação de Caça, que realizou mais de 400 missões de combate aéreo na Itália, abatendo 85 aviões inimigos e sofrendo 22 baixas. Além disso, a FAB também realizou missões de transporte de tropas, vigilância e escolta de navios no Atlântico Sul.
  • A contribuição da Marinha do Brasil na guerra, com o envio de navios de guerra para patrulhar o Atlântico Sul e proteger as rotas comerciais dos ataques dos submarinos alemães. A Marinha também participou da invasão da Normandia em 1944, com o cruzador Bahia e o contratorpedeiro Bertioga.

A participação brasileira na segunda guerra mundial teve um saldo de cerca de 450 mortos e três mil feridos entre os militares enviados à Europa. Além disso, a experiência da guerra influenciou o processo de redemocratização do país, que culminou com o fim da ditadura de Getúlio Vargas em 1945.

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