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Sisal: riqueza do semiárido nordestino

Cultivado em áreas de clima adverso, o produto garante emprego, renda e sustentabilidade para milhares de famílias que dependem da sua produção e beneficiamento.
Eliseu Lins, da Agência NE9
2 de setembro de 2025 - às 06:57
Atualizado 2 de setembro de 2025 - às 06:57
4 min de leitura

Movimenta a economia e gera oportunidades para toda uma região

O sisal ou agave, uma das fibras vegetais mais resistentes do mundo, é um dos pilares da economia do Nordeste, especialmente no semiárido. Cultivado em áreas de clima adverso, o produto garante emprego, renda e sustentabilidade para milhares de famílias que dependem da sua produção e beneficiamento.

A Bahia lidera com folga a produção nacional, respondendo por 94,5% do cultivo. Mas outros estados como Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte também se destacam, sobretudo na utilização comercial e no artesanato, ampliando a presença da fibra nordestina no mercado interno e externo.

O que é o sisal e para que serve

Originário do México, o sisal é uma planta da família do agave. Sua fibra é utilizada como matéria-prima em diferentes setores industriais e artesanais. Graças à sua resistência e durabilidade, é aplicada em:

  • Produção de cordas, fios e cordéis
  • Revestimentos de pisos e tapetes
  • Indústria automotiva (partes de estofados e acabamentos)
  • Papel moeda e materiais de decoração
  • Artesanato nordestino, incluindo bolsas, luminárias, sousplats e esculturas

Essa versatilidade torna o sisal um produto estratégico tanto para a exportação quanto para o fortalecimento da economia criativa e do turismo regional.

Nordeste: tradição e futuro do sisal

Apesar de a Bahia concentrar quase toda a produção, estados como a Paraíba vêm ampliando sua relevância na exportação e no artesanato. O Ceará e o Rio Grande do Norte, mesmo com participação menor, desenvolvem iniciativas ligadas à sustentabilidade e design de interiores, onde o sisal aparece como tendência de consumo consciente.

De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em 2023 o Brasil exportou sisal para 72 países, com destaque para China, Estados Unidos e Portugal. Isso reforça a competitividade da fibra nordestina no mercado internacional.

Impacto social e econômico

O cultivo do sisal é considerado uma das poucas atividades economicamente viáveis no semiárido nordestino. Além disso, ele garante a permanência das famílias no campo, mesmo em áreas de baixa pluviosidade, fortalecendo a agricultura familiar e evitando a migração em massa para os centros urbanos.

Além disso, o sisal tem papel importante na inclusão produtiva de mulheres e jovens, que atuam principalmente na cadeia do artesanato, agregando valor cultural e artístico ao material.

Assista ao documentário

Sisal no Brasil “Ouro verde , o sisal nosso de cada dia”
IndicadorDetalhes
Maior produtorBahia (94,5% da produção nacional)
Outros estados produtoresParaíba (5,4%), Ceará e Rio Grande do Norte (0,1% juntos)
Área de cultivo na Bahia20 municípios, 21.256,50 km²
Principais destinos das exportações (2023)China (56%), EUA (19,5%), Portugal (6%), México (2%), Canadá (1,9%)
Principais produtos derivadosFibras têxteis, cordéis, cordas, fios, tapetes e revestimentos
Uso culturalArtesanato, design sustentável, decoração e moda

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Perspectivas para o setor

Portanto, com novos mercados em expansão e crescente demanda por produtos sustentáveis, o sisal se fortalece como alternativa econômica estratégica para o Nordeste. Além da exportação, o artesanato e o design de interiores abrem oportunidades de valorização cultural e turística, colocando a fibra como símbolo de resistência e inovação regional.

Afinal, o futuro do sisal no Nordeste depende do fortalecimento da cadeia produtiva, do incentivo à modernização e do estímulo à criatividade no artesanato — elementos que podem consolidar ainda mais o produto como embaixador do semiárido brasileiro no mundo.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.