Transição Energetica tem que considerar os direitos dos setores mais vulneráveis
A palestra teve como principal público-alvo a iniciativa privada cearense, reconhecida por sua capacidade de investir, inovar e pesquisar para desenvolver uma matriz energética de emissão zero. Rárissom Sampaio, advogado e mestrando em Ciências Jurídicas, atuou como mediador e explicou que uma transição energética justa deve incluir todas as comunidades, evitando consequências como a pobreza energética, que pode excluir pessoas do processo de mudança.
Painelistas e Suas Contribuições
O primeiro painelista, Hugo Figueiredo, presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), ressaltou a capacidade do Ceará de produzir Hidrogênio Verde a custos reduzidos, utilizando energia eólica, solar e reúso de água. Ele destacou o potencial de exportação para a Europa e Ásia e afirmou que o Pecém está se preparando para essa nova realidade com mais de 35 memorandos de entendimento assinados com empresas internacionais.
Em seguida, o engenheiro Jurandir Picanço, consultor de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e ex-presidente da Agência Reguladora do Ceará (ARCE), explicou que a transição energética envolve a substituição de combustíveis fósseis por eletricidade gerada a partir de fontes renováveis. Ele mencionou o Hidrogênio Verde como uma alternativa crucial para setores industriais que não podem ser totalmente eletrificados. Picanço também alertou sobre a necessidade de estudos ambientais detalhados para garantir que os projetos não causem desmatamento, apesar dos benefícios econômicos e ambientais.
Gianpaola Ciniglio, representante da Fortescue, empresa australiana com operações no Ceará, compartilhou a trajetória e estratégias da empresa, focando no licenciamento ambiental e nas diretrizes de ESG para assegurar um processo justo e sustentável na transição energética.
LEIA TAMBÉM:
– Estado do Nordeste cresce 24% e lidera produção industrial no Brasil
– Conheça 11 cidades de frio do Nordeste
– Saída do El Niño e vinda de La Niña remexerá clima do Nordeste
O engenheiro ambiental Ulisses Oliveira, técnico da Superintendência Estadual do Meio Ambiente e Fiscal Ambiental, foi o último a falar. Ele expressou preocupação com os desafios do licenciamento ambiental, citando a infraestrutura inadequada como um obstáculo para a implementação de veículos elétricos na frota de ônibus de Fortaleza. Oliveira destacou que, embora as energias renováveis tenham benefícios, elas também geram passivos ambientais que precisam ser cuidadosamente avaliados.
Conclusão
O Seminário “Ceará pelo Clima” evidenciou a importância de uma transição energética que não apenas promove a sustentabilidade, mas também assegura a inclusão social e a proteção dos direitos fundamentais. Com a participação de líderes e especialistas, o evento destacou o papel do Ceará na produção de energia verde e os passos necessários para uma transição energética justa e eficaz.