Pesquisadores da UFRN criam cosmético natural que pode revolucionar o mercado

xtrato vegetal de Kalanchoe pinnata
Extrato vegetal de Kalanchoe pinnata foto reprodução

O Nordeste brasileiro consolida-se cada vez mais como um dos principais centros de inovação científica e tecnológica do país. Universidades federais da região vêm se destacando com pesquisas que aliam conhecimento acadêmico, sustentabilidade e impacto direto na vida das pessoas. Um exemplo recente vem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde um grupo de pesquisadores da área farmacêutica desenvolveu uma formulação cosmética natural com ação despigmentante, propriedades hidratantes e antienvelhecimento.

Nova formulação despigmentante, hidratante e antienvelhecimento pode revolucionar o mercado de dermocosméticos no Brasil e no mundo

Além disso, o produto serve para o tratamento de manchas escuras e uniformização da tonalidade da pele, podendo ter utilização tanto na rotina de skincare quanto em procedimentos estéticos e médicos para peles com hiperpigmentação, como melasma ou manchas causadas pelo sol.

Orientador do estudo que resultou na nova tecnologia, Márcio Ferrari explica que a formulação é indicada para uso na rotina de cuidados com a pele de pessoas que apresentam hiperpigmentação cutânea em regiões localizadas. “Entretanto, ela também pode ser incorporada a tratamentos médicos e estéticos, bem como a protocolos que utilizem produtos voltados à uniformização da tonalidade da pele. São amplamente utilizados no tratamento de peles hiperpigmentadas, como no caso do melasma e de manchas causadas pela radiação solar”, destaca o cientista.

Márcio Ferrari foto UFRN divulgação
Márcio Ferrari foto UFRN divulgação

Cosmético natural de alta tecnologia: o poder da Kalanchoe pinnata

Portanto, a base da nova tecnologia é o extrato vegetal da Kalanchoe pinnata — conhecida popularmente como Saião ou Coraima — planta de fácil cultivo, naturalizada no Brasil e presente no bioma da Caatinga. Essa matéria-prima é abundante e possui alto potencial para se tornar insumo-chave na indústria cosmética.

“Além de ser uma formulação eco-friendly, o extrato é obtido de forma sustentável, respeitando o meio ambiente e podendo gerar renda para comunidades locais”, explica o professor Márcio Ferrari, orientador do projeto.

A doutoranda Samara Vitória Ferreira de Araújo, responsável pelo desenvolvimento, destaca que se trata de um produto nanotecnológico, com ação superior aos cosméticos convencionais.

Como funciona a nova fórmula?

A princípio, a inovação atua por diferentes mecanismos que inibem a melanogênese — processo de produção da melanina, o pigmento responsável pela coloração da pele. Isso ocorre por meio de compostos fenólicos e flavonoides presentes no extrato, com ação antioxidante e antitirosinase (capaz de inibir a enzima tirosinase, chave na formação da melanina).

Principais propriedades:

Função Descrição
Despigmentante Reduz manchas escuras e hiperpigmentações como melasma
Hidratante Aumenta a retenção de água na pele
Antienvelhecimento Melhora a maciez, reduz rugosidade e sinais de idade
Natural e sustentável Produzido com extrato vegetal cultivado de forma responsável
Nanotecnologia Entrega eficaz e profunda dos ativos na pele

Aliás, testes clínicos comprovaram a eficácia da fórmula quanto à melhora da hidratação e textura da pele, além da redução de sinais do envelhecimento.

 Da pesquisa à inovação com patente

A pesquisa originou um pedido de patente, que garante a proteção intelectual da tecnologia e abre caminho para a transferência da invenção ao mercado. Agora, a equipe busca empresas interessadas em comercializar o produto, fortalecendo a conexão entre universidade e setor produtivo.

“A patente nos permite atrair parcerias, proteger a criação e gerar impacto social e econômico por meio da ciência”, reforça Samara.

Outros projetos de destaque nas universidades do Nordeste

A pesquisa da UFRN é apenas um entre vários exemplos de inovação gerados por universidades nordestinas que unem ciência, sustentabilidade e impacto social:

  • UFC (CE) – Desenvolvimento de cápsulas de liberação controlada para tratamento de doenças tropicais como leishmaniose.

  • UFPE (PE) – Criação de sensores biodegradáveis para monitoramento de poluição ambiental em tempo real.

  • UFBA (BA) – Estudos avançados sobre neurociência e comportamento com aplicação em transtornos mentais.

  • UFPB (PB) – Plataforma de diagnóstico molecular de doenças virais com foco em arboviroses como dengue e zika.

  • UFAL (AL) – Cosméticos naturais com uso de algas marinhas da costa alagoana para skincare e proteção solar.

 Nordeste na vanguarda da ciência aplicada

Assim, são iniciativas como essa da UFRN, o Nordeste se afirma como território fértil para a ciência aplicada. Desse modo, aproxima a academia das demandas da sociedade e do mercado. Afinal, o protagonismo das universidades da região mostra que inovação de ponta também nasce fora dos grandes centros urbanos do Sudeste, contribuindo para o desenvolvimento econômico, social e sustentável do país.

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