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E se “Largados e Pelados Brasil” fosse gravado no Sertão da Bahia?

Mas surge uma pergunta inevitável: como seria se o programa fosse gravado no Nordeste do Brasil, mais precisamente no Raso da Catarina, no sertão da Bahia?
Eliseu Lins, da Agência NE9
25 de setembro de 2025 - às 06:26
Atualizado 25 de setembro de 2025 - às 06:26
4 min de leitura

O reality “Largados e Pelados Brasil – A Tribo” está de volta com uma temporada especial gravada na África do Sul, onde dez participantes veteranos precisam sobreviver por 30 dias em plena savana africana, nas proximidades do Parque Nacional Kruger. Sem roupas, sem comida e sem água, os competidores encaram animais selvagens, escassez de recursos e temperaturas extremas.

Mas surge uma pergunta inevitável: como seria se o programa fosse gravado no Nordeste do Brasil, mais precisamente no Raso da Catarina, no sertão da Bahia?

Raso da Catarina
Raso da Catarina foto divulgação

Raso da Catarina: um dos ambientes mais inóspitos do Brasil

Localizado no sertão baiano, o Raso da Catarina é uma região semiárida marcada por temperaturas que ultrapassam os 40°C durante o dia e caem drasticamente à noite. Além disso, o solo pedregoso, a vegetação espinhosa da caatinga e a escassez de água fariam do local um desafio comparável, ou até mais extremo, do que a savana africana.

Dessa maneira, os sobreviventes precisariam lidar com condições ambientais severas, onde cada recurso exige esforço e criatividade.

Quais seriam os principais desafios dos Peladões no Sertão?

Se “Largados e Pelados” fosse gravado no Raso da Catarina, os participantes provavelmente enfrentariam:

  • Falta de água: a escassez de rios e lagos tornaria a coleta de água potável um dos maiores obstáculos.
  • Vegetação hostil: a caatinga é repleta de cactos e plantas espinhosas, exigindo cuidado constante.
  • Calor extremo: temperaturas elevadas durante o dia poderiam causar desidratação e insolação.
  • Frio noturno: apesar do calor, as noites no sertão podem ser geladas, exigindo improvisação para se aquecer.
  • Escassez de caça: encontrar animais de médio porte seria difícil, limitando a alimentação.
  • Insetos e répteis: escorpiões, cobras e aranhas viriam como ameaça constante.

O que poderiam comer?

A alimentação seria baseada nos recursos da caatinga nordestina, como:

  • Cactos (mandacaru e xiquexique) – ricos em água, usados tradicionalmente para matar a sede.
  • Frutos da caatinga – como umbu, licuri e maracujá-do-mato.
  • Caça de pequeno porte – como preás, lagartos e aves da região.
  • Mel de abelhas nativas – fonte de energia valiosa.
  • Raízes e tubérculos adaptados ao semiárido.
  • Largatos e aves

Um cenário de sobrevivência real

Assim como no Jalapão e no Parque Estadual do Cantão (Tocantins), onde edições anteriores já foram gravadas, o sertão da Bahia representaria um laboratório natural de sobrevivência. Contudo, o Raso da Catarina não só testaria a resistência física dos competidores, como também exigiria habilidades específicas para lidar com os recursos limitados e o ambiente hostil da caatinga.

O que a produção ganharia com esse cenário?

Se escolhido como palco de uma futura edição, o sertão nordestino poderia colocar em evidência:

  • A riqueza ecológica da caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro.
  • A resiliência cultural do povo nordestino, que há séculos aprende a viver em harmonia com o semiárido.
  • A possibilidade de transformar o programa em um documentário vivo sobre adaptação humana a um dos ambientes mais desafiadores do país.

Portanto, o Brasil – em especial o Nordeste – reúne cenários únicos que poderiam servir como palco ideal para uma temporada no formato A Tribo, sem deixar nada a dever a outras partes do mundo. Afinal, enfrentar dificuldades e superar perrengues, sempre com esperança de um final feliz, é uma característica marcante do povo nordestino.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.