Dado consta em relatório publicado por XP e Convocados, que traz um raio-x do futebol brasileiro em 2021; documento disponibiliza informações inéditos sobre as finanças dos clubes, características dos torcedores e o mercado consumidor de futebol no Brasil
A receita de clubes da série A do futebol brasileiro cresceu apenas 1% nos últimos 3 anos. Esse é um entre milhares de outros dados que constam em relatório inédito elaborado pela XP, pioneira no Brasil na assessoria financeira para clubes de futebol se tornarem empresas (SAFs), e a consultoria Convocados, especializada na cobertura da indústria do futebol. Lançado nesta terça-feira, o Relatório Convocados XP: Finanças, História e Mercado do Futebol Brasileiro traz um raio-x das finanças dos clubes, características dos torcedores e o mercado consumidor, com dados inéditos sobre o momento de transformação pela qual o esporte passa no país e os impactos da pandemia.
“O relatório traz, entre outras informações, um diagnóstico das finanças dos principais clubes do país. Apesar de recente, esperamos que a Lei da SAFs melhore o panorama geral consideravelmente já num curto espaço de tempo, com mais clubes aderindo ao modelo de negócios com investidores privados. Não tenho dúvida de que teremos clubes ainda mais fortes, com maior capacidade de investimento e torcedores cada vez mais engajados com seus times”, diz Guilherme Ávila, sócio e responsável por Esportes no Banco de Investimento da XP.
O Relatório Convocados mostra que as receitas totais da Série A fecharam a temporada em R$6,6 bi, crescimento de 1% em relação a 2019, último ano antes da pandemia. Sob a ótica das receitas recorrentes – que excluem as negociações de atletas – a principal divisão do futebol brasileiro fez R$5,8 bilhões em receitas, crescimento de 8,7% sobre 2019. O valor, apesar de ser um sinal positivo por indicar crescimento, também é um alerta aos clubes: as receitas com negociação de atletas estão mudando e cada vez menos serão a tábua de salvação para aqueles em dificuldades.
“O ano de 2021 no futebol brasileiro foi marcado pela confirmação de que a pirâmide competitiva mudou. A ideia de que temos 12 clubes grandes e prontos a competir pelo título ficou para trás. Números e desempenho não deixam dúvidas. No ano passado tivemos Botafogo, Cruzeiro e Vasco disputando a Série B. Ao final da temporada vimos apenas um deles retornar, mas também a queda de Bahia, Grêmio e Sport Recife. Méritos dos que permaneceram e alerta de que não basta mais a história. É fundamental ser eficiente hoje”, afirma César Grafietti, sócio do Convocados.
Ao final de 2021, 672 clubes disputam alguma divisão profissional, crescimento de 17% sobre 2020 e 5% sobre 2019. Com a possibilidade da SAF, a tendência indicada pelo Relatório é a chegada aos campos de novos clubes, sem dívidas, e com visão de negócios.
Paixão nacional
O torcedor brasileiro segue apaixonado por futebol: 75% das pessoas têm no futebol seu esporte favorito. E o Brasileirão segue sendo a competição mais amada, sendo preferida por 60% dos torcedores. Libertadores (com 58%) e Copa do Brasil (57%) também são objetos de interesse.
Fontes de receita
Os Direitos de Transmissão seguem como carro-chefe das receitas dos clubes, com 53% do total. Os dados de 2021, no entanto, refletem receitas com comportamento errático por conta da ausência de público nos estádios e da postergação das competições. Ainda sobre Transmissão, 34% dos torcedores assinaram algum serviço de streaming para acompanhar esportes em 2021, reforçando a tese de que é mais uma fonte potencial de receitas para os clubes.
As receitas com Publicidade e Marketing atingiram 16% do total, passando de 1,4% do investimento publicitário no Brasil em 2020 para 2% em 2021. “Quando o trabalho é bem-feito, o futebol atrai o parceiro certo e pode impulsionar negócios. No ano passado, 72% dos torcedores disseram conhecer os patrocinadores da camisa dos seus clubes. Entretanto, fica claro que a lembrança é maior quanto menos patrocinadores, o que é algo para os clubes terem em mente na hora de trabalharem suas marcas”, aponta Grafietti.
Já as receitas com Negociação de Atletas representaram 18% do total. Esta linha já foi mais relevante no passado e vem perdendo espaço porque os clubes europeus estão mudando a forma de operar, contratando atletas mais jovens, em formação, e investindo menos. A receita total com negociações de atletas, que foi de 293 milhões de euros em 2019, caiu para 183 milhões de euros em 2021 – uma queda de 37,5%. A depreciação do real frente ao euro no período, porém, atenuou essa redução (de R$ 1,48 bilhão para R$ 1,15 bi).
Dívidas
Sem crescimento de receitas, os clubes precisam controlar custos. E a remuneração segue abaixo dos 60% das receitas, o que indica que clubes estão gastando com outras atividades.
Em 2021 os clubes da Série A, adicionais dos maiores devedores da Série B, deviam R$ 9,2 bilhões – valor ligeiramente superior aos R$ 9,1 bilhões de 2020. Em um cenário de receitas estagnadas, 60% dos clubes analisados levariam mais de 7 anos para pagar suas dívidas caso alocassem 20% das receitas para pagá-las.
O Relatório Convocados XP: Finanças, História e Mercado do Futebol Brasileiro pode ser acessado neste link: conteudos.xpi.com.br/relatorio-futebol-2022.
FONTE: Assessoria