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Editorial

Wagner Moura e a exaltação da democracia no Nordeste

A energia de Salvador parece ser, de fato, o palco ideal para Wagner Moura. Na última segunda-feira (22), durante uma coletiva de imprensa para anunciar a estreia da peça “Um Julgamento – Depois do Inimigo ...
Redação, da Agência NE9
23 de setembro de 2025 - às 07:49
Atualizado 23 de setembro de 2025 - às 07:49
3 min de leitura

A energia de Salvador parece ser, de fato, o palco ideal para Wagner Moura. Na última segunda-feira (22), durante uma coletiva de imprensa para anunciar a estreia da peça “Um Julgamento – Depois do Inimigo do Povo” na capital baiana, o ator e artista foi além dos detalhes do espetáculo. Ele transformou o evento em uma poderosa reflexão sobre democracia, resistência e a importância vital do Nordeste no cenário político nacional.

A fala de Moura não veio do nada. Ela ecoa diretamente das ruas, do calor das manifestações do último domingo (21) contra a PEC da Blindagem, nas quais ele subiu em um trio elétrico ao lado de ninguém menos que Daniela Mercury. Esse contexto imediato dá um peso especial às suas palavras, mostrando um artista profundamente engajado com o momento do país.

Nordeste: O Esteio Democrático

Com a autoridade de quem está lançando um filme (“O Agente Secreto”) ambientado em Recife e uma peça em Salvador, Wagner Moura foi categórico: “O eleitorado nordestino salvou o país”. Essa não é apenas uma opinião solta, mas um reconhecimento de um fenômeno político eleitoral recente. Ele relembrou, com emoção, o episódio dos eleitores que, impedidos de seguir de ônibus pela PRF, desceram e foram a pé votar.

Para Moura, esse ato representa “uma compreensão muito bela da democracia”. Ao mesmo tempo, mostra um contraste gritante com o que ele critica como a autorreferência de certos setores do Congresso. A manifestação do último final de semana seria, assim, a continuação dessa resistência popular.

Salvador: Palco de Afeto e Resistência

A escolha por Salvador para a estreia da peça é, nas palavras do ator, mais do que logística; é uma afirmação de identidade e pertencimento. “Me sinto protegido em estrear aqui, sob a energia e o carinho do povo da Bahia. Meu axé é aqui”, declarou.

Essa conexão vai além do carinho. É uma escolha artística alinhada a uma posição política. Trazer seu trabalho para o Nordeste, uma região que ele enxerga como epicentro da luta democrática, é uma forma de retribuição e de reafirmar seu compromisso com essa narrativa de resistência.

A coletiva de Wagner Moura deixou claro que, para ele, arte e política são indissociáveis. Ao exaltar o Nordeste e escolher Salvador como seu porto seguro criativo, ele promove seu novo trabalho. Contudo, também fortalece um discurso que coloca a região e sua gente no centro da narrativa democrática brasileira. É a celebração de um axé que, segundo o artista, é fundamental para a resistência e a renovação do país.

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