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Brandão defende fundo internacional financiado por grandes poluidoras na COP30

O governador do Maranhão, Carlos Brandão, defendeu durante a COP30, em Belém (PA), a criação de um fundo internacional financiado por grandes empresas poluidoras — especialmente petrolíferas, mineradoras, companhias de gás e carvão — para ...
Eliseu Lins, da Agência NE9
14 de novembro de 2025 - às 09:25
Atualizado 14 de novembro de 2025 - às 09:25
5 min de leitura

O governador do Maranhão, Carlos Brandão, defendeu durante a COP30, em Belém (PA), a criação de um fundo internacional financiado por grandes empresas poluidoras — especialmente petrolíferas, mineradoras, companhias de gás e carvão — para custear projetos ambientais em países e regiões menos desenvolvidas. A proposta reforça a necessidade de que nações ricas e indústrias mais emissoras assumam parte da responsabilidade pelo financiamento climático global.

Segundo o governador, os debates recorrentes sobre financiamento na COP “não podem seguir apenas no discurso”.
“As indústrias poluidoras têm que financiar um percentual do faturamento para um fundo de preservação ambiental. Caso contrário, vamos de COP em COP sem avanços reais”, afirmou Brandão.

Por que é importante a proposta do Fundo dos Polidores?

A sugestão de Brandão acompanha uma pauta central da COP30: quem paga a conta da adaptação climática e da preservação ambiental?

Ele destaca que muitas dessas grandes corporações já destruíram parte dos seus ecossistemas de origem e agora cobram que países pobres preservem suas florestas sem apoio financeiro adequado.

O fundo defendido pelo governador:

  • Destinaria recursos a projetos já estruturados e a novas iniciativas ambientais;
  • Seria baseado em prestação de contas e metas de impacto;
  • Permitiria acelerar ações de combate ao desmatamento, queimadas e recuperação de áreas degradadas;
  • Criaria um mecanismo permanente de financiamento para países em desenvolvimento.

Maranhão apresenta ações sustentáveis e projetos inovadores

COP30. Imagem: ONU

Durante a COP30, Brandão também apresentou iniciativas que já estão em curso no estado, reforçando que o Maranhão tem buscado soluções práticas enquanto cobra compromisso internacional.

Primeira universidade indígena do Brasil

Um dos destaques foi o anúncio da primeira universidade indígena do país, que será instalada na Terra Indígena Araribóia, em Amarante.

O projeto, desenvolvido com o Instituto Tukán, Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão (Fapema), Universidade Estadual e Ministério dos Povos Indígenas, busca:

  • Criar cursos específicos alinhados aos saberes tradicionais;
  • Garantir currículos que preservem a identidade cultural indígena;
  • Fortalecer a formação de professores indígenas — 56 já foram capacitados pelo estado;
  • Integrar comunidades de diferentes regiões do país.

Trata-se de uma inovação histórica, construída após extensa escuta de lideranças e mestres do conhecimento tradicional.

Acordos ambientais e recuperação de áreas degradadas

Brandão também informou que o Maranhão firmou um acordo de US$ 100 milhões com a empresa suíça Mercúria, dentro de um modelo de compensações ambientais que substitui multas por investimentos diretos.

Com esses recursos, o governo está recuperando áreas degradadas em municípios como:

  • São Bento
  • Santa Luzia
  • Paço do Lumiar
  • Rosário
  • Barra do Corda
  • Amarante
  • Arari
  • Entre outros

O programa tem distribuído mudas de juçara, espécie nativa fundamental para regeneração de áreas tropicais.

Além disso, o estado anunciou a criação de três novos parques ecológicos em Colinas, Pastos Bons e São Mateus, além do Complexo Ecológico de Atins, financiado por compensações ambientais.

Prevenção às queimadas e ranking de alertas

O Maranhão tem enfrentado desafios severos relacionados ao fogo.
Dados do Inpe mostram que o estado chegou a ocupar o segundo lugar no ranking nacional de queimadas em 2025.

Para enfrentar o problema, foram firmadas novas parcerias na COP30 para:

  • Monitoramento climático;
  • Capacitação de brigadistas;
  • Ações de prevenção e resposta rápida;
  • Investimentos em governança fundiária e ordenamento territorial.

R$ 15 milhões para regularização ambiental e fundiária

O estado receberá R$ 15 milhões de um projeto de R$ 60 milhões financiado pelo Fundo Brasil ONU, com apoio do governo do Canadá, ONU Brasil e Consórcio da Amazônia Legal.

A iniciativa visa:

  • Regularização ambiental e fundiária;
  • Redução de conflitos por terra;
  • Minimização das pressões sobre áreas de floresta.

De 2022 a 2025, já foram entregues quase 18.500 títulos de propriedade e 27 títulos para comunidades quilombolas — um passo importante para assegurar direitos territoriais e reduzir conflitos.

Contexto fundiário e violência: o desafio continua

Apesar dos avanços, relatório da CPT (Comissão Pastoral da Terra) mostra que o Maranhão concentrou 21,6% das ameaças de morte em conflitos de terra registrados em 2024. A pressão fundiária segue como uma das principais causas de violência no campo, exigindo políticas contínuas de proteção e mediação.

A participação do Maranhão na COP30 reforça a combinação entre ação local e cobrança internacional.
Ao defender um fundo global financiado pelas maiores poluidoras do mundo, Brandão coloca o debate no centro da justiça climática: quem destrói mais, deve financiar mais.

Enquanto isso, o estado evidencia projetos concretos — da universidade indígena à recuperação ambiental — e mostra que, com recursos adequados, pode acelerar a transição para um futuro mais sustentável.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.