Você sabia que o Nordeste do Brasil abriga alguns dos terroirs mais distintos e reconhecidos do país? Com 23 Indicações Geográficas (IGs) registradas até agora — de um total de 134 em todo o território nacional — a região se destaca por produtos com origem, tradição e qualidade inconfundíveis.
A princípio, esse reconhecimento é concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), por meio do selo de Indicação Geográfica, que assegura que determinado produto ou serviço possui qualidades diretamente ligadas ao seu local de origem.
O que é uma Indicação Geográfica?
A Indicação Geográfica (IG) é uma certificação que protege e valoriza produtos ou serviços cuja reputação, características e tradição estejam ligadas a uma determinada área geográfica. Ela é dividida em duas categorias:
- Indicação de Procedência (IP): Valoriza a notoriedade e o saber fazer local, protegendo a relação histórica e a tradição da região com o produto.
- Denominação de Origem (DO): Vai além da tradição e reconhece que as qualidades do produto dependem exclusivamente das condições geográficas, naturais e humanas daquela localidade.
Esse sistema beneficia produtores, estimula o turismo regional, fomenta a economia e preserva o conhecimento tradicional.
Por que os terroirs nordestinos são tão importantes?
No Nordeste, os produtos com IG revelam a diversidade climática, cultural e produtiva da região. De frutas tropicais e bebidas artesanais até frutos do mar e artesanato, as IGs nordestinas representam a força da economia local e a valorização da cultura regional.
A seguir, conheça 10 terroirs do Nordeste certificados com Indicação Geográfica e descubra o que torna cada um deles único:
10 Terroirs do Nordeste com Indicação Geográfica
Região | Produto Certificado | Espécie de IG | Entidade Responsável |
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Vale do Submédio São Francisco (BA/PE) | Uvas de mesa e mangas | Indicação de Procedência | Conselho da Univale |
Oeste da Bahia | Café verde em grãos (Coffea arábica) | Indicação de Procedência | Associação dos Cafeicultores do Oeste da Bahia |
Costa Negra (CE) | Camarões | Denominação de Origem | Associação dos Carcinicultores da Costa Negra – ACCN |
Manguezais de Alagoas | Própolis vermelha e extrato de própolis | Denominação de Origem | União dos Produtores de Própolis Vermelha do Estado de Alagoas – Uniprópolis |
Mossoró (RN) | Melão | Indicação de Procedência | Comitê Executivo de Fruticultura do RN – COEX |
Piauí | Cajuína | Indicação de Procedência | União das Associações e Cooperativas de Produtores de Cajuína – PROCAJUÍNA |
Comunidade Alegria (BA) | Aguardente de Cana (Cachaça artesanal) | Indicação de Procedência | Associação dos Produtores de Aguardente de Qualidade da Microrregião de Abaíra |
Sul da Bahia | Amêndoas de cacau (Theobroma cacao L.) | Indicação de Procedência | Associação dos Produtores de Cacau do Sul da Bahia |
Vale do São Francisco (BA/PE) | Vinhos finos, espumantes e moscatel espumante | Indicação de Procedência | Instituto do Vinho do Vale do São Francisco |
Microrregião de Abaíra (BA) | Artesanato local | Indicação de Procedência | Associação de Artesanato da Comunidade |

Um bom exemplo: Camarão da Costa Negra
Produzido no litoral Oeste do Ceará, o camarão da Costa Negra ganhou certificação de indicação geográfica pelo Inpi, com reconhecimento de qualidade alemã — feito inédito para crustáceos. Criado em 32 fazendas e uma indústria no Baixo Acaraú, o produto se destaca pelo sabor único, resultado do clima, solo rico e manejo diferenciado. Além disso, com produção anual de 9 mil toneladas e quase 5 mil empregos gerados, 99% da oferta abastece o mercado interno, sendo vendido até 40% mais caro que a média mundial. O selo garante rastreabilidade e competitividade, impulsionando a economia local e consolidando o camarão como um ícone gastronômico do Nordeste.
Muito além do selo: tradição, valor agregado e turismo
Mais do que um certificado, a Indicação Geográfica é uma estratégia de desenvolvimento regional. Além disso, ela confere visibilidade aos produtos, aumenta seu valor no mercado, fortalece a identidade das comunidades e estimula o turismo de experiência e o consumo consciente.
Afinal, cada IG representa uma tradição preservada, um modo de vida valorizado e uma economia local fortalecida — fatores que tornam o Nordeste um celeiro de originalidade, sabor e saber.
Portanto, com a ascensão de movimentos em prol da produção artesanal, do consumo de origem controlada e da valorização do local, os terroirs nordestinos se firmam como protagonistas em um novo modelo de desenvolvimento rural e urbano, que une tradição e inovação.
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