Os Estados Unidos anunciaram recentemente a retirada de sobretaxas adicionais sobre uma parte das exportações brasileiras, em uma ação que pode ter efeitos positivos para diversos setores, inclusive em estados do Nordeste. A medida deve estimular a retomada de vendas para o mercado norte-americano e aliviar pressões sobre cadeias produtivas exportadoras.
O que mudou na política tarifária dos EUA?
Segundo fontes, o presidente dos EUA revogou uma taxa adicional de 10% imposta a centenas de produtos brasileiros, retroativa a 13 de novembro de 2025, e haverá reembolso de tributos já recolhidos.
No entanto, entidades brasileiras alertam que a sobretaxa de 40%, aplicada em julho, ainda permanece para muitos itens estratégicos.
Impactos para os setores exportadores do Nordeste

O Nordeste brasileiro possui uma economia bastante integrada com a pauta exportadora nacional, e alguns de seus principais setores podem ser diretamente influenciados por essa mudança nas tarifas.
- Celulose e madeira
- Parte significativa das exportações nordestinas está vinculada ao setor de celulose e produtos de madeira. De acordo com análises regionais, esses produtos fazem parte dos itens que, no passado, sofreram tarifas extras, mas agora podem ter alívio com a retirada parcial das sobretaxas.
- A Agência Brasil informou que os EUA retiraram tarifas extras sobre celulose brasileira, o que beneficia diretamente empresas produtoras desse insumo, muitas das quais estão localizadas no Nordeste.
- Mineração e minerais estratégicos
- Relatórios econômicos da FGV destacam que minerais como minério de ferro, estanho e carvão exportados pelo Brasil — presentes na pauta de regiões nordestinas — podem ter parte de suas exportações beneficiadas pela medida.
- A redução das barreiras comerciais favorece empresas mineradoras locais, que agora têm mais competitividade para retomar ou expandir suas vendas ao mercado americano.
- Energia (petróleo e combustíveis)
- Embora o Nordeste não seja a principal região exportadora de petróleo, o setor energético nacional (incluindo petróleo e gás) tem parte de seus produtos isentos das tarifas extras, segundo dados do governo.
- A retomada de exportações de energia pode repercutir positivamente em estados nordestinos ligados à cadeia de produção ou refinamento, reforçando investimentos no setor energético local.
- Frutas e sucos tropicais
- Entre os produtos citados nas análises para isenção ou redução tarifária, estão frutas e derivados, como suco de laranja.
- Estados do Nordeste que produzem frutas tropicais para exportação podem se beneficiar, aproveitando a maior competitividade nos EUA. Isso pode levar a incremento nos negócios com produtores locais de frutas, processamento e exportação.
Limites da medida: por que nem tudo está “zerado”?
Apesar de a retirada de certas tarifas representar um avanço, várias vozes do setor apontam que o alívio é parcial:
- A sobretaxa de 40% ainda recai sobre muitos produtos importantes, segundo entidades industriais.
- A Confederação Nacional da Indústria (CNI) ressalta que, embora 80 itens tenham sido beneficiados, a maioria das exportações brasileiras ainda enfrenta barreiras altas.
- Setores como química, vestuário, máquinas e equipamentos também foram duramente atingidos pelas tarifas e exigem negociações contínuas para uma desoneração mais ampla.
Ações do Brasil para compensar os impactos
O governo brasileiro já prevê medidas para mitigar os efeitos das tarifas impostas anteriormente. Entre elas:
- Liberou R$ 30 bilhões via MP para apoiar exportadores afetados pelas sobretaxas americanas, por meio do Plano Brasil Soberano.
- Mantém diálogo diplomático para ampliar a lista de exclusões tarifárias junto aos EUA e restaurar a competitividade de produtos nacionais.
Alívio para o Nordeste, mas atenção continua
Para a região Nordeste, a retirada de algumas tarifas extras pelos EUA representa uma oportunidade de reaquecer exportações de celulose, minerais, frutas e produtos energéticos. No entanto, a permanência de sobretaxas mais elevadas para diversos produtos evidencia que o caminho para a plena normalização comercial ainda exige negociações e cautela.
Empresas exportadoras nordestinas podem aproveitar esse momento para reforçar sua presença no mercado americano, mas também devem acompanhar de perto as decisões diplomáticas e regulatórias que ainda podem afetar o acesso ao país.
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