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Petrobras retoma indústria naval na Bahia com investimento bilionário

As novas embarcações, do tipo ORSV (Oil Spill Response Vessel), são especializadas no controle de vazamentos em alto-mar e serão operadas pela CMM Offshore Brasil para a Petrobras.
Eliseu Lins, da Agência NE9
10 de outubro de 2025 - às 06:38
Atualizado 10 de outubro de 2025 - às 06:38
3 min de leitura

A Petrobras anunciou a retomada dos investimentos na indústria naval baiana, com a construção de seis embarcações de apoio offshore no Estaleiro Enseada, localizado em Maragogipe, no Recôncavo Baiano, a cerca de 130 km de Salvador. O investimento total é estimado em R$ 2,58 bilhões, com previsão de 5,4 mil empregos diretos e indiretos ao longo dos quatro anos de construção.

O anúncio foi feito nesta quinta-feira (9) com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do governador Jerônimo Rodrigues, da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e de ministros. Lula destacou que a medida representa a reconstrução da indústria naval brasileira, após anos de paralisação:

“Estamos recuperando uma das indústrias que mais geram empregos e inovação no país”, afirmou o presidente.

Rio de Janeiro – Edifício sede da Petrobras no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Embarcações modernas e sustentáveis

As novas embarcações, do tipo ORSV (Oil Spill Response Vessel), são especializadas no controle de vazamentos em alto-mar e serão operadas pela CMM Offshore Brasil para a Petrobras. Cada navio contará com sistema de propulsão híbrida, combinando motores elétricos, baterias e geradores a diesel e biodiesel — com possibilidade de conversão futura para etanol —, o que reduzirá em até 25% as emissões de CO₂.

Segundo Magda Chambriard, o projeto faz parte do plano de renovação da frota da estatal, que já contratou 44 das 48 embarcações previstas para construção em estaleiros brasileiros. A nova fase deve mobilizar 44 mil empregos e R$ 23 bilhões em investimentos no país.

Expansão do setor naval e geração de empregos

Durante o evento, o Ministério de Portos e Aeroportos também anunciou R$ 611,7 milhões para a construção de 80 novas embarcações, sendo R$ 550,5 milhões do Fundo da Marinha Mercante (FMM). O programa prevê 2 mil empregos diretos e visa fortalecer a navegação e o transporte aquaviário nacional.

“Aqui, no Estaleiro Enseada, renascem quase 7 mil empregos diretos de qualidade. É desenvolvimento local com mão de obra baiana”, destacou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Retomada das fábricas de fertilizantes

Além da indústria naval, a Petrobras também confirmou a retomada das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia e Sergipe (Fafen-BA e Fafen-SE), que voltarão a operar em janeiro de 2026, com investimento de R$ 38 milhões em cada unidade e geração de 750 empregos diretos por planta.

As fábricas produzirão amônia, ureia perolada e ARLA-32, e, junto à Araucária Nitrogenados (PR), responderão por 20% da produção nacional de fertilizantes — percentual que poderá chegar a 35% com a nova unidade em construção no Mato Grosso.

Parceria com o Governo da Bahia

A Petrobras e o governo estadual também assinaram um protocolo de intenções para reativar o canteiro de São Roque do Paraguaçu, que servirá ao acostamento e descomissionamento de plataformas de petróleo e poderá ser usado como apoio à construção da Ponte Salvador-Itaparica.

Resumo do investimento da Petrobras na Bahia

ProjetoLocalInvestimentoEmpregos geradosPrazo
Construção de 6 embarcações ORSVMaragogipe (Estaleiro Enseada)R$ 2,58 bilhões5,4 mil4 anos
Retomada das Fafen-BACandeias (BA)R$ 38 milhões750Início em jan/2026
Expansão naval via FMMNacionalR$ 611,7 milhões2 milEm andamento

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.