O recente Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) promete abrir novas frentes para a economia brasileira e, em especial, para o Nordeste, região que concentra grande potencial produtivo em setores estratégicos.
Com a assinatura, o Brasil terá melhores condições de acesso a países de alto poder aquisitivo como Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. Em contrapartida, o EFTA eliminará 100% das tarifas de importação sobre produtos industriais e pesqueiros do Mercosul, enquanto o Brasil liberará 97% do comércio bilateral.
Oportunidades para o Nordeste na Europa
A princípio, o acordo chega em um momento estratégico, principalmente para o Nordeste, que poderá expandir exportações em diferentes segmentos. Assim. entre os principais produtos e setores beneficiados estão:
- Frutas do Vale do São Francisco (PE/BA): uvas e mangas já são destaque nas exportações e tendem a ganhar ainda mais espaço.
- Café do Ceará e Bahia: com cotas maiores e tarifas reduzidas, o grão nordestino deve ampliar presença no mercado europeu.
- Carnes (PE, BA e RN): a pecuária da região pode ampliar vendas diante das novas condições tarifárias.
- Açúcar e etanol (AL, SE e PE): setores tradicionais do Nordeste ganham competitividade frente ao mercado europeu.
- Sucos industrializados (PE e CE): o polo de processamento de frutas pode conquistar novos compradores.
- Linha branca e eletrodomésticos (BA): a indústria de Camaçari, por exemplo, terá espaço para expandir a comercialização.
- Energia renovável (RN, CE e PI): a Noruega, com seu fundo soberano bilionário, pode intensificar investimentos em projetos eólicos e solares no Nordeste.
- Indústria naval (PE e MA): pode se beneficiar de possíveis parcerias com investidores estrangeiros.
- Químicos, máquinas e metalurgia: setores com presença em polos industriais nordestinos ganham mais espaço de comercialização.

Impacto nacional e contexto econômico
O acordo também serve como resposta ao cenário internacional, marcado pelo “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, que aumentou em até 50% as taxas sobre produtos brasileiros, dificultando exportações de café e carne para aquele país.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a medida é considerada estratégica. “Esse acordo traz novas oportunidades para aumentar os investimentos e a presença dos nossos produtos no comércio internacional, sobretudo porque oferece melhores condições de acesso a mercados relevantes e com grande poder de consumo”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI.
Números do acordo
- População do EFTA: 14,3 milhões de habitantes
- PIB conjunto: US$ 1,4 trilhão
- Exportações brasileiras ao EFTA em 2024: US$ 3,1 bilhões
- O bloco já é o segundo maior destino das exportações brasileiras na Europa, atrás apenas da União Europeia.
Nordeste em destaque
Para especialistas, o acordo pode representar uma nova fase de expansão econômica para o Nordeste. Afinal, com sua vocação agrícola, industrial e energética, a região tende a se beneficiar de forma direta, atraindo investimentos externos e consolidando sua posição no comércio internacional.
Portanto, a expectativa é que, com tarifas reduzidas e maior integração entre os blocos, produtores e indústrias nordestinas consigam ampliar competitividade e diversificar mercados, fortalecendo o papel do Nordeste no cenário global.
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