Pesquisadores do Instituto Federal da Bahia (IFBA), campus Salvador, estão na vanguarda de uma revolução energética no Brasil. O doutor Francislei Santos lidera o desenvolvimento de um novo reator fotoeletroquímico em formato de U, capaz de produzir hidrogênio verde (H2V) de maneira mais limpa, econômica e eficiente. Além disso, a inovação elimina o uso de membranas e produtos químicos agressivos, reduzindo o impacto ambiental e os custos de produção.
Tecnologia limpa e acessível, com DNA nordestino

A produção de hidrogênio verde a partir da água utilizando energia solar é uma das grandes apostas para o futuro sustentável da matriz energética global. A pesquisa do IFBA vai além: ela incorpora grafeno de origem vegetal, uma inovação que potencializa o desempenho do reator. “É a primeira tecnologia de H2V a utilizar esse tipo de grafeno”, destaca Francislei.
Portanto, a motivação para o desenvolvimento do projeto surgiu de descobertas anteriores do pesquisador. Em 2015, durante experimentos com urina humana em estações de tratamento, ele obteve hidrogênio de forma inesperada usando uma placa fotovoltaica. O resultado ganhou repercussão internacional e inspirou a atual linha de pesquisa.
“Nosso reator opera sem membrana, o que evita a geração de resíduos e o uso de insumos como o hidróxido de potássio, que são inviáveis em larga escala”, explica Francislei Santos.
Resultados promissores e novos testes
Consequentemente, o protótipo já apresentou resultados animadores, realizando com sucesso reações fotoeletroquímicas sob Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP). As análises espectroscópicas Raman confirmaram a eficácia do catalisador vegetal utilizado. A próxima etapa será a verificação da pureza dos gases por meio de cromatografia gasosa, um método preciso e essencial para a validação industrial.
Além disso, a tecnologia já está patenteada e conta com o apoio do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), dentro do Programa de Mentoria em Propriedade Industrial (PMPI). Dessa forma, a iniciativa também integra o Catalisa ICT, do Sebrae Nacional, que conecta ciência aplicada a soluções para o setor produtivo.
Bahia Faz Ciência: valorizando o conhecimento local
Em resumo, o projeto integra a série “Bahia Faz Ciência”, da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), criada para valorizar e divulgar o trabalho de cientistas baianos em áreas estratégicas como energia, saúde, educação e sustentabilidade. Assim, os artigos são publicadas semanalmente e contribuem para mostrar como o Nordeste está na linha de frente da inovação científica no Brasil.
Inovação em Hidrogênio Verde na Bahia
Aspecto | Detalhes |
---|---|
Tecnologia | Reator fotoeletroquímico em U, sem membrana |
Instituição | Instituto Federal da Bahia (IFBA), Campus Salvador |
Pesquisador responsável | Dr. Francislei Santos |
Inovação | Uso de grafeno vegetal, ausência de produtos químicos agressivos |
Energia utilizada | Luz solar |
Resultados iniciais | Reações bem-sucedidas sob CNTP, validação via espectroscopia Raman |
Próximos passos | Análise da pureza dos gases com cromatografia gasosa |
Apoios institucionais | INPI (PMPI), Sebrae (Catalisa ICT), Secti/BA |
Aplicações potenciais | Aviação, transporte elétrico, geração de energia limpa |
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