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Pesquisa revela que empreendedores com mais de 40 anos têm mais chance de sucesso

É comum associar negócios de sucesso a empreendedores que começaram bem jovens. É só pensar em exemplos famosos como Mark Zuckerberg, dono do Facebook, ou então no Elon Musk, CEO da Tesla. Apesar desse senso comum de que começar cedo é sinal de êxito, na prática essa não tem sido a realidade. Negócios fundados por pessoas acima dos 40 anos são os mais bem sucedidos, de acordo com uma pesquisa do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).

Além disso, dados do Sebrae divulgados em 2021 mostram que a idade média do empreendedor brasileiro é 45 anos. Mas então de onde veio essa ideia de que começar cedo é a fórmula ideal? A consultora organizacional e professora da FGV, Caroline Marcon, explica: “Foi criado um mito em torno dos super empreendedores, tais como Steve Jobs e Bill Gates, que construíram fortunas bem antes dos 30 anos”.

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“E hoje em dia esta história se repete com fundadores de startups que se tornam jovens bilionários, mas estes perfis são exceções, a regra é bem diferente. Profissionais mais maduros são donos de boa parte das micro, pequenas e médias empresas que movimentam parcela significativa da economia”, diz Caroline.

A professora destaca que o resultado da pesquisa do MIT é importante justamente para “encorajar profissionais mais maduros a abrir negócios próprios. A pesquisa revela algumas vantagens que esses empreendedores têm, como acesso a crédito, uma vez que estatisticamente são melhores pagadores, maior habilidade de gestão de colaboradores, parceiros e clientes, e rede de contatos mais sólida”.

Dona do restaurante Sabores da Tia Noca, de comidas típicas do Recôncavo, Noêmia Olga decidiu abrir o negócio quando se aposentou, aos 65 anos. “Eu trabalhei 40 anos no Sebrae e queria matar a vontade de ser empreendedora que eu tinha dentro de mim. Eu aproveitei aquilo que eu ensinava lá que era desenvolver os pequenos negócios e resolvi sentir na pele o que aqueles empresários sentiam”, conta Noêmia.

“Eu sou guerreira”

O restaurante fica no Cabula e mesmo com a pandemia não parou de funcionar. “Fiquei no delivery, eu sou guerreira”. Hoje, aos 72 anos, a cozinheira acredita que ter mais tempo de experiência foi fundamental para ter mais tranquilidade na hora de liderar um negócio. Ela sinaliza que sempre é tempo de inovar e investir no que faz bem: “Quem tira a gente do mundo é a doença. A vida não para, acho que você não pode se aposentar e não ter o que fazer”, diz a empresária

“A aposentadoria para mim é pagar o que eu já fiz lá atrás, mas para frente eu tenho que continuar”, afirma. E para quem está nessa fase de se aposentar e pensa em abrir e investir em uma empresa, a dica de Noêmia é a de não deixar a bola cair. “Se tem alguma coisa dentro de si, aflore e faça valer porque eu fiz e está dando certo”, fala.

Uma empresa que surgiu de uma paixão descoberta após os 40 anos foi o Garimpo do Baú, negócio criado por Betânia Lima em 2010, aos 52 anos: “Eu fiquei matutando o que eu ia fazer, estava com vontade de produzir e resolvi montar um brechó. Mas meses depois eu fui apresentada a uma máquina de bordar doméstica e eu fiquei fascinada, nunca tinha visto e comprei ela com a cara e a coragem, até porque não tinha técnicas de empreendedora ainda”, lembra Betânia.

Com 12 anos de funcionamento, a empresa tem uma ampla atuação em bordados, atendendo fardamentos de empresas e peças personalizadas, como lembrancinhas de casamento ou roupas próprias. “Sempre vai surgir algo que a pessoa vai se encantar, faça essa pergunta para você mesmo e analise o que gosta de fazer. Tem que ser atrevida e usar os conhecimentos aprendidos, mas se profissionalizar mais e estudar para ser a melhor no que se propôs”, defende a empresária.

Betânia já tinha começado a empreender antes, com 41 anos, mas diz que foi da segunda vez que se sentiu mais segura: “A maturidade traz coragem e nessa minha faixa etária, quando a gente faz algo, tem uma visão muito mais à frente. Isso nos permite dar um passo de cada vez, sabendo quando é necessário parar e recuar, sem termos nenhum constrangimento”, conta.

Mercado de trabalho

Betânia ainda levanta a questão da diferença entre reentrar no mercado de trabalho e empreender nessa idade. “No meu caso, eu não me enxergava com 52 anos dentro de uma empresa sendo comandada por um chefe e de certa forma sofrendo alguns preconceitos e desrespeitos. Então para mim empreender foi uma libertação”, afirma.

A professora da FGV, Caroline Marcon, destaca justamente que o mercado de trabalho dá preferência aos profissionais jovens na maior parte das vezes. “Acreditam que os jovens têm mais energia, mais tempo para se dedicar ao trabalho e também por estarem longe da aposentadoria. Assim, um profissional na faixa dos 45 anos tende a encontrar oportunidades mais restritas no mercado de trabalho formal, e empreender passa a ser uma necessidade em alguns casos”, explica.

Para a professora, é muito importante que essas pessoas que desejem empreender tenham em mente quais são os diferenciais do seu negócio. “Primeiro é fazer um bom plano de negócios, além de ser importante ter flexibilidade e mentalidade de aprendiz. Se possível, opte por um ramo de negócios pelo qual seja apaixonado, pois será mais fácil encantar o cliente e ter a resiliência necessária para ir em frente”.

Conselheiro da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Bahia (ABRH-BA), Sérgio Silveira concorda que há certas vantagens para quem deseja empreender mais velho: “O mercado é muito amplo para que se determine um tipo de empreendedor que fará sucesso. Com a maturidade adquirida após os 40 anos, é possível fazer também uma escolha mais madura, esse empreendedor compreende que seu negócio precisa ser assertivo”, explica.

Ouça a voz da experiência

Em relação ao mercado de trabalho, Sérgio reforça que “fechar as oportunidades de trabalho para profissionais mais experientes é um grande engano. Perde-se a oportunidade de contar com pessoas mais resilientes, com senso de responsabilidade mais apurado, e com capacidade de manter-se por mais tempo neste lugar, considerando que outra característica das gerações mais jovens é a busca por novas experiências”.

E para que as empresas valorizem mais o fator multigeracional, o conselheiro enfatiza: “Quanto mais humanizado o ambiente for, promovendo espaços de interação e troca entre gerações, muito maior será a probabilidade de sucesso do negócio. Criar espaços onde as experiências sejam valorizadas faz parte do rol de ações que o setor de RH pode desenvolver nas organizações”, diz Sérgio.

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