Nesta semana, a Fundação Casa de José Américo (FCJA) completou dez encontros virtuais do evento virtual História Cultural da Paraíba – Diálogos Presentes. O teatro e o cinema paraibanos foram os temas dos encontros, com as participações dos teatrólogos Paula Coelho e Paulo Vieira, a atriz Zezita Matos e o cineasta João de Lima. Os debates aconteceram na terça (23) e nesta quinta-feira (25), com mediação do jornalista e professor Carmélio Reynaldo. O evento virtual ocorre no canal oficial da FCJA no YouTube, sempre a partir das 9h30, até a primeira quinzena de julho.
A encenadora Paula Coelho, também atriz e professora de teatro da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), falou sobre a experiência do Coletivo de Teatro Alfenim, do qual é uma das criadoras, sobre a importância de unir a prática teatral com a docência e sobre a necessidade de o teatro se reinventar para se manter no palco. “Isso é necessário, apesar de o teatro não ser uma arte de massas, para muitos”, diz ela. Para tal, ela dá como exemplo o próprio Alfenim, que produz um teatro político, baseado no dramaturgo alemão Bertolt Brecht. O grupo não monta as suas peças, mas se inspira nos experimentos sociológicos pelos quais ele aperfeiçoava a sua teoria, a sua crítica e o seu pensamento – uma prática teatral que, dificilmente, teria o mesmo apelo público de uma comédia.
De acordo com o dramaturgo, diretor e ator Paulo Vieira – atualmente, coordenador do mestrado em artes pela UFPB –, o teatro paraibano teve um incremento considerável a partir dos anos 1980, quando encenadores e atores saíram da Paraíba para estudar a teoria teatral e voltaram para montar espetáculos que conquistaram público e crítica por onde passaram – com destaque para “Vau da Sarapalha”, de Luiz Carlos Vasconcelos –, e quando foi criado o curso de artes na UFPB, importante para a profissionalização dessa arte. No entanto, para ele, atualmente o teatro fala apenas para si mesmo. “Precisamos voltar a dialogar com o público. No teatro, a crise é permanente, mas sempre houve público, diferente do que acontece hoje. Temos que pensar sobre isso e buscar saídas”, avaliou.
Sétima arte – Nesta quinta-feira (25), foi a vez do cinema paraibano. A premiada atriz Zezita Matos, atual presidente da Academia de Cinema da Paraíba, e o professor e cineasta João de Lima, um dos fundadores do curso de cinema e audiovisual da UFPB, falaram sobre investimento, produção, exibição, preservação da memória cultural e, em tempos de pandemia, sobre o advento do cinema remoto e o retorno do cine drive-in. “Na Paraíba, temos mais de 60 pessoas ligadas à cadeia de produção cinematográfica que foram afetadas pela pandemia. A volta dos festivais incentivados nas cidades do interior, com edital lançado recentemente pelo governo estadual, será uma saída”, acredita João de Lima.
Zezita começou a sua fala homenageando os amigos e incentivadores Wills Leal e Marcos Tavares (ambos falecidos recentemente) e as mais de 50 mil famílias que perderam entes para a covid-19. “No pós-pandemia, teremos de lutar ainda mais para fortalecer e disseminar a nossa cultura cinematográfica. Muitos dizem não gostar do cinema nacional, mas como gostar, se não têm acesso a ele? Eventos em praças e escolas serão fundamentais para isso”, diz. Segundo ela, fazer arte em um país que não a valoriza é uma responsabilidade muito grande. “Um país sem cultura é um país sem memória”, salienta.
Todos os painéis do evento virtual História Cultural da Paraíba – Diálogos Presentes estão à disposição no canal da FCJA no YouTube desde a primeira semana, para quem não viu ou pretende rever as discussões anteriores. Para acessar, basta clicar em https://bityli.com/Nvw6s.
FONTE: SECOM PB