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Consórcio Nordeste busca candidatura do Forró a Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade na Unesco

Forró de Raiz: Candidatura será formalizada na França em Festival Internacional O ritmo que embala as festas juninas e os salões do Nordeste e de todo o Brasil chega à França para fazer história. De ...
Eliseu Lins, da Agência NE9
11 de setembro de 2025 - às 06:42
Atualizado 11 de setembro de 2025 - às 06:42
5 min de leitura

Forró de Raiz: Candidatura será formalizada na França em Festival Internacional

O ritmo que embala as festas juninas e os salões do Nordeste e de todo o Brasil chega à França para fazer história. De 11 a 14 de setembro, a cidade de Lille recebe mais de 60 artistas brasileiros para o 1º Festival Internacional do Forró de Raiz.

Em paralelo a celebração, o evento será o palco da formalização da candidatura do Forró como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

A princípio, o Forró surgiu em 1930 consolidado pelos instrumentos sanfona, zabumba e triângulo. Além disso, desde seus primeiros registros, o ritmo alegre remete à festa popular, dando sentido a um tipo específico de música, que pode ser cantada ou apenas instrumental.

A partir da década de 50, com Luiz Gonzaga, o Forró deslanchou e, ao longo dos anos, gerou outras raízes musicais, como o Arrasta pé; Xote; Baião; Xaxado; Coco; Embolada; Marcha (muito utilizado em quadrilhas juninas); Maracatu; Forró Eletrônico, o Pé de Serra; o Universitário. entre outros.

Com as migrações nordestinas nas décadas de 1960 e 1970, o forró se espalhou pelo Brasil, evoluindo e incorporando novos instrumentos, mas sempre mantendo sua essência. Em 2021, após uma luta de anos encabeçada pelo Fórum Forró de Raiz – que reuniu assinaturas de 423 forrozeiros de todo o país –, o forró foi finalmente reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN.

Encontros diplomáticos pelo forró

O governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, também estará na França para participar da assinatura do protocolo de intenções da candidatura, que irá acontecer na cerimônia de abertura do evento, nesta quinta-feira (11), às 19h no horário da França, 14h no horário do Brasil.

“O forró é a alma do nosso povo nordestino, um símbolo de identidade, de diversidade e de alegria. A formalização da candidatura do forró a Patrimônio Cultural da Unesco é um passo fundamental para que o mundo reconheça a grandeza dessa expressão cultural que nasceu no Nordeste e hoje embala corações no Brasil inteiro. Em Sergipe, temos orgulho de manter viva essa tradição, fortalecida pelo nosso Arraiá do Povo e Segundona do Turista que valorizam artistas, movimentam a economia e reafirma nossas raízes. O reconhecimento internacional será também um presente para todos os sergipanos e nordestinos que fazem do forró parte da sua vida”, ressalta Fábio Mitidieri.

Além da reunião com a Unesco, o grupo também se encontrou com o embaixador do Brasil na França, em mais uma articulação diplomática para dar visibilidade à candidatura.

Forró: patrimônio do Nordeste e do Brasil

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, que participou ativamente de todo o processo de reconhecimento do gênero no Brasil, estará em Lille e reforça a importância da missão. “O forró é mais do que música e dança: é a alma do povo nordestino. Levar nossos artistas para a França, num festival que celebra a raiz dessa tradição, é reafirmar a força da nossa cultura e dar um passo importante para que o forró conquiste o reconhecimento mundial que merece. O Rio Grande do Norte tem orgulho de estar presente nessa luta coletiva em defesa da nossa identidade e da nossa história”, afirma a governadora.

Por que o forró deve ser Patrimônio da Humanidade?

MotivoExplicação
Identidade culturalO forró é um dos maiores símbolos da cultura nordestina, presente em festas juninas, vaquejadas e celebrações populares.
Difusão internacionalCada vez mais presente em festivais na Europa e em outros continentes, o ritmo extrapola fronteiras e conquista novos públicos.
Valorização dos artistasO reconhecimento amplia o espaço para músicos, compositores e dançarinos da cena regional e nacional.
Proteção do patrimônioO título da Unesco garante políticas de preservação e incentiva ações de salvaguarda.
Fomento ao turismo culturalO forró fortalece o turismo no Nordeste, atraindo visitantes interessados em vivenciar essa experiência autêntica.

LEIA MAIS – Renda Irlandesa de Sergipe: Patrimônio Cultural do Brasil está ganhando o mundo

Importância para o Nordeste

A ´participação dos estados do Nordeste no festival é resultado de uma ampla rede de cooperação entre instituições brasileiras e francesas: como parceiros brasileiros, o Instituto Guimarães Rosa, a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, programa de fomento do Ministério da Cultura – Governo Federal e a Associação Cultural Balaio Nordeste.

O Consórcio Nordeste, composto pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) – Governo da Bahia, pela Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) – Governo de Pernambuco, pela Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap) – Governo de Sergipe, pela Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas (Secult-AL) – Governo de Alagoas, pela Fundação José Augusto (FJA) – Governo do Rio Grande do Norte, pela Secretaria de Estado da Cultura do Piauí (Secult-PI) – Governo do Piauí, pela Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma) – Governo do Maranhão e pela Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba (Secult-PB).

Portanto a expectativa é que o reconhecimento pela Unesco coloque o forró definitivamente entre os grandes patrimônios culturais do mundo, consolidando o gênero como um emblema da música e da resistência nordestina.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.