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Alcântara se prepara para primeiro lançamento comercial de foguete sul-coreano no Brasil

O protagonista da operação será o HANBIT-Nano, foguete desenvolvido pela startup sul-coreana Innospace, selecionada por meio de um edital da Agência Espacial Brasileira (AEB).
Eliseu Lins, da Agência NE9
7 de outubro de 2025 - às 07:58
Atualizado 7 de outubro de 2025 - às 07:58
4 min de leitura

O Maranhão será palco de um marco histórico para a indústria aeroespacial brasileira. Entre os dias 13 de outubro e 7 de novembro de 2025, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) sediará o primeiro lançamento comercial de um foguete a partir do território nacional. O evento, coordenado pela Força Aérea Brasileira (FAB), reforça o papel estratégico do CLA no cenário espacial internacional.

Foguete sul-coreano abrirá nova era para o espaço brasileiro

O protagonista da operação será o HANBIT-Nano, foguete desenvolvido pela startup sul-coreana Innospace, selecionada por meio de um edital da Agência Espacial Brasileira (AEB). O veículo tem a missão de colocar pequenos satélites em órbita, representando um avanço importante na utilização comercial da base de Alcântara.

Com 21,8 metros de altura, 1,4 metro de diâmetro e um motor que gera 25 toneladas de empuxo, o foguete é capaz de transportar até 90 quilos de carga útil em órbitas síncronas ao Sol (SSO), podendo alcançar 500 quilômetros de altitude.

Lançamento consolida Alcântara no mercado aeroespacial

A autorização para a missão foi concedida pela AEB em maio de 2025, abrindo caminho para que o Brasil ingresse de forma efetiva no mercado global de lançamentos espaciais. Segundo a agência, o CLA tem condições privilegiadas para o setor, especialmente por sua proximidade com a linha do Equador, o que reduz custos e aumenta a eficiência dos lançamentos.

A Innospace já havia testado suas operações no país em março de 2023, com o lançamento experimental do HANBIT-TLV, considerado um ensaio bem-sucedido para as futuras missões comerciais. Esse avanço foi possível graças ao Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), firmado entre Brasil e Estados Unidos em 2019, que permite o uso de tecnologias espaciais estrangeiras sob proteção em território nacional.

Vista área do Aeroporto de Alcântara Foto Agência Espacial Brasileira

Impulsionando o futuro da indústria espacial no Nordeste

Com o lançamento do HANBIT-Nano, o Centro de Lançamento de Alcântara reforça sua posição como base estratégica para missões espaciais comerciais, abrindo novas oportunidades de cooperação tecnológica e investimentos. O foco inicial está em microssatélites e operações orbitais de pequeno porte, um segmento que cresce rapidamente no mundo e que pode gerar empregos qualificados, inovação e desenvolvimento científico para o Nordeste brasileiro.

O evento de 2025 não será apenas um feito técnico — será também um símbolo do novo papel do Brasil na corrida espacial, combinando inovação, parceria internacional e o fortalecimento da presença nordestina na indústria de alta tecnologia.

Dados técnicos do foguete HANBIT-Nano

CaracterísticaDescrição
OrigemCoreia do Sul (Innospace)
Altura21,8 metros
Diâmetro1,4 metro
Empuxo do motor25 toneladas
Capacidade de carga útilAté 90 kg
Tipo de órbitaSSO – Órbita síncrona ao Sol
Altitude máxima500 km
Período de lançamento13 de outubro a 7 de novembro de 2025
LocalCentro de Lançamento de Alcântara (MA)

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Impacto e potencial para o Maranhão

Mais do que um feito tecnológico, o lançamento do HANBIT-Nano representa uma oportunidade estratégica para o Maranhão. A operação deve atrair investimentos em infraestrutura, capacitação técnica e inovação, gerando empregos de alta qualificação e novos negócios no entorno de Alcântara.

Além disso, a presença crescente de empresas internacionais no local tende a estimular a formação de um ecossistema aeroespacial nordestino, com impacto direto na economia estadual e na consolidação do Brasil como player global no mercado de microssatélites.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.