A internacionalização de empresas brasileiras já é uma realidade. Segundo dados da Fundação Dom Cabral, em 2021, empresas criadas no Brasil estão presentes e atuam diretamente em 40,8% do globo. Uma das principais metas que empresas e startups nacionais em processo de internacionalização buscam alcançar é entrar no disputado mercado norte-americano.
Em 2020, a Hand Talk, a socialtech – como são chamadas as startups de impacto – , deu seus primeiros passos nos Estados Unidos. Dois anos depois, alcançou a marca de 30% da sua base de usuários estar fora do Brasil.
A escolha dos Estados Unidos como alvo preferencial tem seus motivos. Segundo a mais recente pesquisa da APEX-Brasil, os empreendedores brasileiros consideram o mercado americano parecido com o do Brasil e mais fácil de entender. De acordo com o mesmo levantamento, negócios que se estruturam para exportar e internacionalizar produtos ou serviços têm mais chance de aumentar o faturamento e crescer.
No entanto, a jornada de internacionalizar um produto não é fácil. Carlos Wanderlan, CTO da Hand Talk, relembra das dificuldades que a Hand Talk enfrentou ao longo do caminho: “Desde o momento que decidimos incluir ASL (Língua Americana de Sinais) no aplicativo, sabíamos que os desafios seriam imensos. Por se tratar de uma nova língua, teríamos que treinar um novo modelo de inteligência artificial. Mas, poder levar essa experiência e o impacto social que a Hand Talk tem aqui no Brasil para os usuários americanos era o maior objetivo”.
Números
Atualmente, existem cerca de 1,4 milhão de usuários ativos que utilizam o aplicativo em ASL. Desses, aproximadamente 650 mil estão nos Estados Unidos. O Hand Talk App já realizou 15 milhões de traduções e acumula mais de 46 milhões de palavras traduzidas para a Língua Americana de Sinais.
Vale ressaltar que a Língua de Sinais não é universal, porém mais de um país pode adotar a mesma língua para se comunicar. A Língua Americana de Sinais, por exemplo, também é falada no Canadá, México, Singapura, Nigéria, entre outros.
Inteligência Artificial
Para dar conta do volume de traduções em ASL, o novo modelo de Inteligência Artificial que a startup usa tem abastecimento do Community, uma plataforma colaborativa de coleta de dados. “O Hand Talk Community é uma inovação criada pela nossa equipe de Inteligência Artificial que permite a coleta de dados de forma específica e precisa. A plataforma é para usuários nativos em Línguas de Sinais, assim como intérpretes surdos e ouvintes. Também temos voluntários em todo o mundo que contribuem, desde que sejam fluentes em alguma Língua de Sinais”, explica Luciana Pais, consultora linguística, especialista em Libras e ASL da Hand Talk.
“Hoje a aceitação da Língua Americana de Sinais tem sido excelente, como podemos perceber pelo público internacional que já corresponde a 30% da nossa base de usuários mensais no aplicativo”, comenta Carlos. Agora, Hand Talk continua investindo no seu crescimento no mercado internacional, com o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias que possam levar a acessibilidade em Línguas de Sinais para todos os países.
Sobre a Hand Talk
Fundada em 2012 em Maceió (AL), a startup Hand Talk foca em fazer bom uso da tecnologia trazendo mais acessibilidade para o mundo. A empresa oferece dois produtos diferentes. O Hand Talk App, que realiza traduções digitais e automáticas para Libras e ASL (Língua Americana de Sinais). Já o Hand Talk Plugin, que torna sites acessíveis para a comunidade surda com traduções para Libras. Ambas as soluções contam com a ajuda de seus tradutores virtuais, o Hugo e a Maya. Esses dois vão além de apenas traduzir conteúdo, mas também estão aproximando pessoas através do uso da tecnologia e comunicação, aplicada em diversos ambientes, como salas de aula e famílias. Com sua ajuda, a Hand Talk busca quebrar barreiras de comunicação, contribuindo para um mundo mais justo e inclusivo.