Rico em belezas naturais, o litoral do Nordeste é destino turístico de milhares de pessoas que, todos os anos, escolhem essa região do País por suas belas praias e clima de verão praticamente o ano inteiro. Nesse cenário, uma formação natural encanta por sua imponência e diversidade de tons: as falésias. Para monitorar estes locais e propor medidas de segurança aos turistas que visitam essas formas de relevo, uma parceria entre a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) deu origem ao projeto Falésias.
Com financiamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), o projeto Falésias desenvolveu suas ações de março a novembro de 2021, com o objetivo de elaborar um diagnóstico e apontar ações mitigadoras de riscos nas falésias de Pipa, no município de Tibau do Sul, e Barra de Tabatinga, em Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte. A iniciativa contou com uma equipe de geógrafos, geólogos, engenheiro civil, além de estudantes de graduação, que atuaram na coleta de dados e imagens em alta resolução por meio de tecnologias como drones, radares e scanners. Nesse processo foram consideradas as particularidades geológicas e geomorfológicas, bem como as dinâmicas costeira, territorial, ambiental e cultural.
Alterações
No início deste ano foi divulgado o relatório final do projeto que detectou alterações como fraturas, voçorocas (erosão causada pela chuva), formação de reentrâncias, e cicatrizes de colapso de blocos, representando, assim, um grande risco tanto para pessoas ou veículos que transitem no topo quanto para banhistas que passeiam próximo à base das falésias analisadas.
Além das construções urbanas, outros fatores de impacto são tráfego de veículos, drenagem pluvial inadequada de rodovias e até mesmo consequências diretas do aquecimento global. “Temos um contexto de elevação do nível do mar associado a praias estreitas. Assim, nas marés altas, as ondas incidem diretamente na base das falésias acelerando sua erosão”, acrescenta o Prof. Rubson Pinheiro, do Curso de Geografia da UFC e um dos coordenadores do Projeto Falésias. Segundo o relatório da pesquisa, atualmente 60% da costa norte-riograndense, um total de 245 quilômetros, sofre erosão ou ação de processos erosivos.
Restrições
“De imediato, é preciso estabelecer restrições e disseminar a cultura do risco entre os turistas. Como medida emergencial, estamos orientando a Defesa Civil a colocar placas nos lugares mais críticos, e as Prefeituras, para colocar guardas municipais orientando os turistas”, relata o docente.
Para o pesquisador, a elaboração de políticas públicas de segurança para os turistas nas praias cearenses é indispensável. “Os bugueiros transitam com os turistas na margem da falésia desconsiderando completamente os riscos de colapso de blocos. Não existe nenhuma placa, folder informativo, ou qualquer outra indicação que oriente o turista para sua segurança. É urgente a necessidade de um mapeamento e classificação de riscos associados a essas áreas para, então, definir políticas públicas que regulamentem uma política de segurança para os turistas”, afirma.
Fonte: Do site da UFC