Nas pegas de boi e em missas do vaqueiro, nos sertões da Bahia e de Pernambuco, o fotógrafo Ricardo Prado encontrou as figuras retratadas num ensaio documental com 29 imagens de vaqueiros em suas roupas de couro, ao lado ou sobre seus cavalos, também paramentados. Denominada de Vaqueirama, palavra que significa vaqueiros reunidos, a exposição será aberta no dia 29, às 19h30, na Fundação Pierre Verger Galeria, na Rua da Misericórdia, Centro Histórico. A exposição, que tem apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia, inaugura também um novo projeto da Fundação Pierre Verger, que vai abrir o espaço para trabalhos de fotógrafos baianos.
Na apresentação, o artista plástico e cineasta Chico Liberato afirma que as fotografias de Ricardo Prado iluminam a poderosa representação do vaqueiro encourado, arquétipo do homem nordestino. “Elas conferem grandeza e beleza a essa manifestação que ainda vive e pulsa no sertão de agora. Diante de suas imagens somos invadidos por um sentimento de profunda admiração e nos revelamos a nós mesmos como um povo rico em tradição, atravessando os tempos em constante transformação, mas nos mantendo em essência.”
A relação de Ricardo Prado com o sertão da Bahia vem da infância. Nascido no interior de Minas e criado no interior de São Paulo, veio passar férias com os avós em Nordestina e se encantou com o povo e o lugar. Mora desde a adolescência em Salvador e, numa viagem com a turma da universidade para a comemoração do Centenário de Canudos, em 1997, se embrenhou na Caatinga e de lá tirou as imagens de sua primeira exposição, ainda na faculdade.
As fotos do ensaio são o resultado de 12 viagens a Bom Jesus da Lapa, na Bahia, e a Floresta e Itacuruba, em Pernambuco, desde 2015. São retratos posados e fotos em movimento, durante as disparadas para as pegas de boi. Mas Prado deu preferência aos retratos, por sugestão da curadora da exposição, a fotógrafa Célia Aguiar, justamente para reforçar o foco na figura mítica do vaqueiro. São homens jovens e velhos, herdeiros de uma atividade com suas origens na segunda metade do século XVI, no avanço das boiadas dos colonizadores do litoral para o sertão.
Com quatro livros de fotografia publicados, exposições individuais e coletivas, Ricardo é obstinado na busca por detalhes. “Trabalhei luz e cor para que ficassem em evidência a força e a personalidade destes homens. A interação deles com seus animais faz o conjunto homem/cavalo lembrar um centauro, você não sabe onde começa um e termina o outro”. Uma de suas referências é o “Sertão profundo”, do menestrel Elomar, e isso fica evidente nas imagens dos vaqueiros com suas armaduras em couro, que remetem às de metal dos cavaleiros medievais
Fotógrafos baianos
Segundo o coordenador cultural e responsável pelo acervo fotográfico da Fundação Pierre Verger, Alex Baradel, a exposição inicia um projeto de abrir a pauta da galeria para fotógrafos baianos, já reconhecidos ou ainda com pouca visibilidade, com o objetivo de destacar seus trabalhos nos cenários local e nacional.
A fundação já havia iniciado o movimento de dialogar com fotógrafos locais no Espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana, no forte de Santa Maria. “Agora vamos interagir com estes fotógrafos de maneira contínua, num movimento no sentido de dialogar com a fotografia feita atualmente na Bahia, em exposições na galeria, onde as fotos também poderão ser comercializadas pelo profissional.
Serviço:
Exposição Vaqueirama, do fotógrafo Ricardo Prado.
Onde: Fundação Pierre Verger Galeria, Rua da Misericórdia, 09, loja 1, Centro Histórico.
Quando: abertura no dia 29 de setembro, às 18h30.
Visitação: de segunda sábado, das 9h às 19h.
Redes sociais: @FundacaoPierreVerger