O Rio Grande do Norte, estado líder na geração de energia eólica e um dos protagonistas no avanço da energia solar no Brasil e no Nordeste, acaba de dar mais um passo importante no fortalecimento da matriz energética renovável. A transição energética no país depende de estudos que busquem entender, prever e mitigar os impactos das mudanças climáticas sobre a produção de energia limpa — especialmente diante de fenômenos extremos que desafiam a estabilidade dos sistemas.
Com esse objetivo, o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e a multinacional TotalEnergies inauguraram nesta segunda-feira (14), em Natal (RN), uma usina fotovoltaica piloto voltada exclusivamente para pesquisas sobre os efeitos de eventos extremos, como a irradiância solar elevada, que tem gerado impactos consideráveis na geração de energia em todo o país.
Estrutura de ponta para um desafio real
A planta experimental recebeu investimentos de R$ 5,4 milhões, conta com o trabalho de 17 pesquisadores e é financiada por meio da cláusula de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A usina possui uma capacidade instalada de 200 kWp e deve entrar em operação no segundo semestre de 2025.
Instalada em uma área de 4,4 mil metros quadrados, a unidade reúne 380 módulos solares de diferentes tecnologias, que irão fornecer dados essenciais sobre a chamada “irradiância extrema” — condição na qual a intensidade da luz solar ultrapassa os limites suportados pelos equipamentos, levando à formação de pontos quentes (hot spots) que podem danificar os módulos e comprometer a produção energética.
Pesquisas essenciais para a confiabilidade do setor solar

“Com a irradiância acima da média, os painéis podem superaquecer, queimando ou apresentando falhas. Isso compromete a eficiência do sistema e a vida útil dos equipamentos”, destaca Antonio Medeiros, coordenador de P&D do ISI-ER.
A pesquisadora Samira Azevedo, líder do Laboratório de Energia Solar do ISI-ER e coordenadora do projeto, explica que a usina está configurada para oferecer respostas sobre a frequência, época do ano e consequências desse tipo de fenômeno climático.
“O monitoramento contínuo e detalhado dos dados vai permitir aprimorar estratégias de operação e manutenção dos sistemas fotovoltaicos. Essa planta se transforma em um verdadeiro laboratório a céu aberto, voltado à otimização da geração solar no Brasil”, reforça Samira.
Pioneirismo potiguar
Desde 2018, o SENAI realiza estudos no estado que indicam a ocorrência de sobreirradiância, mas esta é a primeira vez que o Rio Grande do Norte passa a contar com uma estrutura dedicada exclusivamente à pesquisa aplicada sobre o tema.
O avanço é mais uma prova do protagonismo potiguar no desenvolvimento de tecnologias voltadas à energia limpa, consolidando o RN como referência nacional e internacional na transição energética sustentável.
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