A recente visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ao Brasil, durante a Cúpula do BRICS, reforçou as discussões sobre oportunidades comerciais entre os dois países. Um dos destaques foi o Fórum Econômico Brasil-Índia, que discutiu formas de ampliar a cooperação bilateral. E o Nordeste brasileiro tem tudo para sair ganhando com essa aproximação, especialmente por ser um grande produtor de cana-de-açúcar, açúcar e etanol – produtos de alto interesse para a Índia.
Por Que o Nordeste Pode se Destacar?
1. Potencial no Agronegócio e Biocombustíveis
A princípio, o Nordeste é uma das principais regiões produtoras de cana-de-açúcar do Brasil, com estados como Pernambuco, Alagoas e Bahia liderando a produção. Ao mesmo tempo, a Índia, por sua vez, é um dos maiores consumidores globais de açúcar e está investindo pesado em etanol para reduzir sua dependência de combustíveis fósseis.
De acordo com Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) “podemos, juntos, ser protagonistas no fornecimento de combustível sustentável de aviação para o mundo. Quem busca complementariedade, e não competição, sai na frente.”
Em sum,a, isso abre portas para:
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Aumento das exportações de açúcar e etanol do Nordeste para a Índia.
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Investimentos em tecnologia para melhorar a eficiência da produção de biocombustíveis.
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Parcerias em combustível sustentável de aviação (SAF), um mercado em expansão global.
2. Criação do Conselho Empresarial Brasil-Índia
Durante o fórum, foi anunciada a formação de um Conselho Empresarial para facilitar negociações entre os dois países. Isso pode impulsionar:
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Novos acordos comerciais com benefícios para exportadores nordestinos.
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Atração de investimentos indianos em infraestrutura e agroindústria na região.
3. Oportunidades Além do Açúcar
A Índia também é um grande player na indústria farmacêutica e de químicos, setores que podem se beneficiar de trocas tecnológicas com polos industriais nordestinos, como o Porto de Suape (PE) e o Polo Industrial de Camaçari (BA).

Brasil e Índia em Números (2023-2024)
Indicador | Dados |
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Posição da Índia no ranking de economias | 5ª maior (atrás de EUA, China, Alemanha e Japão) |
Exportações brasileiras para a Índia (2024) | 13º maior destino |
Principal produto exportado (Brasil → Índia) | Açúcar (mesmo com tarifa de 100%) |
Importações brasileiras (Índia → Brasil) | 6ª maior origem (destaque para fármacos e químicos) |
Investimentos indianos no Brasil (2023) | US$ 2,93 bilhões (28º no ranking) |
Investimentos brasileiros na Índia (2023) | US$ 41,21 milhões (63º no ranking) |
Índia é uma janela de oportunidades para o Nordeste
Assim, com a Índia buscando diversificar suas fontes de açúcar e etanol, o Nordeste pode se tornar um hub estratégico para parcerias comerciais. Além disso, a criação de um conselho empresarial deve facilitar negociações e atrair investimentos.
Se o Brasil souber aproveitar essa complementariedade econômica, o Nordeste tem tudo para se consolidar como um importante fornecedor global de biocombustíveis e açúcar. Desse modo, vai gerar mais empregos e desenvolvimento regional.