A realidade de escassez de água é um grande desafio para os agricultores e comunidades rurais da região do semiárido. Para minimizar os problemas causados pela falta de água nestas localidades, o Governo do Estado, por intermédio da Secretaria da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento do Semiárido (Seafds) e Projeto Cooperar/PB Rural Sustentável, tem investido fortemente na zona rural, garantindo a permanência do homem no campo e a inclusão social e produtiva de milhares de agricultores familiares.
A ação é destaque na região do Cariri, onde foram implantadas 23 cisternas nos Sítios Rancharia, Picos, Limitão e Catolé, do município de Monteiro. Essas cisternas beneficiam 23 famílias, totalizando 115 pessoas. Outras comunidades na região também estão sendo assistidas. A cisterna de placa é uma alternativa tecnológica que se adequa perfeitamente a essa realidade pois, sendo semienterrada, proporciona água com temperatura agradável e redução de evaporação. Além de ser prática e segura, é um equipamento ecologicamente correto por utilizar o aproveitamento da água da chuva, captada dos telhados.
A exemplo do Cariri, todas as regiões do Estado da Paraíba têm sido contempladas com as ações do PB Rural Sustentável, com subprojetos de acesso à água, melhorias pontuais de acesso rural – passagem molhada e implementação de Alianças Produtivas. O objetivo do programa é apoiar entidades associativas rurais, beneficiando diretamente 44.600 famílias. Conta ainda com a participação dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS), instituições parceiras como a Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer) e prestadores de serviços especializados.
Para o agricultor Antônio Francisco Matos, de 70 anos de idade, a cisterna edificada no Sítio Rancharia, de sua propriedade, é muito mais que uma obra de engenharia. “Ela representa saúde e sossego, porque não preciso tomar mais água contaminada de barreiros e nem andar dois ou três quilômetros para ir buscar água no lombo do jumentinho. Aqui no meu sítio tive que cortar com a chibanca troncos de árvores como: nim, baraúna e aroeira, para aumentar a área para plantar, e todo esse esforço foi em vão, perdemos quase tudo que plantamos porque o inverno foi irregular”, afirmou.
O filho de seu Antônio, Agnaldo da Silva Matos (43), fala com entusiasmo e não se cansa de agradecer ao governador João Azevêdo, ao coordenador geral do Projeto Cooperar, Omar Gama e à equipe do programa PB Rural Sustentável, pela construção da cisterna no sítio de seu pai. “Só o fato de hoje tomar água da cisterna é uma graça de Deus. Não usávamos mais a água do nosso barreiro para beber e aguar o roçado porque só tinha lama no fundo e, por conta disso, tínhamos que comprar carros-pipas sem ter a menor condição financeira. Com a falta da chuva a nossa lavoura – milho, feijão e hortaliças – ficou toda perdida”, relatou Agnaldo.
O senhor Irineu Firmino dos Santos (69) é casado com dona Creuza Azevedo, há mais de 30 anos. Eles também residem nas imediações do Sítio Rancharia. Contam que para juntar um pouco de água para beber e dar para a criação cavaram um barreiro com as próprias mãos, mas a água que armazenava só durava alguns dias porque a chuva era pouca. E, na maioria das vezes, tinham que percorrer quilômetros para conseguir água para beber, “mas hoje eu e minha velha temos água boa para beber praticamente dentro de casa, e ainda sobra para os animais e as plantações”.
Alexsandro Acyole e Valéria Galdino têm uma filha de seis anos, Sabrina Vitória. Eles moram no Sítio Lagoa da Pedra, e agradecem a iniciativa do Governo do Estado em beneficiar o homem do campo com políticas públicas permanentes. “A água que bebíamos antes não era de boa qualidade. Agora, depois do presente que ganhamos de Deus e do governador João Azevêdo, melhorou bastante as nossas vidas. Não vamos mais deixar nossos filhos na casa de ninguém para irmos buscar água em outras localidades, e eles nunca mais ficaram doentes porque temos água que cai do céu na nossa cisterna pertinho de casa”, disseram.
Para a presidente da Associação dos Produtores Rurais de Picos, Limitão, Catolé e Picos/Samambaia, Hélia Cristina, todos esses benefícios se resumem em gratidão. “A situação da nossa região era água transportada em carroça de jumento quando se achava, e as vezes nos chafarizes que dependem do vento, e hoje a gente ter um depósito (cisterna) pertinho de casa é motivo de gratidão. O governo tem feito isso com muito cuidado e respeito para dar dignidade aos agricultores, e eu me sinto muito gratificada e não tem outra palavra que não seja gratidão”, ressaltou Hélia.
Na opinião da coordenadora de Salvaguardas Socioambientais do Projeto Cooperar, Carolina Queiroz, depois da implantação das cisternas, famílias beneficiadas melhoram suas condições de vida, facilitando o acesso à água para consumo humano e evitando que “desperdicem grande parte do dia em longas caminhadas em busca de água ou acessem água de baixa qualidade, contribuindo também com a redução considerável de doenças causadas pela contaminação da água”.
Eliezia Paulino, extensionista rural da Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), instituição parceira do Cooperar, ressaltou que as cisternas trouxeram a certeza do quanto o acesso à água é importante para a vida das famílias rurais, que iam buscar água a quilômetros de casa, no sol escaldante do semiárido. “Hoje tem água de qualidade ao lado de sua residência, e outros ainda que precisavam comprar água a um custo elevado, atualmente têm condições de armazenamento de água da chuva. Fica a certeza de que o trabalho do Cooperar e da Empaer junto a essas famílias é primordial nesse tempo de estiagem”, disse.