O ano de 2023 ficará marcado como o período em que o mercado automotivo se dividiu, impulsionado pela votação da reforma tributária. Um dos principais pontos de discussão foi a renovação dos benefícios fiscais para indústrias automobilísticas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste até dezembro de 2032. Nesse embate, a Stellantis, liderando o grupo pró-renovação, saiu vitoriosa, gerando impactos significativos na dinâmica do setor.
A aprovação dos benefícios não estava presente no texto-base votado em julho na Câmara dos Deputados, mas foi inserida em novembro durante a apreciação do Senado. O ponto referente à renovação dos incentivos fiscais foi o mais polêmico de toda a votação, causando debates intensos entre representantes das regiões Sul e Sudeste e Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
A Stellantis, fabricante que possui um polo em Goiana (PE), será beneficiada com a extensão dos incentivos fiscais até 2032. Mendonça Filho, representante de Pernambuco, defendeu a manutenção dos benefícios no plenário, destacando que a Stellantis gerou mais de 14 mil empregos na região e representou um impacto econômico significativo para Pernambuco e o Nordeste como um todo. A decisão visa dar um período de transição para empresas como a Stellantis e a BYD, na Bahia.
Os deputados que se opuseram à prorrogação dos incentivos pertenciam a partidos como PL, Podemos, Novo, Republicanos, MDB e PSD. A polarização de opiniões reflete as diferentes realidades econômicas e interesses regionais.
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Incentivos são para diminuir discrepância competitiva
Em entrevista, Fabrício Biondo, vice-presidente de Comunicação Corporativa da Stellantis, destacou que os incentivos são para reduzir a discrepância competitiva de cerca de 20% na produção entre as regiões Nordeste e Sul/Sudeste. Ele ressaltou a importância de unir esforços para fortalecer a indústria nacional em um contexto global.
O Polo Automotivo Stellantis em Goiana, inaugurado em 2015, se tornou um catalisador de transformação socioeconômica em Pernambuco. Com mais de 14,6 mil trabalhadores empregados, o polo aumentou os ganhos de participação na economia local e contribuiu para o desenvolvimento educacional na região.
Um estudo da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan) revela que a chegada da planta automotiva em Goiana resultou no aumento das taxas de aprovação no ensino fundamental e médio nos municípios da área de influência da Stellantis. Além disso, o polo investe em parcerias educacionais com universidades locais, qualificando profissionais para atuar na indústria automotiva.
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O impacto social é perceptível não apenas na economia local, mas também na mudança de perspectiva dos jovens em relação às oportunidades de trabalho. Marylia Baié, analista de manufatura na Stellantis, destaca que o polo trouxe oportunidades antes vistas como distantes. A empresa não só movimenta a economia regional como também contribui para o desenvolvimento educacional e profissional da região Nordeste.
A reforma tributária, ao estender os benefícios fiscais para regiões menos desenvolvidas, busca equilibrar as disparidades regionais. Dessa forma, impulsiona o desenvolvimento econômico e a geração de empregos no Nordeste. O debate polarizado reflete a complexidade de conciliar interesses distintos. Contudo, a decisão final busca criar um ambiente propício para o crescimento econômico sustentável em todo o país.