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EUA retiram sobretaxas sobre produtos brasileiros: quais setores do Nordeste podem se beneficiar

Os Estados Unidos anunciaram recentemente a retirada de sobretaxas adicionais sobre uma parte das exportações brasileiras, em uma ação que pode ter efeitos positivos para diversos setores, inclusive em estados do Nordeste. A medida deve ...
Eliseu Lins, da Agência NE9
21 de novembro de 2025 - às 05:40
Atualizado 21 de novembro de 2025 - às 05:40
4 min de leitura

Os Estados Unidos anunciaram recentemente a retirada de sobretaxas adicionais sobre uma parte das exportações brasileiras, em uma ação que pode ter efeitos positivos para diversos setores, inclusive em estados do Nordeste. A medida deve estimular a retomada de vendas para o mercado norte-americano e aliviar pressões sobre cadeias produtivas exportadoras.

O que mudou na política tarifária dos EUA?

Segundo fontes, o presidente dos EUA revogou uma taxa adicional de 10% imposta a centenas de produtos brasileiros, retroativa a 13 de novembro de 2025, e haverá reembolso de tributos já recolhidos.
No entanto, entidades brasileiras alertam que a sobretaxa de 40%, aplicada em julho, ainda permanece para muitos itens estratégicos.

Impactos para os setores exportadores do Nordeste

EXPORTAÇÕES BAIANAS foto divulgação governo da bahia
EXPORTAÇÕES BAIANAS foto divulgação governo da bahia

O Nordeste brasileiro possui uma economia bastante integrada com a pauta exportadora nacional, e alguns de seus principais setores podem ser diretamente influenciados por essa mudança nas tarifas.

  1. Celulose e madeira
    • Parte significativa das exportações nordestinas está vinculada ao setor de celulose e produtos de madeira. De acordo com análises regionais, esses produtos fazem parte dos itens que, no passado, sofreram tarifas extras, mas agora podem ter alívio com a retirada parcial das sobretaxas.
    • A Agência Brasil informou que os EUA retiraram tarifas extras sobre celulose brasileira, o que beneficia diretamente empresas produtoras desse insumo, muitas das quais estão localizadas no Nordeste.
  2. Mineração e minerais estratégicos
    • Relatórios econômicos da FGV destacam que minerais como minério de ferro, estanho e carvão exportados pelo Brasil — presentes na pauta de regiões nordestinas — podem ter parte de suas exportações beneficiadas pela medida.
    • A redução das barreiras comerciais favorece empresas mineradoras locais, que agora têm mais competitividade para retomar ou expandir suas vendas ao mercado americano.
  3. Energia (petróleo e combustíveis)
    • Embora o Nordeste não seja a principal região exportadora de petróleo, o setor energético nacional (incluindo petróleo e gás) tem parte de seus produtos isentos das tarifas extras, segundo dados do governo.
    • A retomada de exportações de energia pode repercutir positivamente em estados nordestinos ligados à cadeia de produção ou refinamento, reforçando investimentos no setor energético local.
  4. Frutas e sucos tropicais
    • Entre os produtos citados nas análises para isenção ou redução tarifária, estão frutas e derivados, como suco de laranja.
    • Estados do Nordeste que produzem frutas tropicais para exportação podem se beneficiar, aproveitando a maior competitividade nos EUA. Isso pode levar a incremento nos negócios com produtores locais de frutas, processamento e exportação.

Limites da medida: por que nem tudo está “zerado”?

Apesar de a retirada de certas tarifas representar um avanço, várias vozes do setor apontam que o alívio é parcial:

  • A sobretaxa de 40% ainda recai sobre muitos produtos importantes, segundo entidades industriais.
  • A Confederação Nacional da Indústria (CNI) ressalta que, embora 80 itens tenham sido beneficiados, a maioria das exportações brasileiras ainda enfrenta barreiras altas.
  • Setores como química, vestuário, máquinas e equipamentos também foram duramente atingidos pelas tarifas e exigem negociações contínuas para uma desoneração mais ampla.

Ações do Brasil para compensar os impactos

O governo brasileiro já prevê medidas para mitigar os efeitos das tarifas impostas anteriormente. Entre elas:

  • Liberou R$ 30 bilhões via MP para apoiar exportadores afetados pelas sobretaxas americanas, por meio do Plano Brasil Soberano.
  • Mantém diálogo diplomático para ampliar a lista de exclusões tarifárias junto aos EUA e restaurar a competitividade de produtos nacionais.

Alívio para o Nordeste, mas atenção continua

Para a região Nordeste, a retirada de algumas tarifas extras pelos EUA representa uma oportunidade de reaquecer exportações de celulose, minerais, frutas e produtos energéticos. No entanto, a permanência de sobretaxas mais elevadas para diversos produtos evidencia que o caminho para a plena normalização comercial ainda exige negociações e cautela.

Empresas exportadoras nordestinas podem aproveitar esse momento para reforçar sua presença no mercado americano, mas também devem acompanhar de perto as decisões diplomáticas e regulatórias que ainda podem afetar o acesso ao país.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.