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UFPE desenvolve curativo sustentável à base de cana-de-açúcar

O curativo, feito de biocelulose bacteriana, foi testado em um estudo clínico randomizado com 55 pacientes atendidos no setor de Angiologia e Cirurgia Vascular do Hospital das Clínicas da UFPE.
Redação NE9 Nordeste, da Agência NE9
23 de setembro de 2025 - às 06:40
Atualizado 23 de setembro de 2025 - às 06:40
3 min de leitura

Produto tem potencial uso para recuperação de cirurgias de varizes

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) apresentou uma inovação que pode transformar o tratamento de pacientes submetidos a cirurgias de varizes. Pesquisadores da instituição desenvolveram um curativo biológico sustentável, produzido a partir da fermentação do melaço da cana-de-açúcar, que demonstrou bons resultados no processo de recuperação pós-operatória.

Estudo clínico no Hospital das Clínicas

O curativo, feito de biocelulose bacteriana, foi testado em um estudo clínico randomizado com 55 pacientes atendidos no setor de Angiologia e Cirurgia Vascular do Hospital das Clínicas da UFPE. Os voluntários foram divididos em dois grupos:

  • Experimental: utilizaram o curativo de cana-de-açúcar;
  • Controle: receberam tratamento com fita microporosa sintética.

A avaliação, feita entre o quarto e o sexto dia de pós-operatório, levou em conta dor, coceira e aspecto da ferida. Além disso, Embora a cicatrização tenha ocorrido de forma semelhante nos dois grupos, o curativo sustentável apresentou menos dor na retirada e menor incidência de coceira, aumentando o conforto dos pacientes.

Produto natural e sustentável

Segundo o cirurgião vascular e pesquisador Allan Maia, doutor pelo Programa de Pós-graduação em Cirurgia da UFPE e coautor do estudo, a descoberta tem potencial para revolucionar o tratamento:

“O principal achado foi a redução da dor na remoção dos curativos. Isso diminui um dos fatores de incômodo para pacientes já fragilizados pelo pós-operatório”, destacou.

O insumo é produzido a partir da conversão do melaço da cana em celulose bacteriana, resultando em um biopolímero verde, biocompatível e biodegradável. Além de ser menos agressivo à pele do que materiais sintéticos, o curativo pode ser fabricado em larga escala com baixo custo.

Reconhecimento internacional

O trabalho foi publicado na revista científica Journal of Vascular Surgery: Venous and Lymphatic Disorders (JVS-VL), uma das mais prestigiadas na área, reforçando a relevância da iniciativa brasileira no cenário global da saúde.

Perspectivas para o futuro

A pesquisa da UFPE não apenas apresenta uma alternativa eficiente e acessível para o tratamento de feridas pós-cirúrgicas, mas também se destaca por sua sustentabilidade e potencial de aplicação em outros tipos de procedimentos médicos.

Portanto, com essa inovação, a universidade reafirma o papel do Nordeste como polo de ciência e tecnologia, mostrando que é possível unir inovação, sustentabilidade e saúde pública em benefício da população.

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